quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Voar e ser luz...
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Em casa...
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Melhores amigas
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Resenha: Um apagão na humanidade.
NETO, Mariana Asbahr¹
PAIVA, Marcelo Rubens. Blecaute. São Paulo: Mandarim, 1997.
Marcelo Rubens Paiva, jornalista, romancista e dramaturgo, surgiu como um grande ícone da literatura nacional no ano de 1982, com a publicação do seu primeiro romance, o livro autobiográfico Feliz Ano Velho, best-seller da época e com o qual ganhou o prêmio Jabuti . Escreveu mais sete romances e atualmente dedica-se ao teatro.
Blecaute é o segundo livro do autor, publicado em 1986, e considerado um romance apocalíptico. A história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista Rindu, que, perturbado por todos os acontecimentos de sua vida e questionando a sua existência, conta, desde o princípio, os fatos que ocorreram para gerar tais sentimentos. E, certas vezes, tem alguns flashbacks de sua infância ou juventude, que explicam melhor os fatos atuais, a sua maneira de agir e relacionar-se.
O tema central da obra, ao contrário do que se imagina quando o título é lido, não é a falta de energia elétrica, e sim o fim do mundo, um “apagão” na humanidade. Outros assuntos também são abordados, como a necessidade de comunicação, de relacionamentos afetivos e sexuais, de ocupação mental e de convívio social.
A narrativa conta a história de Rindu e seus amigos, Mário e Martina, que após uma palestra de Espeleologia, a ciência que estuda as cavernas, decidem montar um grupo para realizar estudos sobre o assunto, e, em um feriado prolongado, resolvem colocar os estudos em prática e vão para Betari, uma região cheia de cavernas no Vale do Ribeira. Enquanto cochilavam dentro de uma das cavernas, o nível da água do riacho que por lá passava subiu, deixando-os presos por aproximadamente três dias. Quando, finalmente, saem da caverna, encontram a cidade totalmente diferente: os carros parados no meio das estradas e acostamentos, as pessoas imóveis, duras, como se estivessem cobertas por uma camada de plástico, era o fim do mundo. Os únicos sobreviventes são eles e os animais.
E com isso, os três amigos começam a tentar descobrir o que aconteceu e a sobreviver em um mundo onde não tem mais obrigações, convívios sociais e ocupações.
Isso, a principio, é visto como benéfico, pois eles têm total liberdade, porém, com o passar dos meses, a rotina, o tédio e a necessidade de uma vida social começam afetar o humor e a mente deles, causando os desentendimentos e até os a ruptura dos laços afetivos.
Os relatos são divididos em seis capítulos, o primeiro, denominado “Principio”, introduz o leitor na história, contando como começou o estudo da Espeleologia, e a descoberta do “fim do mundo” quando saíram da caverna. Os quatro capítulos seguintes recebem os nomes das estações do ano, começando pelo Outono, seguido de Inverno, Primavera e Verão, que dão ao leitor a percepção do tempo decorrido na história, que é de um ano, e onde são colocados os acontecimentos e as dificuldades da vida dos três amigos, perante um mundo “plastificado”. E por fim, o ultimo capítulo é nomeado “Uma distante estação”, onde o narrador conta como está sua vida e o que resta do mundo, passado muitos anos desde o dia em que saíram da caverna. Essa denominação mostra, também, a inexistência de noção de tempo do protagonista por causa da solidão e da falta de necessidade de contar tal tempo, já que ele não denomina quantos meses ou anos passaram-se ou qual a estação que se encontra, apenas diz que está em uma estação distante.
O número de páginas dos capítulos é totalmente variável, tendo entre 12 e 54 páginas; porém o texto é bem disposto na página, o tamanho da fonte e o espaçamento entre linhas favorecem a leitura, principalmente o maior espaçamento entre as linhas nas quais o narrador muda totalmente o foco da narração.
A mudança do foco narrativo é uma característica presente do começo ao final do livro. Rindu deixa várias lacunas em suas narrações, normalmente não dá seguimento às narrativas das discussões entre os três amigos, e frequentemente acelera a narração, parando-a em um ponto e retomando-a após acontecimentos futuros. Essas lacunas permitem ao leitor uma maior interatividade com o texto, a ponto de poder tirar suas próprias conclusões, de imaginar e exercitar a sua capacidade de interpretação do que pode ter acontecido durante as horas que não são narradas, ou, até mesmo, demonstra a falta de atividades e de movimentação de uma vida a três, sem obrigações e deveres, já que o mundo está parado.
A linguagem utilizada também permite uma maior proximidade do leitor com o narrador, uma vez que este usa uma linguagem coloquial, com expressões da oralidade e gírias, e faz a narrativa parecer um verdadeiro diálogo com quem está a ler. Outra particularidade da linguagem é o constante emprego de “palavrões”, que são muito bem empregados para expressar a raiva e o transtorno mental dos personagens frente às dificuldades que encontram, o que não torna a linguagem pobre ou desvaloriza o livro.
Blecaute se aproxima por completo do mundo dos jovens, o que é um ponto favorável, já que os incentiva a leitura. Consegue provocar no leitor uma reflexão sobre a vida, a valorização do ser humano e do convívio social, sem discursos moralistas ou ideológicos. E mostra, assim como Machado de Assis em sua obra Dom Casmurro, que um livro não precisa ter todos os mistérios solucionados e um final feliz para ser um bom livro.
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1-Estudante do primeiro ano do curso de Letras da UNESP, campus de Assis – São Paulo
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Inúteis
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Viagem
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Poeira
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Bieber no lugar da Xuxa
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Eu te amo...
terça-feira, 27 de julho de 2010
Um celular começou tocar, a mulher sentada ao meu lado abriu a bolsa e começou a procurar o aparelho dentro dela, tirou então um pequeno telefone móvel e levou-o até a orelha. Atendeu normalmente, com uma expressão alegre. Aos poucos seu corpo foi ficando tenso, a expressão do rosto mudou de feliz e calma, para apavorada, preocupada, brava e raivosa, era um misto de expressões desagradáveis e a voz rouca.
Era possível, do meu assento, ouvir que do outro lado do aparelho uma voz despejava informações em uma velocidade assustadora, aparentemente uma voz feminina, que gritava e choramingava ao mesmo tempo.
A mulher respirou fundo, fechou os olhos, respirou novamente e tornou a abri-los. E decidiu jogar o problema para outra pessoa.
- Liga para o seu pai! – e a pessoa do outro lado continuou a despejar informações, reclamações e choros – Eu já disse, liga para o seu pai. Acabei de entrar no ônibus, to indo pra casa, liga para o seu pai que ele resolve – mas a voz insistia em querer que ela resolvesse – Tudo bem, então eu ligo para o seu pai e mando ele ligar aí.
Antes que continuasse o despejo de palavras, ela desligou seu celular. Começou a bater o pé apressadamente no assoalho do ônibus e movimentou os dedos rapidamente pelas teclas de seu aparelho, e então uma voz masculina surgiu do outro lado.
- Álvaro liga em casa agora, é urgente, tem um problema lá. – e aparentemente o homem queria saber qual era o problema – eu to no ônibus Álvaro, liga lá agora. AGORA! É urgente! Liga lá.
Ela desligou novamente o seu aparelho e começou a tamborilar seus dedos da mão sobre ele enquanto agitava freneticamente o pé. Alguns minutos passados, ela começou a digitar outro número.
- Depois a gente conversa Welington, chama a Daiane. Cadê a Daiane? Welington?
O pânico tomou conta de sua expressão, senti até pena dela, uma vontade de oferecer um ombro amigo, embora nem conhecesse a mulher. Na verdade, era mais curiosidade em saber o que se passava, do que pena.
No decorrer do tempo que ela ainda permaneceu sentada ao meu lado, olhava o relógio várias e várias vezes e tentava fazer ligações, porém sem sucesso. Percebi que uma lágrima começou a querer escorrer de seus olhos, e ela enxugou-a com a manga da blusa antes que caísse pela face.
Desceu do ônibus alguns minutos depois, apressadamente, desesperadamente.
Passei o resto da noite com a imagem daquela mulher na cabeça e a curiosidade que me consumia.
No dia seguinte abri o jornal, e uma notícia trágica estampava uma das páginas:
BRIGA ENTRE IRMÃOS ACABA EM MORTE
No corpo da matéria contava como o adolescente Welington havia matado a irmã Daiane com socos e pontapés depois de iniciarem uma briga em casa, enquanto seus pais, Marlene e Álvaro, trabalhavam.
Fechei o jornal. Preferia ter ficado com a curiosidade.
sábado, 26 de junho de 2010
Apito do trem
Acordo com o apito do trem. Ele apita, passa, solta fumaça, faz barulho nos trilhos. Ele leva embora o meu sono e traz a tristeza. É a sétima madrugada consecutiva que eu acordo com o trem e depois não consigo mais dormir. Olho o meu quarto, tudo tão diferente, talvez até pequeno. A única coisa familiar no meu próprio quarto são as fotos penduradas em um mural na parede, e através dos poucos raios de sol que entram pela janela, eu começo a distinguir as silhuetas e afeições das pessoas nas fotos, e todas elas sorriem. Não sei se sorriem para mim, de mim ou se minha cabeça as faz sorrir.
O trem para de apitar, o barulho sumiu, mas não a minha tristeza.
Piso no chão frio e abro a porta do quarto, encaro cores e formas diferentes. Há uma semana eu abria a porta do meu quarto aos domingos e via mamãe na cama dela lendo jornal, ou conversando com papai, ou mesmo a cama vazia, mas eu sabia que eles estavam lá, ou no máximo estavam na feira e voltariam. Eu ouvia a televisão ligada a voz insuportável do Galvão Bueno falando do Rubens Barrichelo, e sentia o cheirinho do macarrão da minha mãe ou até mesmo do meu irmão.
Nesse momento a televisão está desligada, na minha frente tem uma geladeira, uma mesa e um armário, a cozinha não cheira macarrão, não há nada no fogão, se eu quiser comer, eu vou ter que cozinhar.
Outro trem apita, demora pra passar, vai passando e apitando, faz barulho de atrito entre metais e solta fumaça. E passa!
Volto para cama, deito a cabeça no travesseiro e deixo as lágrimas molharem minha face. Para onde vai o trem? Será que passa perto de casa? Ou vai além? Talvez eu pudesse ir com ele, ver mamãe e papai, abraçar os amigos, me declarar para o amor. Talvez eu pudesse pelo menos ir para um lugar conhecido ou ele poderia levar a minha tristeza, só que o trem já se foi.
Abraço meu travesseiro contra o peito, puxo o cobertor e fico lembrando dos sons da minha casa, do cheiro da minha casa, dos meus domingos em família ou assistindo jogo do Timão com o meu irmão. Adormeço.
E o trem passa! O trem apita, solta fumaça! Faz barulho, range ferro. E me acorda.
Esse é o som da minha casa agora, essas são as cores e os cheiros dos meus domingos.
Embalada pelo apito do trem eu começo o meu domingo, sem ninguém.
domingo, 2 de maio de 2010
A cada partida o corpo vai deixando um pedaço da alma
Até não ter mais alma para partir
ou partir apenas o corpo sem alma
Ou perder-se no meio do caminho
sem alma, sem alguém, sem amar
Partir, ficar, perder-se
Nunca mais completar-se
Despedir-se, chorar, sorrir
Nunca mais ficar
Com corpo sem alma, com a alma do corpo
E continuar a partir...
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Spray de pimenta neles!
Hoje o texto não é literário, nada de historinhas, de contos de fadas ou de reflexões, é apenas um tremendo desabafo contra o “mau uso da autoridade”, e se é que pode se chamar aquilo de autoridade!
Na noite de quinta para sexta-feira eu demorei pra dormir porque a garganta e o nariz queimavam, eu tossia muito, e não era alergia, gripe, dengue nem H1N1, era resultado do spray de pimenta usado por aqueles que “fazem cumprir a lei”.
Eu não roubei, não assassinei, não fiz uma revolução, não trafiquei nem desacatei ninguém, eu simplesmente fui em uma festa de republica nessa cidade onde eu vou morar temporariamente (4 anos) chamada Assis.
Para quem não conhece a bela cidade de Assis ela fica na divisa entre São Paulo e Paraná, tem menos de 100 mil habitantes, praticamente todas as ruas dão em uma mesma avenida, não tem industrias, nada das grandes redes de fast-food, não tem shopping ou cinema, ou seja, quase nenhuma opção para se divertir. Acontece que uma boa parte da população é jovem devido a universidade estadual que fica na cidade.
E onde então os jovens vão pra se divertir, relaxar, acabar com o stress? Onde vão extravasar tudo? Onde vão poder liberar toda sua energia?
É para isso, meu caro amigo, que existem as festas de republicas!
Claro que os vizinhos amam as festas, adoram os estudantes que moram nessas republicas e quase nem se sentem incomodados com a algazarra (pura ironia!). Eu confesso que não gostaria de ser vizinha de republicas que fazem superfestas.
Mas o problema é que nem todos os vizinhos são filhos de juizes! Não entendeu? Então vamos explicar.
Normalmente os que “fazem cumprir a lei” aparecem nas festas, fazem todo o povo que fica na rua entrar na republica e curtir a festa lá dentro, e pegam seu carro e vão embora, aparecem depois de meia ou uma hora para colocar mais jovens para dentro, e assim jovens e “autoridades” ficam felizes, menos os vizinhos, é claro.
Porém na festa de quinta-feira terror geral. Tradicionalíssima festa do trocado! Aquele monte de homem de saia, vestido e shortinho (com um super frio!) e quatro carros de autoridades na rua, simplesmente acabando com a festa. Entraram na republica e não deixaram mais ninguém entrar. Ninguém falava se ia ou não rolar a festa, o que fez os jovens ficarem pela rua mesmo, cantando, dançando, bagunçando, admirando as mais novas “mulheres” e os mais novos “homens” da universidade.
Isso tudo acontecia porque o vizinho era filho de um juiz, então nesse caso ele tem prioridade, ele consegue cancelar a festa. E as autoridades não sabem simplesmente dialogar com os jovens e partem para a pura ignorância: SPRAY DE PIMENTA NELES!
De repente todo mundo começou tossir, o nariz arder. Coisa estranha, muito estranha! Mas Assis é a cidade de coisas estranhas, então, atravessamos a rua. Uns minutinhos depois um dos carros das “autoridades” se aproxima, e começa a tosse, a garganta arder, e um daqueles que “fazem cumprir a lei” vira de lado e é possível observar o spray na mão dele!
Tudo bem cancelar a festa (é, não tão bem assim!), mas spray de pimenta aqui não!
E o jeito foi ir embora, com nariz ardendo, com tosse, e com uma vontade enorme de pegar o filho do juiz e enfiar o spray no rabo dele!
quarta-feira, 31 de março de 2010
Parabéns MELHOR IRMÃO!
Nos dias de comemorações de aniversários sempre se ouve a mesma ladainha de felicidade e anos de vida, dificilmente alguém tem uma super criatividade de mudar a frase, alguns por preguiça, outros por falta de criatividade e tem aqueles que simplesmente não conseguem se expressar.
segunda-feira, 29 de março de 2010
Ideias impostas...
quinta-feira, 11 de março de 2010
Adaptar-se
Me adaptei porque assim era necessário, vi que era impossivel querer ficar em um lugar ainda pensando e querendo viver como se estivesse no outro, não tinha como levar a minha vida igual no passado, agora eu sou relativamente independente e sózinha, ou me adapto, ou eu não sobrevivo.
Sobrevivência é o que todo o ser vivo quer, por isso então que as espécies podiam e conseguiam adaptar-se, por isso que eu adaptei-me. Claro que com esforço, e muito.
É totalmente estranho abrir os olhos quando acorda, olhar para as paredes do comodo que agora é seu quarto e totalmente diferente daquele que eu tinha em casa, olhar para os rostos das pessoas que convivem comigo e não ver lá a minha mãe, meu pai, meu irmão; sair com os amigos, que da noite pro dia viraram amigos, porque também precisavam de adaptação, e não poder ver os amigos antigos.
As pessoas, mesmo que estranhas, fazem a rotina aqui tornar-se normal. Um grupo de adolescentes ou até mesmo adultos, deslocados, fora de seus habitats naturais, precisando de apoio. E então, no medo da solidão, no medo do novo, tudo o que ia ficar só, ficou junto. E assim começa uma vida paralela a vida que levei até os 17 anos, é como nascer e enfrentar todos os obstaculos da vida novamente, porém sem a base familiar tão próxima quanto antes.
Adaptar-se é preciso!
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Despedida
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Mudanças
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Superação dos medos...
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
E o futuro já começou!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
PARABÉNS Rodnei ^^
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Finais Infelizes III - Branca de Neve e os sete anões
Em um reino muito distante a rainha estava grávida, era a primeira filha do casal e a felicidade era imensa. Nasceu então a princesa, a pele branca como a neve e os cabelos negros, deram-na o nome de Branca de Neve. Mas a pobre rainha sofreu muito no parto, e após ver o rosto da pequena princesinha, faleceu.
A felicidade tornou-se tristeza e o rei via na filha a causa da morte da amada esposa, então não conseguia ficar muito tempo perto da criança, que recebia cuidado e carinho dos empregados do palácio.
Após um ano da morte da esposa, o rei casou-se com uma bela mulher. Está, porém, era muito vaidosa e invejosa, queria ser sempre a mais bela de todo o mundo, e para garantir que assim seria ela tinha um espelho, que havia ganhado de um feiticeiro, e todo dia perguntava:
- Espelho, espelho meu, há mulher mais bela no mundo do que eu?
E o espelho respondia:
- Em todo mundo não há beleza maior que a sua minha rainha.
E assim o tempo foi passando. Branca de Neve crescia e tornava-se uma linda moça, até que um dia a rainha, após fazer sua pergunta costumeira ao espelho, ouviu a seguinte resposta:
- A sua enteada, a Branca de Neve, agora é a mais bela.
A raiva da rainha tornou-se enorme, aquela menina não poderia ser mais bela que ela. Chamou então um guarda:
- Eu ordeno que leve Branca de Neve para a floresta e mate-a! E para eu ter certeza que o serviço foi feito, eu quero o coração dela aqui, aqui nesta caixinha.
O guarda pegou a caixinha e chamou a princesa para um passeio. Quando chegaram no meio da floresta ele teve dó de matar a inocente moça, que sempre tratou muito bem a todos no palácio.
- Vá Branca de Neve. A sua madrasta me pediu para mata-la e levar seu coração, mas eu não posso fazer isso. Corra, vá pela floresta e procure um lugar seguro, eu vou levar o coração de outro animal no lugar.
Branca de Neve correu floresta a dentro por horas e horas, as roupas já estavam rasgadas e os pés descalços, as pernas doíam e não tinha mais fôlego. Parou para descansar um pouco e então os animais a cercaram, sem ameaça-la, e ela começou a contar sua história para eles. Até que eles foram abrindo caminho na mata, para que ele pudesse ver uma pequena casinha em uma clareira adiante.
A princesa recuperou as forças, levantou e caminhou. Bateu na porta e ninguém foi atende-la. Forçou a maçaneta, viu que estava aberta e decidiu entrar. Lá dentro tudo era ainda menor. Uma mesa bem pequena, com sete pratinhos, sete copinhos e sete garfinhos. Subiu ao andar de cima e encontrou sete caminhas, todas arrumadas com belos cobertores e com os nomes escritos, os quais Branca de Neve leu e achou muito engraçados:
- Dunga, Feliz, Atchim, Mestre, Dengoso, Zangado e Soneca. Ah mas cada nome engraçadinho! Acho que não se importarão de eu dormir um pouco na caminha deles.
Só que a fome não a deixava dormir, o que a fez descer as escadas e abrir os armários, onde encontrou deliciosos biscoitos. Comeu todos, e depois subiu novamente ao quarto e deitou em uma das camas.
Os moradores daquela casinha eram sete anões que trabalhavam em uma mina de diamante dentro da montanha e chegaram um pouco tarde
- Mas o que que é isso? Você come os nossos biscoitos, deixa a casa desarrumada e ainda dorme na minha cama?! Eu ordeno que levante agora e saia daqui sua invasora.
Ao ouvirem os gritos de Zangado os outros anões também subiram e depararam com Branca de Neve totalmente apavorada com o a braveza do pequeno homem.
- Calma Zangado, talvez a moça possa explicar.
- Não Mestre, não tem explicação para ir invadindo a casa dos outros assim, e comer toda a comida.
Branca de Neve pediu desculpas e começou a contar sua história, para tentar se explicar com os anões. Mas Zangado de afastou de todos e ouvia a história de trás da porta. Assim que ela contou tudo os anõezinhos concordaram em deixa-la lá, desde que ela deixasse a casa arrumada e cozinhasse para eles. Só que Zangado não gostou muito da idéia e decidiu ir até o castelo onde a princesa morava para contar tudo à rainha.
No outro dia todos sentiram falta dele, só que acharam que por raiva da moça ele deveria ter passado a noite na floresta.
Então ele chegou ao castelo, após uma noite de caminhada e pediu para falar com a rainha.
- O que você, um homem deste tamanho, tem de tão importante para tratar comigo?
- A sua enteada está na minha casa! Comeu os meus biscoitos e deitou na minha cama sem pedir permissões. Quero que faça algo.
- Impossível! Branca de Neve está morta, o meu guarda matou-a! Veja – e a madrasta pegou a caixinha com o coração – aqui está o coração dela.
Zangado soltou uma gargalhada:
- Ora minha rainha, isso é um coração de um pobre veado. O seu guarda enganou-a.
A madrasta não queria acreditar naquele pequeno homem, e decidiu fazer a pergunta ao espelho:
- Espelho, espelho meu, há mulher mais bela no mundo do que eu?
- A sua enteada Branca de Neve, que agora está em uma casinha na floresta, é a mais bela.
A madrasta teve um ataque de fúria e mandou que matassem o guarda. E depois disse ao anão:
- Eu vou me vestir de mercadora e você me leva até sua casa, que vou acabar com Branca de Neve.
Zangado guiou-a pela floresta até a casa, e foi para a mina trabalhar.
A madrasta muito bem disfarçada bateu a porta, e Branca de Neve, ingênua, abriu. A mulher vendia gargantilhas muito bonitas, e a princesa se encantou por uma que parecia a que sua mãe havia lhe deixado, e decidiu ficar com ela. A madrasta ofereceu ajuda para que ela colocasse o acessório, e apertou com tanta força que Branca de Neve não conseguia respirar, e caiu ao chão. Vitoriosa a mulher voltou ao castelo, certa de que havia vencido.
Passado algum tempo os anões voltaram do trabalho e acharam Branca de Neve caída ao chão. Mestre percebeu que a gargantilha estava muito apertada e resolveu tirar do pescoço dela, que na hora voltou a respirar.
Zangado novamente passou a noite correndo pela floresta até o castelo da madrasta.
- Minha rainha, os outros anões tiraram a gargantilha dela e ela voltou a vida. Precisa de outro plano.
Ela respondeu que já tinha outro plano, só que precisaria se livrar dos anões.
- Não minha rainha, os meus irmãos não tem culpa disso, deixe-os com vida – implorou Zangado.
Ela deu um sorriso falso e disse que os anões ficariam bem. Falou para Zangado voltar ao trabalho que ela já sabia o caminho da casa.
Envenenou uma bela maçã, vestiu-se de camponesa, com roupas muito sujas e rasgadas, os cabelos totalmente bagunçados, e faltando alguns dentes na boca. Assim a princesa nunca a reconheceria.
Passou pela frente da casa e Branca de Neve estava apoiada na janela, cantando com os pássaros. A madrasta de um sorriso simples e deixou a maçã no beiral da janela. A moça, encantada com a simplicidade daquela camponesa e com a beleza da maçã deu uma bela mordida, e caiu no chão, morta.
Para não correr o risco dos anões salvarem sua enteada, a madrasta fez com que seus guardas causassem a queda de algumas rochas nas entradas das minas de diamantes, impedindo a passagem deles para que voltassem à casa, e matando-os sufocados.
Assim a rainha continuou a ser a mulher mais bela do mundo, e nunca ninguém soube como havia morrido Branca de Neve e os sete anões mineradores.