terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Finais Infelizes III - Branca de Neve e os sete anões

Em um reino muito distante a rainha estava grávida, era a primeira filha do casal e a felicidade era imensa. Nasceu então a princesa, a pele branca como a neve e os cabelos negros, deram-na o nome de Branca de Neve. Mas a pobre rainha sofreu muito no parto, e após ver o rosto da pequena princesinha, faleceu.

A felicidade tornou-se tristeza e o rei via na filha a causa da morte da amada esposa, então não conseguia ficar muito tempo perto da criança, que recebia cuidado e carinho dos empregados do palácio.

Após um ano da morte da esposa, o rei casou-se com uma bela mulher. Está, porém, era muito vaidosa e invejosa, queria ser sempre a mais bela de todo o mundo, e para garantir que assim seria ela tinha um espelho, que havia ganhado de um feiticeiro, e todo dia perguntava:

- Espelho, espelho meu, há mulher mais bela no mundo do que eu?

E o espelho respondia:

- Em todo mundo não há beleza maior que a sua minha rainha.

E assim o tempo foi passando. Branca de Neve crescia e tornava-se uma linda moça, até que um dia a rainha, após fazer sua pergunta costumeira ao espelho, ouviu a seguinte resposta:

- A sua enteada, a Branca de Neve, agora é a mais bela.

A raiva da rainha tornou-se enorme, aquela menina não poderia ser mais bela que ela. Chamou então um guarda:

- Eu ordeno que leve Branca de Neve para a floresta e mate-a! E para eu ter certeza que o serviço foi feito, eu quero o coração dela aqui, aqui nesta caixinha.

O guarda pegou a caixinha e chamou a princesa para um passeio. Quando chegaram no meio da floresta ele teve dó de matar a inocente moça, que sempre tratou muito bem a todos no palácio.

- Vá Branca de Neve. A sua madrasta me pediu para mata-la e levar seu coração, mas eu não posso fazer isso. Corra, vá pela floresta e procure um lugar seguro, eu vou levar o coração de outro animal no lugar.

Branca de Neve correu floresta a dentro por horas e horas, as roupas já estavam rasgadas e os pés descalços, as pernas doíam e não tinha mais fôlego. Parou para descansar um pouco e então os animais a cercaram, sem ameaça-la, e ela começou a contar sua história para eles. Até que eles foram abrindo caminho na mata, para que ele pudesse ver uma pequena casinha em uma clareira adiante.

A princesa recuperou as forças, levantou e caminhou. Bateu na porta e ninguém foi atende-la. Forçou a maçaneta, viu que estava aberta e decidiu entrar. Lá dentro tudo era ainda menor. Uma mesa bem pequena, com sete pratinhos, sete copinhos e sete garfinhos. Subiu ao andar de cima e encontrou sete caminhas, todas arrumadas com belos cobertores e com os nomes escritos, os quais Branca de Neve leu e achou muito engraçados:

- Dunga, Feliz, Atchim, Mestre, Dengoso, Zangado e Soneca. Ah mas cada nome engraçadinho! Acho que não se importarão de eu dormir um pouco na caminha deles.

Só que a fome não a deixava dormir, o que a fez descer as escadas e abrir os armários, onde encontrou deliciosos biscoitos. Comeu todos, e depois subiu novamente ao quarto e deitou em uma das camas.

Os moradores daquela casinha eram sete anões que trabalhavam em uma mina de diamante dentro da montanha e chegaram um pouco tarde em casa. Viram a porta do armário aberta, o vidro de biscoitos vazio, deduziram que haviam sido saqueados. Um deles, Zangado, subiu rapidamente ao quarto para ver como estavam as coisas por lá, e se deparou com Branca de Neve em sua cama.

- Mas o que que é isso? Você come os nossos biscoitos, deixa a casa desarrumada e ainda dorme na minha cama?! Eu ordeno que levante agora e saia daqui sua invasora.

Ao ouvirem os gritos de Zangado os outros anões também subiram e depararam com Branca de Neve totalmente apavorada com o a braveza do pequeno homem.

- Calma Zangado, talvez a moça possa explicar.

- Não Mestre, não tem explicação para ir invadindo a casa dos outros assim, e comer toda a comida.

Branca de Neve pediu desculpas e começou a contar sua história, para tentar se explicar com os anões. Mas Zangado de afastou de todos e ouvia a história de trás da porta. Assim que ela contou tudo os anõezinhos concordaram em deixa-la lá, desde que ela deixasse a casa arrumada e cozinhasse para eles. Só que Zangado não gostou muito da idéia e decidiu ir até o castelo onde a princesa morava para contar tudo à rainha.

No outro dia todos sentiram falta dele, só que acharam que por raiva da moça ele deveria ter passado a noite na floresta.

Então ele chegou ao castelo, após uma noite de caminhada e pediu para falar com a rainha.

- O que você, um homem deste tamanho, tem de tão importante para tratar comigo?

- A sua enteada está na minha casa! Comeu os meus biscoitos e deitou na minha cama sem pedir permissões. Quero que faça algo.

- Impossível! Branca de Neve está morta, o meu guarda matou-a! Veja – e a madrasta pegou a caixinha com o coração – aqui está o coração dela.

Zangado soltou uma gargalhada:

- Ora minha rainha, isso é um coração de um pobre veado. O seu guarda enganou-a.

A madrasta não queria acreditar naquele pequeno homem, e decidiu fazer a pergunta ao espelho:

- Espelho, espelho meu, há mulher mais bela no mundo do que eu?

- A sua enteada Branca de Neve, que agora está em uma casinha na floresta, é a mais bela.

A madrasta teve um ataque de fúria e mandou que matassem o guarda. E depois disse ao anão:

- Eu vou me vestir de mercadora e você me leva até sua casa, que vou acabar com Branca de Neve.

Zangado guiou-a pela floresta até a casa, e foi para a mina trabalhar.

A madrasta muito bem disfarçada bateu a porta, e Branca de Neve, ingênua, abriu. A mulher vendia gargantilhas muito bonitas, e a princesa se encantou por uma que parecia a que sua mãe havia lhe deixado, e decidiu ficar com ela. A madrasta ofereceu ajuda para que ela colocasse o acessório, e apertou com tanta força que Branca de Neve não conseguia respirar, e caiu ao chão. Vitoriosa a mulher voltou ao castelo, certa de que havia vencido.

Passado algum tempo os anões voltaram do trabalho e acharam Branca de Neve caída ao chão. Mestre percebeu que a gargantilha estava muito apertada e resolveu tirar do pescoço dela, que na hora voltou a respirar.

Zangado novamente passou a noite correndo pela floresta até o castelo da madrasta.

- Minha rainha, os outros anões tiraram a gargantilha dela e ela voltou a vida. Precisa de outro plano.

Ela respondeu que já tinha outro plano, só que precisaria se livrar dos anões.

- Não minha rainha, os meus irmãos não tem culpa disso, deixe-os com vida – implorou Zangado.

Ela deu um sorriso falso e disse que os anões ficariam bem. Falou para Zangado voltar ao trabalho que ela já sabia o caminho da casa.

Envenenou uma bela maçã, vestiu-se de camponesa, com roupas muito sujas e rasgadas, os cabelos totalmente bagunçados, e faltando alguns dentes na boca. Assim a princesa nunca a reconheceria.

Passou pela frente da casa e Branca de Neve estava apoiada na janela, cantando com os pássaros. A madrasta de um sorriso simples e deixou a maçã no beiral da janela. A moça, encantada com a simplicidade daquela camponesa e com a beleza da maçã deu uma bela mordida, e caiu no chão, morta.

Para não correr o risco dos anões salvarem sua enteada, a madrasta fez com que seus guardas causassem a queda de algumas rochas nas entradas das minas de diamantes, impedindo a passagem deles para que voltassem à casa, e matando-os sufocados.

Assim a rainha continuou a ser a mulher mais bela do mundo, e nunca ninguém soube como havia morrido Branca de Neve e os sete anões mineradores.

Um comentário:

  1. -Eu sempre desconfiei que a Mari era uma pessoa má XP. Assim como ela mesma disse, o seu nome já diz tudo: MÁriana oekosokakosas-

    Ótimo post Mari, apesar de eu achar que a Branca de Neve devia ficar viva (afinal ela é tão tchukitchuki... digo digo) eu gostei bastante, obrigado por alimentar minha imaginação nessa noite. =D Obrigado.
    [Ler me inspirou para jogar RPG =D]

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