quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Voar e ser luz...

- Ah Bianca vem pra cá. Sente esse vento, veja essa avenida iluminada!
Luiza estava sentada na janela do seu quarto, morava no quarto andar de um prédio da Av. Paulista, e se maravilhava ao ver as luzes daquela altura, ainda mais a noite, um brilho magnifico. Bianca era sua melhor amiga, estava sentada na poltrona de Luiza, tinha uma revista na mão mas não se importava com o que estava escrito, prestava atenção apenas na amiga.
- Você é louca, sabe que é perigoso. E se você se desequilibrar?
- É mesmo Bia, e se eu cair?
- Cala a boca Luiza, você não vai cair, entendeu? Não vai?
- Nossa Bia, mas agora mesmo era você que estava falando que eu podia me desequilibrar.
- Ah Luiza, você me tira do sério.
- Bia, imagina como deve ser? Você sentir o vento tocando todas as partes do seu corpo, toda a musculatura se relaxando, os passaros voando ao seu lado. A sensação de liberdade deve ser imensa. Voar do quarto andar!
- Acordaaaa! Não temos asas.
- Quem disse que preciso delas?
Luiza fez um movimento rápido, e colocou os pés na janela. Agora não estava mais sentada balançando as pernas do lado de fora. Ela apoiava com uma mão no trilho da cortina que estava do lado de dentro e outra em um ganho ao lado de fora, onde deveria estar pendurada a rede de segurança, que ela havia removido há alguns instantes, para tomar um vento e ver melhor as luzes.
Bianca começou a ficar nervosa, não queria ver a amiga desequilibrando e caindo do quarto andar. Não queria perder a melhor amiga, e sabia que uma queda do quarto andar era morte.
- Bia, as luzes são lindas, venha ver, para de ser boba. Azul, verde, amarelo, vermelho. Vermelho como sangue.
Essa ultima observação não foi muito bem aceita por Bianca, que fez cara de nojo e revirou os olhos.
- Eu já vi essas luzes Luiza, se você não se lembra eu moro no prédio da frente. Agora desce daí e vamos as compras.
- Compras? Vou comprar o que? Meus pais não vão passar o natal comigo Bia, lembra que eles sofreram um acidente de carro e morreram mês passado?
- Eu lembro - respondeu a outra, com uma voz baixa, e como se pedisse desculpas. - Mas faça compras pra você.
- Bia, eu queria comprar a paz, a liberdade, queria comprar algo que preenchesse esse vazio do meu peito. Quem sabe comprar a vida dos meus pais de volta? Ou se não comprar um caminho para me juntar a eles.
- Cala a boca Luiza! Você sabe que só tem um caminho, e é mor... - Bia não conseguiu terminar a palavra, mas a amiga se adiantou.
- Morrendo! Sim Bia, morrendo! Mas que besteira a minha, não preciso comprar a morte, é só eu soltar as mãos aqui e pronto, morri! - Quando terminou a frase, ela soltou a mão do gancho ao lado de fora, e começou a tremer as pernas, como se perdesse o equilibrio. Bia ficou apavorada e começou a gritar.
- Calma sua escandalosa, eu só estava brincando, estou aqui, inteira e viva. Mas seria maginfico me juntar a essas luzes, a esse vento.
- Vou embora Luiza, você está me assustando.
Luiza abriu um pequeno sorriso, desceu da janela e deu um forte abraço na amiga, pedindo desculpas por assusta-la. Depois levou-a até a porta do apartamento, se despediu calorosamente, dizendo o quanto Bia era importante na vida dela, e deu um embrulho dourado com um cartão como presente de natal para ela.
Bia desceu o elevador rindo. Ria da amiga louca que tinha, ria do susto que levou achando que ela ia mesmo se jogar da janela, ria de tudo. Saiu do prédio e atravessou a rua, ia feliz pra sua casa, até ouvir a voz de Luiza.
- Hei Bia! Aqui em cima.
Maluca. Pensou Bia, aquela maluca estava de novo em pé na janela. Bia pulou, acenou, gritou para ela sair de lá. Mas o barulho da avenida era maior que o de sua voz, e então ela ouviu.
- Bia, voar como os passáros, ser luz!
E então, em segundos o corpo de Luiza estava voando ao chão, os ossos quebrados, o sangue vermelho, vermelho como as luzes de natal da Paulista!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Em casa...

Faz muito tempo que não uso meu blog como um diário, para desabafos, para homenagens às pessoas. Mas hoje é um dia diferente. Essa terça-feira 21 foi praticamente uma sexta-feira 13 na minha vida! Não, eu não vi um lobisomem, ou fui atacada por vampiros, ou coisas maléficas assim.
Primeiro, a madrugada foi muito quente, os pernilongos me devoravam, e eu sonhei que tinha brigado com o meu "affair" (se você quiser, pode chamar de namorado, todo mundo denomina nosso relacionamento como namoro, mas ele não o faz, então, é melhor eu também não denominar assim).
Depois, acordei tarde, e tinha um bilhete da minha mãe descrevendo as tarefas domésticas do dia. Um calor insuportável e eu limpando a casa, lavando quintal, lavando as louças. E o panetone que comi no café da manhã não foi muito bem aceito pelo estômago.
Enfim, meio do dia, o meu "affair" entra no MSN, e o sonho torna-se realidade, a gente briga! Isso é constante, as vezes até demais. Sei que não sou uma pessoa muito fácil de lhe dar, sou exigente, talvez complexa. O problema pode ser que eu realmente sei o que eu quero, e nem sempre vou encontrar pessoas dispostas a isso.
Detesto brigas assim, porque eu fico irritadamente irritada pelo resto do dia, fico seca e fria, não quero mais saber de conversas, e tudo me estressa.
Pra melhorar quebrei um copo, fui ler um livro que me indicaram e odiei ele, o filme da sessão da tarde me deu tédio! E depois de tudo isso, briguei outra vez com a mesma pessoa.
Sim, eu tenho uma facilidade incrivel pra iniciar discussões, mas não para termina-las.
E eu não sei o que vem acontecendo comigo, mas desde que eu voltei pra Americana, a minha paciência tem diminuido.
Com isso, eu percebi que talvez as pessoas tenham razão, que quando você sai de casa, mora sem os pais em outra cidade, aquela nova casa poderá ser chamada de LAR. Porque é pra lá que eu tenho vontade de correr, de se trancar no meu quarto e chorar, e depois ir pedir um ombro das minhas irmãs de república. A minha mãe não entenderia a minha briga, os meus sentimentos, e sei que elas entenderiam.
E tudo isso me deixou com saudades DE CASA, fez um buraco no peito e ficou vazio. Por um momento foi quase possível sentir o cheiro de lá, o ar puro da cidade não desenvolvida, as gargalhadas da Lah, a serenidade da Dri, as loucuras da Débora, o companheirismo do Guto.
Só que depois de todas essas lembranças e saudades de Assis, eu me surpreendi com amigos americanenses. Nessa terça com aspecto de sexta-feira 13, eu praticamente ganhei o perdão de um amigo, eu ganhei um abraço que me reconfortou de tudo, que me refez. Eu gargalhei como uma criança, eu brinquei como tal. Eu me senti em casa.
Por fim, percebi que não são as paredes e o telhado que fazem o meu LAR, e sim as pessoas que estão a minha volta. E onde eu tiver pessoas que me façam sorrir e que me dê um abraço amigo, que enxugue as minhas lágrimas e me perdoe, eu vou me sentir em casa.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Melhores amigas

Meu nariz não estava mais acostumado ao ar poluído de Americana e queimava, minhas pernas chacoalhavam freneticamente com a impaciência em esperar um ônibus, e o frio arrepiava os pelos do meu braço. Fazia tempo que eu não visitava Americana e mais tempo ainda que eu não pegava um circular naquela cidade.
Já era noite, a rua estava totalmente vazia e, para ajudar, o poste que era responsável por iluminar o ponto de ônibus estava apagado.
Meus olhos percorriam toda a extensão da rua, meu pescoço virava-se rapidamente de um lado ao outro, minhas mãos percorriam meus braços afim de esquenta-los, e as pernas continuavam a chacoalhar no seu ritmo frenético. Então, eu avistei um vulto que virava a esquina e vinha em direção ao ponto do ônibus. Isso me trouxe paz, que até as pernas se aquietaram. Eu detestava ficar sozinha.
O vulto foi se aproximando e trazendo mais paz, porque era alguém conhecido, ou pelo menos eu achava que conhecia. A luz do poste foi acendendo, e fracamente iluminou o vulto, os cabelos longos e escuros eram bagunçados pelo vento, e aqueles olhos castanhos por debaixo do óculos eram familiares.
O vulto transformou-se em pessoa, chegou finalmente ao ponto do ônibus e sentou-se ao meu lado. Por um momento pensei que eu estava confundindo a pessoa com alguém, porque ela mal olhou para mim, não deu um sorriso e nem acenou. Então comecei a olhar atentamente, a estatura era a mesma, o jeito de sentar, as roupas com o mesmo estilo de antes, ela não havia mudado em nada, e eu também não, pelo menos acreditava que não, por isso era difícil acreditar que não havia me reconhecido.
Neste momento olhei para o poste, e pensei que o motivo poderia ser a pouca luz, e veio a ideia de conversar com ela, assim ela reconheceria. Limpei a garganta, passei a língua pelos lábios, e disse:
- Olá!
Demorou para perceber que eu estava falando com ela, olhou para os lados, admirou a fraca luz do poste, e então respondeu.
- Ah, olá. Me desculpe, não notei que falava comigo.
Eu abri um sorriso, era muito bom ouvir aquela voz amiga, que tantas vezes tinha me consolado, me feito rir, me dito palavras de carinho e de amor.
- Como você está? - tentei prosseguir a conversa
- Estou bem, obrigada.
A conversa foi interrompida por ela, não quis prosseguir, não perguntou como eu estava. Talvez ela não estivesse muito bem, não quisesse conversar. Virei meu rosto para o outro lado da rua, vendo se meu ônibus não vinha, e decidi esquecer a presença dela, que se antes me trouxe paz, agora aumentava o frio.
Mas, ela pareceu notar a tristeza fixando-se em minha face, e continuou a conversa:
- E você, como está?
- Bem. - Se ela sabia ser fria, eu também sabia, e parei nisso.
Minhas pernas voltaram a se mexer num ritmo descompassado e rápido, minhas mãos estavam inquietas procurando aquecer meus braços, e minha cabeça percorria toda a extensão da rua, com a esperança de que meus olhos vissem o ônibus.
Ficamos em silêncio, cada uma com sua reação corporal, com sua respiração calma, sem olhar diretamente uma para a outra. E passado alguns minutos, meus olhos avistaram o ônibus que eu precisava pegar.
Levantei-me, e dei sinal para o ônibus. Olhei pela ultima vez para ela e disse:
- Passar bem!
Ela levantou os olhos e me encarou:
- Me desculpe, mas quem é você?
A sensação era como se alguém tivesse socado meu estômago, um calor tomou conta do meu rosto e lágrimas escorreram da minha face. Ela realmente não se lembrava de mim. Antes que eu pudesse refrescar-lhe a memória o ônibus estava parado, esperando o meu embarque, e antes que eu entrasse respondi:
- Você costumava me chamar de melhor amiga.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Resenha: Um apagão na humanidade.

NETO, Mariana Asbahr¹

PAIVA, Marcelo Rubens. Blecaute. São Paulo: Mandarim, 1997.


Marcelo Rubens Paiva, jornalista, romancista e dramaturgo, surgiu como um grande ícone da literatura nacional no ano de 1982, com a publicação do seu primeiro romance, o livro autobiográfico Feliz Ano Velho, best-seller da época e com o qual ganhou o prêmio Jabuti . Escreveu mais sete romances e atualmente dedica-se ao teatro.

Blecaute é o segundo livro do autor, publicado em 1986, e considerado um romance apocalíptico. A história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista Rindu, que, perturbado por todos os acontecimentos de sua vida e questionando a sua existência, conta, desde o princípio, os fatos que ocorreram para gerar tais sentimentos. E, certas vezes, tem alguns flashbacks de sua infância ou juventude, que explicam melhor os fatos atuais, a sua maneira de agir e relacionar-se.

O tema central da obra, ao contrário do que se imagina quando o título é lido, não é a falta de energia elétrica, e sim o fim do mundo, um “apagão” na humanidade. Outros assuntos também são abordados, como a necessidade de comunicação, de relacionamentos afetivos e sexuais, de ocupação mental e de convívio social.

A narrativa conta a história de Rindu e seus amigos, Mário e Martina, que após uma palestra de Espeleologia, a ciência que estuda as cavernas, decidem montar um grupo para realizar estudos sobre o assunto, e, em um feriado prolongado, resolvem colocar os estudos em prática e vão para Betari, uma região cheia de cavernas no Vale do Ribeira. Enquanto cochilavam dentro de uma das cavernas, o nível da água do riacho que por lá passava subiu, deixando-os presos por aproximadamente três dias. Quando, finalmente, saem da caverna, encontram a cidade totalmente diferente: os carros parados no meio das estradas e acostamentos, as pessoas imóveis, duras, como se estivessem cobertas por uma camada de plástico, era o fim do mundo. Os únicos sobreviventes são eles e os animais.

E com isso, os três amigos começam a tentar descobrir o que aconteceu e a sobreviver em um mundo onde não tem mais obrigações, convívios sociais e ocupações.

Isso, a principio, é visto como benéfico, pois eles têm total liberdade, porém, com o passar dos meses, a rotina, o tédio e a necessidade de uma vida social começam afetar o humor e a mente deles, causando os desentendimentos e até os a ruptura dos laços afetivos.

Os relatos são divididos em seis capítulos, o primeiro, denominado “Principio”, introduz o leitor na história, contando como começou o estudo da Espeleologia, e a descoberta do “fim do mundo” quando saíram da caverna. Os quatro capítulos seguintes recebem os nomes das estações do ano, começando pelo Outono, seguido de Inverno, Primavera e Verão, que dão ao leitor a percepção do tempo decorrido na história, que é de um ano, e onde são colocados os acontecimentos e as dificuldades da vida dos três amigos, perante um mundo “plastificado”. E por fim, o ultimo capítulo é nomeado “Uma distante estação”, onde o narrador conta como está sua vida e o que resta do mundo, passado muitos anos desde o dia em que saíram da caverna. Essa denominação mostra, também, a inexistência de noção de tempo do protagonista por causa da solidão e da falta de necessidade de contar tal tempo, já que ele não denomina quantos meses ou anos passaram-se ou qual a estação que se encontra, apenas diz que está em uma estação distante.

O número de páginas dos capítulos é totalmente variável, tendo entre 12 e 54 páginas; porém o texto é bem disposto na página, o tamanho da fonte e o espaçamento entre linhas favorecem a leitura, principalmente o maior espaçamento entre as linhas nas quais o narrador muda totalmente o foco da narração.

A mudança do foco narrativo é uma característica presente do começo ao final do livro. Rindu deixa várias lacunas em suas narrações, normalmente não dá seguimento às narrativas das discussões entre os três amigos, e frequentemente acelera a narração, parando-a em um ponto e retomando-a após acontecimentos futuros. Essas lacunas permitem ao leitor uma maior interatividade com o texto, a ponto de poder tirar suas próprias conclusões, de imaginar e exercitar a sua capacidade de interpretação do que pode ter acontecido durante as horas que não são narradas, ou, até mesmo, demonstra a falta de atividades e de movimentação de uma vida a três, sem obrigações e deveres, já que o mundo está parado.

A linguagem utilizada também permite uma maior proximidade do leitor com o narrador, uma vez que este usa uma linguagem coloquial, com expressões da oralidade e gírias, e faz a narrativa parecer um verdadeiro diálogo com quem está a ler. Outra particularidade da linguagem é o constante emprego de “palavrões”, que são muito bem empregados para expressar a raiva e o transtorno mental dos personagens frente às dificuldades que encontram, o que não torna a linguagem pobre ou desvaloriza o livro.

Blecaute se aproxima por completo do mundo dos jovens, o que é um ponto favorável, já que os incentiva a leitura. Consegue provocar no leitor uma reflexão sobre a vida, a valorização do ser humano e do convívio social, sem discursos moralistas ou ideológicos. E mostra, assim como Machado de Assis em sua obra Dom Casmurro, que um livro não precisa ter todos os mistérios solucionados e um final feliz para ser um bom livro.


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1-Estudante do primeiro ano do curso de Letras da UNESP, campus de Assis – São Paulo

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Inúteis

Toda noite os caminhões de lixo deixavam a cidade e dirigiam-se à um aterro distante e isolado. O percurso demorava cerca de uma hora, os motoristas iam atentos na estrada, um acidente poderia causar uma sujeira enorme.
Aproximadamente onze caminhões deixavam a cidade naquele dia, carregavam lixo de todo tipo: orgânico, reciclável, entulhos. Todas as coisas inúteis tinham o aterro como destino.
Dentro de uma das carrocerias, alguns lixos conversavam entre si, para passar o tempo da viagem:
- Nunca pensei que iria parar aqui!
- Eu também não - respondeu outro lixo
- Estamos em muitos aqui dentro? - perguntou uma voz ao fundo
- Não sei, está escuro, não enxergo muito bem - respondeu outro ao longe
- Faz assim, cada um fala seu nome, e contamos em quanto estamos.
- Luíz
- João
- Pedro
- Diná
- Joaquim
- Ramon
- Joana
- Mais alguém? - perguntou João, que tinha iniciado a conversa.
O silêncio se instalou no ambiente, se ouvia apenas os sons dos motores e do atrito dos pneus com o asfalto.
- Então, somos sete. - Concluiu João.
- Não, somos oito - disse uma voz infantil - Gabriel! Me chamo Gabriel!
- Quantos anos você tem menino? Não é muito novo para ser descartado assim? - Indagou Joana
- Tenho oito anos dona. Mas eu era um peso pra minha mãe, então ela me descartou. Alguém pode falar pra onde a gente vai?
Silêncio outra vez.
Todos que lá estavam, menos o garoto, sabiam que não iam à lugar algum, que se tivessem sorte conseguiriam continuar vivos. Mas assim era o programa do governo para acabar com os moradores de rua, os doentes, as pessoas invalidas e inúteis à sociedade.
Ninguém teve coragem de explicar isso para Gabriel.
Os caminhões estacionaram, os lixos se retiraram ou foram retirados. Esteiras rolavam por todos os lados, martelos, pregos, lâminas, fogo, areias e pedras.
Os homens guiavam os lixos para uma sala fechada, a cena lembrava os filmes nazista que mostravam os judeus indo para as câmeras de gás, porém, era 2056, mais de 100 anos pós segunda-guerra. E agora essa prática era bem-vista por todos os países, era considerada uma prática para garantir a sustentabilidade e o nível de vida da população.
Gabriel não entendia de política, não conhecia o nazismo, não sabia de quase nada. Seus oito anos de vida não lhe proporcionaram muito conhecimento. A única coisa que ele sabia, era que naquele momento a sua cabeça começara a doer, a vista embaçava, não conseguia respirar, parecia que alguém apertava seus pulmões e tirava a força de suas pernas.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Viagem

A rodovia era iluminada apenas pelo farol do ônibus e dos poucos carros que por ela transitavam. Já era noite, uma garoa fina molhava a pista, grande parte dos passageiros dormiam, e a viagem seguia.
Um carro escuro seguia o ônibus. É normal carros fazerem a mesma rota. Só que este começou a acelerar, se emparelhou ao ônibus, e abaixou o vidro:
- Conduz pro lado, conduz pro lado, lá pro caminho de terra no meio da cana. - Disse uma voz masculina de dentro do carro.
As mãos do motorista tremiam no volante, suava frio, o coração acelerou e seus olhos marejaram de lágrimas. Levava com ele quarenta passageiros. Se fosse pro caminho de terra, essas quarenta pessoas teriam seus bens furtados, porém, se não conduzisse, levaria um tiro na cabeça e perderia o controle do ônibus, e as pessoas perderiam a vida.
Oscilava entre um pensamento e outro, evitava olhar para o lado de fora, para não tremer ainda mais vendo a arma apontada em sua direção.
Alguns dos passageiros acordaram com a voz que ameaçava o motorista, e nos seus bancos temiam, temiam por perder seus bens, temiam por perder suas vidas. Temiam calados.
E então, um farol veio de encontro ao ônibus e ao carro dos bandidos, um farol alto de um carro que zigue-zagueava, de um carro que vinha na contra mão. A velocidade era muito alta, em segundos o carro se aproximou e não deu tempo para que nenhum motorista desviasse do choque.
Na hora que ia chocar-se, o carro jogou para a esquerda, atingindo o carro dos ladrões em cheio, sem esperança alguma de ter restado vida a alguém.
Suspiros aliviados eram ouvidos dentro do ônibus, por mais que a desgraça do lado de fora havia sido enorme, a vida dos quarenta passageiros estava salva. Os corpos relaxavam nos bancos, as mãos do motorista paravam de tremer e seu coração tentava voltar ao ritmo normal.
A rodovia voltara a ser iluminada apenas pelo farol do ônibus e dos poucos carros que por ela transitavam, com exceção das luzes do carro da polícia e das ambulâncias que ficavam para traz, até não serem mais notadas. Já era noite, uma garoa fina molhava a pista, grande parte dos passageiros dormiam, e a viagem seguia.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Poeira

- Corre! Corre! Corre! Os hômi, os hômi! Vamo mano, corre!
Pernas apressadas corriam, pisavam fortemente na terra dura, pernas de todos os tamanhos, de várias cores, pés descalços que movimentavam a poeira. Pé ante pé, pé ante pé, rápidos, velozes!
No meio de tanta correria alguns tropeços, alguns tombos, pés passavam por cima daqueles que não tinham pernas para correr. Necessidade de sobrevivência!
- Mano cadê o Marquinhos?
- Não sei, se dane, corre cara, corre!
- O Marquinhos caiu! Levanta Marquinhos, corre mano, corre! Os hômi vai te pega!
Marquinhos não levantou, Marquinhos não correu, Marquinhos nem se quer ouviu.
Os pés passaram apressados. Passaram! Deixaram pra traz o silêncio. Somente o soprar do vento fazia barulho agora. A poeira levantada pelos pés apressados agora baixava, devagar bailava pelo ar até tocar o chão, e então fazer companhia silenciosamente ao silêncio eterno de Marquinhos.
Os hômi não chegaram. Os hômi não pegaram Marquinhos. Marquinhos virou poeira.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Bieber no lugar da Xuxa


Enquanto eu esperava (im)pacientemente o médico, uma avó tentava cuidar de suas duas netas, uma de aproximadamente um ano e a outra um pouco mais velha. A mais velha era um encanto de menina, loirinha de olhos azuis, falava muito e até bem pra sua idade. E dentre as tentativas de fazer as meninas ficarem quietas, a avó propôs dela cantar, e então a garotinha soltou a voz:
- Baby, baby, baby uuuuuh!
Segurei para não rir, ela cantava Justin Bieber com a voz quase idêntica a dele.
Como eu desconfiava! Ele surgiu para tomar o lugar da Xuxa junto dos baixinhos! Ela que não se cuide não.
Aquele cabelo dele nunca me enganou! ;P

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Eu te amo...

Ele segurou o rosto dela entre as mãos, olhou atentamente aqueles olhos castanhos, que ao encontrar os olhos dele, brilhavam com intensidade, brilhavam de uma maneira que nenhum outro olhar brilhou ao vê-lo. Pensou por um instante nas palavras que estavam na mente, respirou fundo e decidiu que era a hora de dize-las. Abriu a boca lentamente e quase como um sussurro disse:
- Eu te amo!
Houve ainda tempo de ver o brilho nos olhos dela aumentar e um breve sorriso aparecer em sua face pálida. E então, o momento foi quebrado com o barulho agudo do aparelho que media os batimentos cardíacos dela. Ou, que na verdade, anunciava a falta de batimentos. E, entre lágrimas, as próximas palavras dele foram:
- Enfermeira, ela está morrendo!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Um celular começou tocar, a mulher sentada ao meu lado abriu a bolsa e começou a procurar o aparelho dentro dela, tirou então um pequeno telefone móvel e levou-o até a orelha. Atendeu normalmente, com uma expressão alegre. Aos poucos seu corpo foi ficando tenso, a expressão do rosto mudou de feliz e calma, para apavorada, preocupada, brava e raivosa, era um misto de expressões desagradáveis e a voz rouca.

Era possível, do meu assento, ouvir que do outro lado do aparelho uma voz despejava informações em uma velocidade assustadora, aparentemente uma voz feminina, que gritava e choramingava ao mesmo tempo.

A mulher respirou fundo, fechou os olhos, respirou novamente e tornou a abri-los. E decidiu jogar o problema para outra pessoa.

- Liga para o seu pai! – e a pessoa do outro lado continuou a despejar informações, reclamações e choros – Eu já disse, liga para o seu pai. Acabei de entrar no ônibus, to indo pra casa, liga para o seu pai que ele resolve – mas a voz insistia em querer que ela resolvesse – Tudo bem, então eu ligo para o seu pai e mando ele ligar aí.

Antes que continuasse o despejo de palavras, ela desligou seu celular. Começou a bater o pé apressadamente no assoalho do ônibus e movimentou os dedos rapidamente pelas teclas de seu aparelho, e então uma voz masculina surgiu do outro lado.

- Álvaro liga em casa agora, é urgente, tem um problema lá. – e aparentemente o homem queria saber qual era o problema – eu to no ônibus Álvaro, liga lá agora. AGORA! É urgente! Liga lá.

Ela desligou novamente o seu aparelho e começou a tamborilar seus dedos da mão sobre ele enquanto agitava freneticamente o pé. Alguns minutos passados, ela começou a digitar outro número.

- Depois a gente conversa Welington, chama a Daiane. Cadê a Daiane? Welington?

O pânico tomou conta de sua expressão, senti até pena dela, uma vontade de oferecer um ombro amigo, embora nem conhecesse a mulher. Na verdade, era mais curiosidade em saber o que se passava, do que pena.

No decorrer do tempo que ela ainda permaneceu sentada ao meu lado, olhava o relógio várias e várias vezes e tentava fazer ligações, porém sem sucesso. Percebi que uma lágrima começou a querer escorrer de seus olhos, e ela enxugou-a com a manga da blusa antes que caísse pela face.

Desceu do ônibus alguns minutos depois, apressadamente, desesperadamente.

Passei o resto da noite com a imagem daquela mulher na cabeça e a curiosidade que me consumia.

No dia seguinte abri o jornal, e uma notícia trágica estampava uma das páginas:

BRIGA ENTRE IRMÃOS ACABA EM MORTE

No corpo da matéria contava como o adolescente Welington havia matado a irmã Daiane com socos e pontapés depois de iniciarem uma briga em casa, enquanto seus pais, Marlene e Álvaro, trabalhavam.

Fechei o jornal. Preferia ter ficado com a curiosidade.

sábado, 26 de junho de 2010

Apito do trem

Acordo com o apito do trem. Ele apita, passa, solta fumaça, faz barulho nos trilhos. Ele leva embora o meu sono e traz a tristeza. É a sétima madrugada consecutiva que eu acordo com o trem e depois não consigo mais dormir. Olho o meu quarto, tudo tão diferente, talvez até pequeno. A única coisa familiar no meu próprio quarto são as fotos penduradas em um mural na parede, e através dos poucos raios de sol que entram pela janela, eu começo a distinguir as silhuetas e afeições das pessoas nas fotos, e todas elas sorriem. Não sei se sorriem para mim, de mim ou se minha cabeça as faz sorrir.

O trem para de apitar, o barulho sumiu, mas não a minha tristeza.

Piso no chão frio e abro a porta do quarto, encaro cores e formas diferentes. Há uma semana eu abria a porta do meu quarto aos domingos e via mamãe na cama dela lendo jornal, ou conversando com papai, ou mesmo a cama vazia, mas eu sabia que eles estavam lá, ou no máximo estavam na feira e voltariam. Eu ouvia a televisão ligada a voz insuportável do Galvão Bueno falando do Rubens Barrichelo, e sentia o cheirinho do macarrão da minha mãe ou até mesmo do meu irmão.

Nesse momento a televisão está desligada, na minha frente tem uma geladeira, uma mesa e um armário, a cozinha não cheira macarrão, não há nada no fogão, se eu quiser comer, eu vou ter que cozinhar.

Outro trem apita, demora pra passar, vai passando e apitando, faz barulho de atrito entre metais e solta fumaça. E passa!

Volto para cama, deito a cabeça no travesseiro e deixo as lágrimas molharem minha face. Para onde vai o trem? Será que passa perto de casa? Ou vai além? Talvez eu pudesse ir com ele, ver mamãe e papai, abraçar os amigos, me declarar para o amor. Talvez eu pudesse pelo menos ir para um lugar conhecido ou ele poderia levar a minha tristeza, só que o trem já se foi.

Abraço meu travesseiro contra o peito, puxo o cobertor e fico lembrando dos sons da minha casa, do cheiro da minha casa, dos meus domingos em família ou assistindo jogo do Timão com o meu irmão. Adormeço.

E o trem passa! O trem apita, solta fumaça! Faz barulho, range ferro. E me acorda.

Esse é o som da minha casa agora, essas são as cores e os cheiros dos meus domingos.

Embalada pelo apito do trem eu começo o meu domingo, sem ninguém.

domingo, 2 de maio de 2010


A cada partida o corpo vai deixando um pedaço da alma
Até não ter mais alma para partir
ou partir apenas o corpo sem alma
Ou perder-se no meio do caminho
sem alma, sem alguém, sem amar
Partir, ficar, perder-se
Nunca mais completar-se
Despedir-se, chorar, sorrir
Nunca mais ficar
Com corpo sem alma, com a alma do corpo
E continuar a partir...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Spray de pimenta neles!

Hoje o texto não é literário, nada de historinhas, de contos de fadas ou de reflexões, é apenas um tremendo desabafo contra o “mau uso da autoridade”, e se é que pode se chamar aquilo de autoridade!

Na noite de quinta para sexta-feira eu demorei pra dormir porque a garganta e o nariz queimavam, eu tossia muito, e não era alergia, gripe, dengue nem H1N1, era resultado do spray de pimenta usado por aqueles que “fazem cumprir a lei”.

Eu não roubei, não assassinei, não fiz uma revolução, não trafiquei nem desacatei ninguém, eu simplesmente fui em uma festa de republica nessa cidade onde eu vou morar temporariamente (4 anos) chamada Assis.

Para quem não conhece a bela cidade de Assis ela fica na divisa entre São Paulo e Paraná, tem menos de 100 mil habitantes, praticamente todas as ruas dão em uma mesma avenida, não tem industrias, nada das grandes redes de fast-food, não tem shopping ou cinema, ou seja, quase nenhuma opção para se divertir. Acontece que uma boa parte da população é jovem devido a universidade estadual que fica na cidade.

E onde então os jovens vão pra se divertir, relaxar, acabar com o stress? Onde vão extravasar tudo? Onde vão poder liberar toda sua energia?

É para isso, meu caro amigo, que existem as festas de republicas!

Claro que os vizinhos amam as festas, adoram os estudantes que moram nessas republicas e quase nem se sentem incomodados com a algazarra (pura ironia!). Eu confesso que não gostaria de ser vizinha de republicas que fazem superfestas.

Mas o problema é que nem todos os vizinhos são filhos de juizes! Não entendeu? Então vamos explicar.

Normalmente os que “fazem cumprir a lei” aparecem nas festas, fazem todo o povo que fica na rua entrar na republica e curtir a festa lá dentro, e pegam seu carro e vão embora, aparecem depois de meia ou uma hora para colocar mais jovens para dentro, e assim jovens e “autoridades” ficam felizes, menos os vizinhos, é claro.

Porém na festa de quinta-feira terror geral. Tradicionalíssima festa do trocado! Aquele monte de homem de saia, vestido e shortinho (com um super frio!) e quatro carros de autoridades na rua, simplesmente acabando com a festa. Entraram na republica e não deixaram mais ninguém entrar. Ninguém falava se ia ou não rolar a festa, o que fez os jovens ficarem pela rua mesmo, cantando, dançando, bagunçando, admirando as mais novas “mulheres” e os mais novos “homens” da universidade.

Isso tudo acontecia porque o vizinho era filho de um juiz, então nesse caso ele tem prioridade, ele consegue cancelar a festa. E as autoridades não sabem simplesmente dialogar com os jovens e partem para a pura ignorância: SPRAY DE PIMENTA NELES!

De repente todo mundo começou tossir, o nariz arder. Coisa estranha, muito estranha! Mas Assis é a cidade de coisas estranhas, então, atravessamos a rua. Uns minutinhos depois um dos carros das “autoridades” se aproxima, e começa a tosse, a garganta arder, e um daqueles que “fazem cumprir a lei” vira de lado e é possível observar o spray na mão dele!

Tudo bem cancelar a festa (é, não tão bem assim!), mas spray de pimenta aqui não!

E o jeito foi ir embora, com nariz ardendo, com tosse, e com uma vontade enorme de pegar o filho do juiz e enfiar o spray no rabo dele!

quarta-feira, 31 de março de 2010

Parabéns MELHOR IRMÃO!





Nos dias de comemorações de aniversários sempre se ouve a mesma ladainha de felicidade e anos de vida, dificilmente alguém tem uma super criatividade de mudar a frase, alguns por preguiça, outros por falta de criatividade e tem aqueles que simplesmente não conseguem se expressar.
Hoje o MELHOR IRMÃO do mundo completa seus 23 aninhos e 12 meses! E sim, ele é o MELHOR IRMÃO DO MUNDO! Não é porque ele é o meu irmão, já que eu conheço muitas pessoas
por aí que não consideram seus irmãos como os melhores do mundo, mas ele é o melhor por tudo o que ele faz.
Se fosse em alguns aniversários anteriores, quando ele completava 14, 15 ou 16 anos, eu não faria um POST desse, não teria tantos motivos para denomina-lo assim, porém hoje eu tenho muitos e variados motivos pra celebrar essa data, pra faze-lo feliz nesse dia especial.
Antes havia as brigas, chutes, pontapés, ofensas, eu não era capaz de imaginar que um dia as coisas seriam diferente, que não haveria mais agressões, que nos entenderíamos melhor, eu nunca imaginei que meu irmão ia celebrar as minhas conquistas da maneira que o fez e muito menos que ele faria de tudo pra ajudar a realizar o meu sonho. Nem todos os irmãos são capazes disso! Mas o MEU é.
Começou uma fase difícil esse ano, que é ficar longe dele e da família, não é nada legal não ter a presença dele pra eu contar as novidades pessoalmente, pra ganhar abraço, até mesmo pra ser atormentada. Antes que adoraria ficar longe dele, hoje ele me faz uma falta enorme.
Então, nesse dia a comemoração não é apenas dele, mas minha também. Comemoro mais um ano de vida daquele que me ajudou a crescer, que auxiliou na minha formação, que me fez chorar e sorrir, que acreditou e acredita na minha capacidade.
Espero que tenha muitos anos de vida, porque ele é uma parte de mim, sem a qual não teria muita graça viver, sem a qual eu sentiria uma falta enorme. Eu desejo felicidades, não porque isso é de praxe em aniversários, mas porque é muito bom ver ele sorrindo, fazendo suas piadas e brincadeiras, e a felicidade dele contagia a todos ao redor. Eu desejo sucesso, porque com ele certamente virá a felicidade, e ele merece sucesso, merece brilhar, ele luta por isso! Eu desejo tudo o que tiver de melhor nesse mundo, porque o MELHOR IRMÃO merece todas as coisas boas possíveis.
Agradeço, eternamente, por ter nascido nessa família e por ter esse irmão!





Thiago, obrigada sempre e por tudo! Você merece muito mais que um simples post, e do que essas simples palavras, mas isso é apenas uma forma de demonstrar o meu amor por voce! Eu te amo irmão!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Ideias impostas...

Um garotinho descendente de chineses pergunta para a mãe:
- Mamãe, se Deus é nossa imagem e semelhança, então Ele tem olhinhos puxados ?
A mãe, sem saber como explicar, responde:
- Sim meu filho

Uma garota alemã, olhos azuis e cabelo loiro pergunta para a mãe:
- Mamãe, se Deus é nossa imagem e semelhança, então Ele é loiro de olho claro?
A mãe, achando mais facil concordar, responde:
- Sim minha filha

Na África um garoto pergunta à mãe:
- Mamãe, se Deus é nossa imagem e semelhança, então Ele é negro?
A mãe, para não confundir a criança, responde:
- Sim meu filho

Em uma aldeia uma índia pergunta para a mãe:
- Mamãe, se Deus é nossa imagem e semelhança, Deus é "vermelho"?
A mãe, sem saber direito, responde:
- Sim filha

Um garoto obeso pergunta para a mãe:
- Mamãe, se Deus é nossa imagem e semelhança, Ele é gordo?
A mãe, para consolar o filho, responde:
- Claro meu filho.

Caminhando pelo parque da cidade, um garoto olha para o céu e admira o colorido arco-íris, pensa um pouco, e pergunta para a mãe:
- Mãe, existe um Deus para cada tipo de pessoa?
A mãe não entende a pergunta:
- Como assim filho? Deus é um só.
- Mas mãe - continua o filho - Deus é a imagem e semelhança de cada um de nós, então como Deus é loiro, negro, japonês, gordo, magro, alto e baixo se ele é um só?
A mãe nunca tinha parado para analisar isso, era algo que sempre disseram-lhe e ela acreditava, ela nunca tinha parado para indagar o que exatamente significaria "imagem e semelhança" para as religiões, nunca tinha se quer reparado que nem todos os alemães são loiros de olhos azuis e nem todos os africanos são negros. Isso eram coisas impostas que nunca tinham passado por reflexão. Ela apenas apertou a mão do filho e disse:
- Deus é um só e todo colorido, de todas as formas, do jeito que você acabou de imaginar mesmo.
Afinal, nem ela mesma sabia o que pensar daquilo tudo, e pensar para que, se todos viveram muito tempo apenas aceitando?








quinta-feira, 11 de março de 2010

Adaptar-se

Sempre imaginei, durante as aulas de ciências, como era possivel os seres se adaptarem a um ambiente que não era deles. Adaptação me parecia algo dificil, complicado, que presicava de muito tempo e até esforço, e hoje eu sinto-me adaptada a uma vida nova, excluindo da minha mente todos os pensamentos negativos referente a isso.
Me adaptei porque assim era necessário, vi que era impossivel querer ficar em um lugar ainda pensando e querendo viver como se estivesse no outro, não tinha como levar a minha vida igual no passado, agora eu sou relativamente independente e sózinha, ou me adapto, ou eu não sobrevivo.
Sobrevivência é o que todo o ser vivo quer, por isso então que as espécies podiam e conseguiam adaptar-se, por isso que eu adaptei-me. Claro que com esforço, e muito.
É totalmente estranho abrir os olhos quando acorda, olhar para as paredes do comodo que agora é seu quarto e totalmente diferente daquele que eu tinha em casa, olhar para os rostos das pessoas que convivem comigo e não ver lá a minha mãe, meu pai, meu irmão; sair com os amigos, que da noite pro dia viraram amigos, porque também precisavam de adaptação, e não poder ver os amigos antigos.
As pessoas, mesmo que estranhas, fazem a rotina aqui tornar-se normal. Um grupo de adolescentes ou até mesmo adultos, deslocados, fora de seus habitats naturais, precisando de apoio. E então, no medo da solidão, no medo do novo, tudo o que ia ficar só, ficou junto. E assim começa uma vida paralela a vida que levei até os 17 anos, é como nascer e enfrentar todos os obstaculos da vida novamente, porém sem a base familiar tão próxima quanto antes.
Adaptar-se é preciso!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Despedida

É o segundo texto do meu blog intitulado "DESPEDIDA". E eu, como grande parte das pessoas, não gosto de despedidas de forma alguma.
Essa despedida é diferente de qualquer outra que já ocorreu em minha vida, já que em nenhuma delas eu me distanciei dessa forma de toda a minha família e os meus amigos.
Não tenho muito pra falar, as palavras até se perdem nessa mistura de sentimentos que eu me encontro hoje, e eu sou péssima em expressar com palavras sentimentos confusos.
Já me despedi de cada amigo, de cada familiar, de todas as pessoas importantes em minha vida. Eu vou embora não com dor, não com o pensamento de que deixo tudo pra trás, e sim com o pensamento de que vou seguir em frente, agregar novos conhecimentos e fazer novas amizades, ACRESCENTAR tudo ao que eu já tenho. ACRESCENTAR e não SUBSTITUIR!
Não é uma mudança sem volta, não é o fim de tudo e o NUNCA MAIS, são apenas alguns anos de estudo, e com direito de voltar pra fazer visitas algumas vezes.
Então não falo adeus pra ninguém, e sim até logo! Porque eu confio nos meus sentimentos verdadeiros e nos daqueles que sempre estiveram comigo.
Espero que aqui todos sigam a sua vida muito bem, com sucesso, e espero seguir a minha assim também.
Obrigada a todos os meus amigos e familiares, por me confortarem nesse momento, por mostrarem que isso não é o fim, e sim mais um começo.
Até logo a todos!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Mudanças

Todos os seres estão sujeitos a mudanças, sejam elas boas ou ruins. Algumas mudanças trazem o que denominamos EVOLUÇÃO, enquanto outras causam a REGRESSÃO, e a que mais interessa, sem duvida alguma, é aquela que faz evoluir.
A primeira grande mudança que se conhece é o surgimento de vida no planeta Terra, existem muitas teorias pra explicar o como e o porque que surgiu o planeta, que se dividiu terra e água, noite e dia, apareceu uma atmosfera, gás oxigênio, chuva, e vida! Vida terrestre, vida áquatica!
Ainda no campo da ciência existe aquele renomado cientista que todos os estudantes conhecem, e que dedicou grande parte de sua vida a entender e estudar as evoluções (mudanças) dos animais, Charles Darwim e sua teoria evolucionista. Segundo ele, o meio seleciona aquelas mudanças que são boas, as que não são uteis são dispensadas.
Será que assim também ocorre com as mudanças no decorrer da vida de cada ser humano?
Sofrimentos seriam evitados se pudéssemos ter certeza que uma mudança não seria boa, e então não a realizaríamos. Porém não temos esse poder de ter certeza do nosso futuro, o que nos faz arriscar o momento presente, arriscar o que já temos garantido, para vivenciar o NOVO, para mudar!
Mas se pararmos para analisar, que graça teria se não mudássemos nada em nossas vidas?
Conviveríamos sempre com as mesmas pessoas, que falariam dos mesmos assuntos, que em determinado momento não contribuiriam mais para nosso crescimento pessoal. Frequentariamos os mesmos lugares e não teríamos o prazer de conhecer lugares novos e maravilhosos, comeríamos as mesmas comidas sem poder saborear as inúmeras receitas deliciosas mundo a fora.
Mudar é necessário!
Mudar de casa, de bairro, de cidade, acarreta deixar algumas coisas para trás. Talvez amigos, famílias, bens materiais, sentimentos. Mas deixar pra trás não significa perder.
A distância separa apenas corpos, ela não tem força contra sentimentos verdadeiros e fortes. Quando realmente se ama alguém, quando a amizade é verdadeira, quando há confiança, carinho, sinceridade, qualquer relacionamento supera os quilômetros de distância que se formam.
Porém o homem mudou as formas de comunicação, hoje se tem telefone, internet, e-mail, programas de bate-papo, celular. Aqui ou em outro país, sempre é possível se comunicar.
Por isso, a mudança só distancia aqueles que realmente querem se afastar!
E mesmo que eu vá pra 400km daqui, eu não quero a distância com nenhuma pessoa que eu deixo!
Eu vou mudar! Mudar meu rumo profissional, mudar de casa, conhecer pessoas novas, experimentar comidas novas. Mas eu não vou mudar o que eu sinto por todos aqueles que eu deixo aqui, por todos aqueles que contribuíram para que essa mudança fosse realizada!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Superação dos medos...

O céu estava estrelado, o vento ajudava a amenizar o calor, ela estava parada na rodoviária e segurava uma pequena mala em uma das mãos enquanto observava o movimento. O relógio marcava 22horas e 10 minutos, e era domingo, então muitas pessoas chegavam de seus passeios e viagens de final de semana, enquanto outros esperavam para ir embora. Por tanto ela não se encaixava em nenhum desses casos, e sabia que assim que entrasse no ônibus, a sua vida mudaria, e isso a deixava insegura.
Tinha como acompanhantes na rodoviária os seus pais, embora somente sua mãe seguiria viagem com ela. E as vezes olhava-os imaginando como seria quando ela chegasse na rodoviária e tivesse que se despedir deles, seguir viagem sozinha, o que não estava longe de acontecer.
Um ônibus encostou na plataforma, as pessoas formavam a fila, ela virou-se e abraçou seu pai e juntamente com a sua mãe seguiu para a fila em frente a porta do ônibus.
Lá dentro tudo estava escuro e silencioso, as pessoas que vinham das outras rodoviárias dormiam nas suas poltronas ou apenas colaboravam com o sono das outras mantendo-se em silêncio. Ela chegou na poltrona destinada a ela e à mãe, arrumou a bolsa, o travesseiro e sentou-se. Pegou o celular e os fones de ouvido e decidiu ouvir uma música para quebrar aquele silêncio todo, que deixava-a mais angustiada. Começou a procurar uma boa música na lista do seu aparelho e quase todas elas lembravam um amigo, um amor ou um familiar, e isso parecia triste, porque em breve só teria essas músicas para aproxima-la um pouco das pessoas queridas.
Então decidiu reproduzir todas aleatoriamente, encostou a cabeça no banco, e começou a observar o movimento da rodoviária pelo vidro do ônibus, até ele partir, e ela começar a observar as rodovias, os carros, e os outros itens que a pouca luminosidade da noite permitia que ela enxergasse.
O que ela adoraria era não estar tão medrosa, queria relaxar e se acalmar. E então pensando em mudança de vida ela lembrou-se do mês de janeiro do ano anterior.
JANEIRO 2009
O sol estava brilhante no céu, aquecia a areia e os turistas que estavam na praia, que procuravam uma sombra para esconderem-se ou iam para a água do mar a fim de refrescarem-se.
Ela brincava na água com suas três primas. Pulavam as ondas, bebiam muita água do mar quando a onda era forte, riam, nadavam. Era férias de verão e ela tinha que aproveitar, afinal ia á praia apenas uma vez ao ano.
Só que tantas brincadeiras e horas na água deu-lhe fome e ela decidiu ir para onde estava o pessoal da familia e comer algo. Assim que colocou o pé na areia percebeu a sua alta temperatura e decidiu sair correndo para não se queimar, e assim chegou ofegante sob a sombra do guarda-sol.
Lá ela secou-se e sentou em uma cadeira de praia, abriu um suco de morango e pegou um pacote de batatas que havia trazido do apartamento e começou a comer. Após sentir-se saciada, ela estendeu a toalha na areia e decidiu descansar um pouco, só que aí começou o que viria a ser um inferno em sua vida.
Sentiu tontura e ânsia, a nuca começou a doer e parecia que não era capaz de aguentar o peso da cabeça, sentia que o coração não batia normalmente e levou a mão até o pulso, onde conseguia sentir o pulsar do coração tranquilo e normal, e mesmo que estivesse respirando, sentia como se o ar não chegasse aos pulmões.
Será que ela iria morrer? Estava tendo uma parada cardíaca? Uma ambulância ou resgate chegariam a tempo para salvá-la? O hospital não era muito longe, ou era? Pensamentos assim começaram a tomar conta de sua cabeça, e isso parecia fazer tudo piorar.
Levantou rapidamente da areia e lavou o rosto e a nuca, e disse que não estava sentindo-se bem. Decidiu andar um pouco, só que por perto da família, tomou água, sentou-se, e parecia que o coração não batia mais. As tias perguntavam se ela queria voltar ao apartamento, porém não queria estragar o passeio da família e ficou sentada na cadeira de praia, não tirando a mão de seu pulso, como se a qualquer momento fosse sentir o coração realmente parar.
Passou a tarde toda naquele estado, não quis mais entrar na água, não queria andar e muito menos comer, qualquer coisa poderia forçar seu coração ou seus pulmões, e ela não podia arriscar.
Quando chegaram no apartamento no final da noite ela sentiu-se mais aliviada, tomou um banho para tirar todo o sal e a areia do corpo, colocou uma roupa fresca e sentou na varanda para tomar um ar. Começou a observar a rua: Será que lá estariam mais perto de um hospital para que o socorro chegasse mais rápido? E mesmo que não quisesse esses tipos de pensamentos, eles insistiam em dominar a sua mente, fazendo com que os pulmões fossem pequenos demais e o coração fosse parar. E agora mais uma coisa a incomodava, sua vista estava estranha, parecia que estava embaçada, poderia ser por causa da areia da praia, embora não acreditasse que fosse.
E assim passou os outros dois dias na praia, as vezes desligando-se por um momento de tudo, como se fosse desmaiar, levando a mão constantemente no pulso ou ao peito, esfregando os olhos para se livrar da vista embaçada, e esforçando-se para respirar e para comer.
Enfim chegou o dia de ir embora, um tremendo alívio para ela, chegaria em casa, veria os pais, sabia que se passasse mal por lá teria quem a socorresse, teria hospital, ambulância, corpo de bombeiros, mas não imaginava que a viagem de volta lhe deixaria pior ainda.
Logo que deixaram o apartamento uma chuva começou, o que aumentava os pensamentos medrosos dela, afinal chuva significava que os vidros do carro ficariam fechados, a possibilidade de acidente era maior e estavam prestes a subir a serra. E mesmo quando sentia-se bem e tinha sol, a serra já era sinal de perigo para ela.
Enquanto o carro subia a serra ela deixou a vidro um pouco aberto, todo o ar era pouco para seus pulmões espremidos, as lágrimas vinham aos olhos só que ela fazia de tudo para não derruba-las, para suas primas e sua tia não ficarem preocupadas, então colocou a mão debaixo do travesseiro que trazia no colo e começou a rezar incessantemente.
De repente ela olhou para o lado, naquele trânsito todo para descer a serra vinha uma ambulância, e os pensamentos ruins vieram de novo: E se alguém muito ferido estiver lá? A ambulância não chega a tempo! E então eu não posso passar mal aqui.
Fechou os olhos, forçou a respiração, certificou-se de que o coração ainda estava batendo, e rezou mais ainda, até que acabou a serra, acabou a viagem, e ela estava em casa.
Era ilusão achar que tudo iria melhorar, a ânsia persistia, a sensação de que iria cair a qualquer momento, o medo de morrer, a difícil respiração, o coração que parecia parar, a visão embaçada. Tudo piorava constantemente. Na primeira semana mal se alimentava, não conseguia comer doces, perdeu 5 quilos, e só queria saber de dormir.
Tinha medo de sair de casa e passar mal sem que alguém conseguisse socorre-la a tempo, sempre que via uma ambulância ou ouvia sirene começava a tremer. Além de todo o mal estar começou a ter dores pelo corpo, nas costas, no pescoço.
Foi no plantão medico um dia, o médico mal examinou-a e disse que era apenas um mal-jeito, deu um relaxante muscular. As dores persistiram, o mal estar persistiu, o coração ainda estava parando! Já fazia 2 semanas!
Voltou ao plantão médico dias depois, outro remédio para dor, e nenhum resultado!
Ela faria qualquer coisa, centro espírita, candomblé, ervas medicinais, acupuntura. Queria se livrar de tudo aquilo, queria ser normal novamente, queria sair com os amigos e rir.
Outra vez foi ao plantão médico, dessa vez ele deu um calmante e colocou-a em um balão de oxigênio já que reclamava de falta de ar. Enquanto ela estava lá deitada começou a cochilar, e então acordava assustada, achava que se continuasse dormindo morreria. Assim que melhorou a respiração o médico chamou sua mãe e disse: Leve ela em um psiquiatra!
Psiquiatra? Aquele médico era louco? Porque ela não estava louca.
Como aceitava qualquer coisa, ela foi ao psiquiatra, e ele diagnosticou depressão e sindrome do pânico. Deu os remédios necessários, e além deles, ela tinha a família e os amigos do lado. E então o coração parecia estar melhor, os pulmões voltaram ao normal, as dores foram sumindo. E ela sobreviveu!
...
Abriu os olhos ainda sentada na poltrona do ônibus e respirou aliviada, depois daquele começo de ano agitado ela tinha conseguido sobreviver, e estava em um novo ano, ela teve apoio de pessoas que amavam ela, então sabia que a distância não iria diminuir o amor que tinha pelas pessoas e que as pessoas tinham por ela. A vida dela mudaria, mas seria para melhor, e tranquilizou-se, os medos se foram, e se deixou ser tomada por aquele sentimento bom de superação, de conquista e de amor.
O que quer que viesse pela frente ela teria força pra superar, e ela teria ajuda das melhores pessoas!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

E o futuro já começou!


Sempre ouvi dizer que ano de vestibular era um ano que o aluno deveria se dedicar mais ainda aos estudos. Um ano sem baladas, sem passar noites acordadas, revisando pelo menos 1 hora por dia as matérias aprendidas na escola, e acima de tudo, aluno de escola pública dificilmente passa de primeira em uma universidade estadual ou federal.
Eu já quis ser muitas coisas nessa vida, bióloga, oceanógrafa, veterinária, jornalista e enfim a decisão: Professora de Português.
Tive ótimos exemplos em sala de aula, as professoras de português que tive eram mulheres, professoras e amigas sensacionais. Aprendi a gostar da disciplina. Aprendi a AMAR Machado de Assis. Me encantei cada vez mais com a escrita, com o poder de expressar minhas ideias, pensamentos, opiniões e sentimentos!
Algo que era costume meu, era jogar na cara dos meus pais que eles nunca me pagaram uma escola boa igual fizeram com o meu irmão, que eles tinham prometido isso. Achava que uma escola particular tornaria-me capaz de passar em grandes vestibulares. Porém agora percebo que não era necessário uma escola particular, pois o aluno faz a escola, e eu sempre tive o apoio dos meus pais em meus estudos.
Preocupava-me muito com vestibulares, faculdades, universidades, carreira profissional. Costumo dizer que primeiro eu quero valorizar o meu futuro no profissional, depois penso em casamento, formar família e tudo o mais. Só que parecia tão distante a realidade da faculdade.
E ano passado já era o ultimo ano do ensino médio! Final do ano começaria a maratona de vestibulares!
Fiz alguns particulares, como treino já que não teria dinheiro para pagar a mensalidade, e também prestei UNESP e UNICAMP, porém com pouca esperança, afinal eu tinha saido de uma escola publica, sem cursinho pré-vestibular, fui para as baladas, passei noites em claro curtindo com os amigos, não pegava os cadernos em casa a não ser para realizar as tarefas de casa ou nas vésperas de prova. Confiei apenas no que eu havia aprendido.
Essa confiança surpreendeu-me, e eu fui aprovada na primeira fase tanto da UNESP quanto da UNICAMP. Realizei a segunda fase, provas complexas, difíceis, alguns conteúdos que eu nunca aprendi.
Passei mais de um mês em um nervoso imenso para saber os resultados, ansiosa e com medo de não ser aprovada, e com pensamentos pessimistas de que realmente não seria.
Essa semana foi a mais dificil, dia 29 (Hoje) parecia que não queria chegar. E ele chegou! Acordei cedo, o estômago doia por causa do nervosismo e nem consegui me alimentar, liguei o computador, conversava com um amigo enquanto atualizava minuto por minuto a página, embora soubesse que o resultado sairia somente as 10h.
E então as 10h eu entro no site, vou para a lista de matrícula, e encontro o meu nome entre os 70 aprovados para cursar Letras na UNESP de Assis!
Era um sonho! Não podia ser real! Eu era estudante de escola pública, eu não fiz cursinho, eu fui para a balada, e meu nome estava lá, aprovada em 22º lugar!
O coração acelerou, as mãos tremiam e estavam geladas, os olhos encheram de lágrimas e veio uma vontade enorme de gritar! Não havia ninguém em casa para ouvir meu grito, para me abraçar, para chorar e sorrir comigo. Um sentimento único tomou conta de mim, um misto de alegria, prazer, satisfação, orgulho, medo, euforia!
Comuniquei os amigos, os familiares, gritei muito alto quando ouvi minha mãe chegando. Queria gritar pra todo mundo que eu estava feliz e que eu consegui. E por isso esse post, porque eu estou muito feliz e consegui.
Claro, não consegui sozinha! Meus amigos, meus professores, meus pais, meu irmão, minha família toda tem uma parte nisso, meu muito obrigada a todos esses, porque sem eles eu não estaria abrindo esse sorriso enorme hoje!
E o futuro que parecia algo tão distante, tão incerto, já começou, e um ótimo começo!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

PARABÉNS Rodnei ^^





PARABÉNS pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida! É pique, é pique.... [etcetera rs]!

Ah dia de comemorar mais um ano de vida! Ou seria menos um ano de vida?! [rsrs]
É melhor parar essa filosofia por aqui, ele já se acha o cara super pré-histórico, se começar a pensar assim então!

Mas aniversário é um dia pra gente comemorar mais um ano que foi vivido e aproveitado das maneiras possíveis. E também de grandes expectativas e desejos para esse novo ano da vida que se inicia. Muitas vezes a idade não muda ou influência muita coisa, outras vezes sim.

Hoje eu quero te desejar um FELIZ ANIVERSÁRIO, muitas felicidades, muitos anos de vida! Saúde e sucesso.
A felicidade, porque eu adoro ver as pessoas que me fazem bem felizes, assim eu também fico feliz. E você me faz muito bem!
Os muitos anos de vida e a saúde para eu poder ter você por perto por muito tempo ainda, claro, se você tambem tiver paciência.

Não é muito grande o tempo de conhecimento e de convivencia, mas você sabe muito bem que eu sou grata por tudo o que a gente ja passou e passa juntos, por cada minuto de conversa, por cada filme no cinema, por cada risada dada, por cada teimosia, por cada abraço!
Você é realmente um rapaz especial, na forma de agir, de tratar as pessoas, de ajudar, de se preocupar.
E é por isso, e por tudo mais, que eu desejo sempre TUDO DE MELHOR... Não apenas hoje, que é o seu dia, e sim em todos os dias que virão na sua vida, em todos os anos que você completar.

Eu te adoro Rodnei!
E FELIZ ANIVERSÁRIO! =D

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Finais Infelizes III - Branca de Neve e os sete anões

Em um reino muito distante a rainha estava grávida, era a primeira filha do casal e a felicidade era imensa. Nasceu então a princesa, a pele branca como a neve e os cabelos negros, deram-na o nome de Branca de Neve. Mas a pobre rainha sofreu muito no parto, e após ver o rosto da pequena princesinha, faleceu.

A felicidade tornou-se tristeza e o rei via na filha a causa da morte da amada esposa, então não conseguia ficar muito tempo perto da criança, que recebia cuidado e carinho dos empregados do palácio.

Após um ano da morte da esposa, o rei casou-se com uma bela mulher. Está, porém, era muito vaidosa e invejosa, queria ser sempre a mais bela de todo o mundo, e para garantir que assim seria ela tinha um espelho, que havia ganhado de um feiticeiro, e todo dia perguntava:

- Espelho, espelho meu, há mulher mais bela no mundo do que eu?

E o espelho respondia:

- Em todo mundo não há beleza maior que a sua minha rainha.

E assim o tempo foi passando. Branca de Neve crescia e tornava-se uma linda moça, até que um dia a rainha, após fazer sua pergunta costumeira ao espelho, ouviu a seguinte resposta:

- A sua enteada, a Branca de Neve, agora é a mais bela.

A raiva da rainha tornou-se enorme, aquela menina não poderia ser mais bela que ela. Chamou então um guarda:

- Eu ordeno que leve Branca de Neve para a floresta e mate-a! E para eu ter certeza que o serviço foi feito, eu quero o coração dela aqui, aqui nesta caixinha.

O guarda pegou a caixinha e chamou a princesa para um passeio. Quando chegaram no meio da floresta ele teve dó de matar a inocente moça, que sempre tratou muito bem a todos no palácio.

- Vá Branca de Neve. A sua madrasta me pediu para mata-la e levar seu coração, mas eu não posso fazer isso. Corra, vá pela floresta e procure um lugar seguro, eu vou levar o coração de outro animal no lugar.

Branca de Neve correu floresta a dentro por horas e horas, as roupas já estavam rasgadas e os pés descalços, as pernas doíam e não tinha mais fôlego. Parou para descansar um pouco e então os animais a cercaram, sem ameaça-la, e ela começou a contar sua história para eles. Até que eles foram abrindo caminho na mata, para que ele pudesse ver uma pequena casinha em uma clareira adiante.

A princesa recuperou as forças, levantou e caminhou. Bateu na porta e ninguém foi atende-la. Forçou a maçaneta, viu que estava aberta e decidiu entrar. Lá dentro tudo era ainda menor. Uma mesa bem pequena, com sete pratinhos, sete copinhos e sete garfinhos. Subiu ao andar de cima e encontrou sete caminhas, todas arrumadas com belos cobertores e com os nomes escritos, os quais Branca de Neve leu e achou muito engraçados:

- Dunga, Feliz, Atchim, Mestre, Dengoso, Zangado e Soneca. Ah mas cada nome engraçadinho! Acho que não se importarão de eu dormir um pouco na caminha deles.

Só que a fome não a deixava dormir, o que a fez descer as escadas e abrir os armários, onde encontrou deliciosos biscoitos. Comeu todos, e depois subiu novamente ao quarto e deitou em uma das camas.

Os moradores daquela casinha eram sete anões que trabalhavam em uma mina de diamante dentro da montanha e chegaram um pouco tarde em casa. Viram a porta do armário aberta, o vidro de biscoitos vazio, deduziram que haviam sido saqueados. Um deles, Zangado, subiu rapidamente ao quarto para ver como estavam as coisas por lá, e se deparou com Branca de Neve em sua cama.

- Mas o que que é isso? Você come os nossos biscoitos, deixa a casa desarrumada e ainda dorme na minha cama?! Eu ordeno que levante agora e saia daqui sua invasora.

Ao ouvirem os gritos de Zangado os outros anões também subiram e depararam com Branca de Neve totalmente apavorada com o a braveza do pequeno homem.

- Calma Zangado, talvez a moça possa explicar.

- Não Mestre, não tem explicação para ir invadindo a casa dos outros assim, e comer toda a comida.

Branca de Neve pediu desculpas e começou a contar sua história, para tentar se explicar com os anões. Mas Zangado de afastou de todos e ouvia a história de trás da porta. Assim que ela contou tudo os anõezinhos concordaram em deixa-la lá, desde que ela deixasse a casa arrumada e cozinhasse para eles. Só que Zangado não gostou muito da idéia e decidiu ir até o castelo onde a princesa morava para contar tudo à rainha.

No outro dia todos sentiram falta dele, só que acharam que por raiva da moça ele deveria ter passado a noite na floresta.

Então ele chegou ao castelo, após uma noite de caminhada e pediu para falar com a rainha.

- O que você, um homem deste tamanho, tem de tão importante para tratar comigo?

- A sua enteada está na minha casa! Comeu os meus biscoitos e deitou na minha cama sem pedir permissões. Quero que faça algo.

- Impossível! Branca de Neve está morta, o meu guarda matou-a! Veja – e a madrasta pegou a caixinha com o coração – aqui está o coração dela.

Zangado soltou uma gargalhada:

- Ora minha rainha, isso é um coração de um pobre veado. O seu guarda enganou-a.

A madrasta não queria acreditar naquele pequeno homem, e decidiu fazer a pergunta ao espelho:

- Espelho, espelho meu, há mulher mais bela no mundo do que eu?

- A sua enteada Branca de Neve, que agora está em uma casinha na floresta, é a mais bela.

A madrasta teve um ataque de fúria e mandou que matassem o guarda. E depois disse ao anão:

- Eu vou me vestir de mercadora e você me leva até sua casa, que vou acabar com Branca de Neve.

Zangado guiou-a pela floresta até a casa, e foi para a mina trabalhar.

A madrasta muito bem disfarçada bateu a porta, e Branca de Neve, ingênua, abriu. A mulher vendia gargantilhas muito bonitas, e a princesa se encantou por uma que parecia a que sua mãe havia lhe deixado, e decidiu ficar com ela. A madrasta ofereceu ajuda para que ela colocasse o acessório, e apertou com tanta força que Branca de Neve não conseguia respirar, e caiu ao chão. Vitoriosa a mulher voltou ao castelo, certa de que havia vencido.

Passado algum tempo os anões voltaram do trabalho e acharam Branca de Neve caída ao chão. Mestre percebeu que a gargantilha estava muito apertada e resolveu tirar do pescoço dela, que na hora voltou a respirar.

Zangado novamente passou a noite correndo pela floresta até o castelo da madrasta.

- Minha rainha, os outros anões tiraram a gargantilha dela e ela voltou a vida. Precisa de outro plano.

Ela respondeu que já tinha outro plano, só que precisaria se livrar dos anões.

- Não minha rainha, os meus irmãos não tem culpa disso, deixe-os com vida – implorou Zangado.

Ela deu um sorriso falso e disse que os anões ficariam bem. Falou para Zangado voltar ao trabalho que ela já sabia o caminho da casa.

Envenenou uma bela maçã, vestiu-se de camponesa, com roupas muito sujas e rasgadas, os cabelos totalmente bagunçados, e faltando alguns dentes na boca. Assim a princesa nunca a reconheceria.

Passou pela frente da casa e Branca de Neve estava apoiada na janela, cantando com os pássaros. A madrasta de um sorriso simples e deixou a maçã no beiral da janela. A moça, encantada com a simplicidade daquela camponesa e com a beleza da maçã deu uma bela mordida, e caiu no chão, morta.

Para não correr o risco dos anões salvarem sua enteada, a madrasta fez com que seus guardas causassem a queda de algumas rochas nas entradas das minas de diamantes, impedindo a passagem deles para que voltassem à casa, e matando-os sufocados.

Assim a rainha continuou a ser a mulher mais bela do mundo, e nunca ninguém soube como havia morrido Branca de Neve e os sete anões mineradores.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A CABANA - William P. Young

Existe aquela semana ou aquele dia que você não está bem. Sente-se esgotado mentalmente, cansaço físico, desanimo. Vê que algumas lutas do dia-a-dia tornaram-se inúteis, que sonhos começam a desmoronar como castelos de areia com o vento. E com isso você se entrega, quer passar o dia todo na cama, não quer conversa, não tem fome, não tem expectativas. Assim eu me sentia quando entregaram em minhas mãos o livro A CABANA, de William P. Young.
Muitas pessoas comentavam sobre o livro, eu já havia lido muitas resenhas e recomendações dele, e então decidi ler nesse tempo que estava em reclusão, que eu só queria saber do meu mundo e dos meus problemas e sentimentos.
Depois que acaba a história, há uma página intitulada PROJETO MISSY. Trata-se de um texto onde leitores pedem que cada pessoa que ler o livro divulgue-o. Comente com um amigo, escreva algo no BLOG ou no e-mail, empreste para alguém, presenteie com o livro. E aqui estou eu fazendo a minha parte, já que realmente me interessei pela história.
No começo trata-se de um romance normal:
"Durante uma viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack Allen Philips é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa velha cabana.
Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar à cabana onde aconteceu a tragédia.
Apesar de desconfiado, ele vai ao local numa tarde de inverno e adentra passo a passo o cenário de seu mais terrivel pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre.
Em um mundo cruel e injusto, A Cabana levanta um questionamento atemporal: se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar o nosso sofrimento?" (Conteúdo presente na capa do livro)
E a partir deste questionamento que eu começo a falar as minhas impressões do livro.
Religião é algo que eu nunca gostei muito de discutir, porque preso muita a liberdade de qualquer pessoa, então cada um tem sua crença. E eu não faço idéia de como o autor criou todo o "universo divino" deste livro, porém se Deus, Jesus e o Espirito Santo assim fossem, eles seriam bem melhores do que aquilo que as religiões pregam.
A começar por Deus em sua forma humana. Incrivelmente eu, e um grande numero de pessoas, imaginamos que Deus, em forma humana, seria um senhor velho, de cabelos e barbas grande e grisalho. E William coloca Deus na história na forma de uma mulher negra. Jesus também não é um homem dotado de tamanha beleza fisica igual as imagens e fotos que divulgam dele.
E depois, aprende-se que Deus castiga, faz justiça. Que a justiça divina é melhor do que todas!
Se Deus realmente é o criador, aquele que ama a todos, que quer o amor entre os seus filhos, que deu Jesus pela humanidade, seria ele então responsavel por catastrofes e acontecimentos ruins como vingança por pecados? Ele mataria alguém para fazer justiça? Ele deixaria cego, invalido ou algo do tipo?
O livro todo Deus, Jesus e Sarayu (Espirito Santo) falam de relacionamento, que é o que eles verdadeiramente esperam dos humanos. Um relacionamento de amor, de fraternidade, sem hierarquias, sem poderosos. E em um trecho Mack é obrigado a falar qual dos filhos ele mais ama, qual ele escolheria, e então percebe que ele amava os 5 filhos de forma diferente, porém com a mesma intensidade, era impossível escolher apenas um ou dois, era impossível condenar seus filhos mesmo quando eles erravam e deixavam-no com raiva. Assim também é com Deus, já que é pai de toda a humanidade.
Outro tópico muito bom do livro é Jesus não gostar de religiões, afinal elas são uma espécie de hierarquia, alguns mandam mais que outros, e certas vezes as leis dos homens predomina mais do que a própria lei de Deus.
Eu poderia escrever muito mais sobre o livro, já que ele fala dos medos, dos julgamentos que fazemos, do poder dos homens um sobre os outros, da falta de amor, e assim por diante, assuntos para muita reflexão.
Realmente eu penso: será que tudo o que me ensinaram e ensinam na igreja é o que realmente é o meu Deus? Com tantas controvérsias desse jeito, eu acredito no Deus bom ou no Deus da vingança? Eu sigo as leis de Deus ou as leis que Papas, padres e tudo mais criaram nas religiões?
Prefiro acreditar no Deus da forma que eu penso que ele seja, não referente a forma fisica, mas referente ao amor de Pai.


Quem puder leia o livro, reflexões e pensamentos são bons, fazem-nos crescer mentalmente, e é disso que muitos seres humanos precisam!