tag:blogger.com,1999:blog-8330938856830322092024-03-13T16:26:49.185-03:00"Mais que as palavras...dentro delas há um sentimento para cada um que ler"Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.comBlogger80125tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-6531250082461514752014-03-08T01:50:00.000-03:002014-03-08T01:50:17.658-03:00Humanizar...<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Era uma manhã de inverno, o frio tornava difícil a respiração e a
locomoção, as pessoas tentavam se mexer constantemente a fim de aquecer o
corpo, o que, na maioria dos casos, era inútil. No galpão onde ela estava
alguns vidros quebrados deixavam aquele ar gélido circular pelo ambiente e a
presença de vários rostos desconhecidos e aquela massa de corpos se
movimentando faziam com que um frio inimaginável percorresse a sua espinha. As
pessoas reclamavam da baixa temperatura no ambiente e ela simplesmente sorria.
Sorria porque tinha a sensação de que o frio que emanava dela era bem pior. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Era tão medrosa! Não saía de casa sozinha depois que escurecia, sempre
andava na rua olhando pra trás quando ouvia barulhos estranhos, mudava de
calçada quando achava que quem vinha na sua direção era suspeito, e costumava
suspeitar de todos. Não dormia sozinha em casa, trancava todas as portas e
janelas e pediu um canivete de aniversário para se sentir protegida, pensando
em afundar a lâmina na barriga de alguém que tentasse alguma coisa. E agora ela
estava lá, no meio de tantos suspeitos, de tudo que temia quando saia de casa,
de todos os seus pesadelos. E o fato de estar lá não fazia dela uma garota
corajosa, porque por dentro sabia o medo que sentia, sabia o quanto lutava para
controlar o tremor das mãos nervosas, para não gaguejar na fala, para manter o
olhar sereno. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
De repente, no meio de divagações e temores notou que a movimentação
se aproximava mais dela. Sentou na cadeira da sala do diretor, imóvel. Levantou
a cabeça e decidiu tentar enfrentar seus monstros internos e começou a observar
atentamente aquele entra e sai de homens, cada um com uma história pra contar,
com um possível erro, com um possível arrependimento, com uma vontade de
começar de novo. Alguns traziam sorrisos no rosto e isso a conturbava “como
conseguiam sorrir lá?”. Outros estendiam as mãos cordialmente, lançavam um
olhar curioso em sua direção, lhe cumprimentavam. E então o gelo dentro de si
começou a derreter. Talvez não tivesse o que temer. E se permitiu conhecer o
lugar, ver as faces, as expressões, ouvir as vozes, apertar as mãos e retribuir
os sorrisos. Se permitiu simplesmente viver e não temer. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
E com o tempo começou a se sentir um animal. Lembrou das várias vezes
que viu reportagens na TV e que pensava: “Porque não trancam todos lá e jogam
uma bomba?”, “Porque já não matam todos?”, “Que merda de direitos humanos que
protege essas coisas!”. Naquela época ela costumava se sentir
extraordinariamente humana, o que não acontecia mais hoje, depois de retomar
todos esses pensamentos. E talvez nem devesse se sentir um animal, porque animais
só atacam para se proteger ou por instinto, não racionalizam e vociferam frases
tão monstruosas. Isso, ela era um monstro!</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Agora olhava a sua volta, pensava nas muralhas que estavam lá fora,
nos vários portões que cruzava para chegar até o galpão, e que nunca tinha
conseguido contar exatamente quantos eram. Não contava porque quando chegava na
direção do pátio, aquele fluxo de pessoas andando em círculos tão lentamente
desviava sua atenção das grades e portões. Tentava imaginar o que se passava
naquelas cabeças, o que moviam aqueles passos, o que teriam feito antes e o que
fariam depois. E se pegava num constante fluxo de pensamentos que a tirava
momentaneamente do ar. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Se sentia tão monstruosa por algumas vezes ter desejado a morte daqueles
homens. Isso apertava o peito, lhe tirava o ar, lhe dava vontade de chorar, de
pedir perdão a um por um por aqueles pensamentos hediondos. Mal sabia ela que
lá dentro encontraria poetas tão maravilhosos quanto Pessoa, sua pessoa
favorita; atores tão bons quanto seus velhos amigos do curso de teatro;
artesãos tão fantásticos quanto o seu falecido avô; conversas tão inteligentes
e filosóficas que nem com os colegas de faculdade conseguia ter.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
As vezes tinha tanta vergonha de si e de seus pensamentos, que tinha
vontade de pedir que fizessem com ela o que ela sempre imaginava “Hey, me
tranquem aqui e me queimem, eu desejei isso pra vocês, eu não mereço que me
respeitem!”. Só que sabia que ninguém a queimaria. Quando pisou lá, achou que
era uma humana em uma jaula de animais, e agora percebeu que era um animal em
uma jaula de humanos, humanos que a humanizaram.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
E percebeu que aquela primeira impressão, que aquela sensação ruim
tinha sumido e tinha dado lugar a uma “humanização”. Ela também tinha cometido
erros, ela também tinha seus arrependimentos, ela também tinha agora a sua
vontade de mudar e tudo isso ela devia àqueles caras. </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Depois de rememorar tudo isso em outra manhã fria de inverno, levantou
da cadeira sorrindo. Aquelas pessoas lá fora eram tão ignorantes, tão
mesquinhas, tão fúteis. E então saiu andando pelo galpão, sem temor, sem frio,
sem pesadelos, sem monstros, sem desejos de mortes. E simplesmente se permitiu
sorrir, se permitiu não ser enganada por aparências ou por uma mídia
manipuladora. Se permitiu reconhecer a humanidade e ser humana.</div>
Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-91757146479442762092012-08-05T19:47:00.002-03:002012-08-05T19:59:10.644-03:00Estranhos sorrisos.<div style="text-align: justify;">
Pessoas estranhas sorriam para mim. Eu não me lembrava de nenhuma delas, daqueles braços, olhos, narizes, ou dos próprios sorrisos. Não sabia como eram as vozes, os cheiros, os nomes. Eram pessoas estranhas. Porém, se eram estranhas, porque sorriam para mim? Porque estavam lá, em porta-retratos, guardados no fundo de um baú com outras quinquilharias minhas, que não me eram estranhas?</div>
<div style="text-align: justify;">
Alguma coisa estava escrita em um dos porta-retratos, estava um pouco apagado mas dava para ler, e então enxerguei as palavras "Verão de 2009". E naquela foto muitas moças de biquini continuavam a sorrir, debaixo daquele sol escaldante, com os pés descalços na areia quente, e então senti os meus pés queimarem, porque um par de pernas lá era meu, meus pés também estavam na areia quente, meu sorriso estava congelado sorrindo para mim mesma agora, dez anos depois. Eu também era uma pessoa estranha naquela foto, quase irreconhecível.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mais para baixo do baú havia outro porta-retratos, neste havia um esparadrapo escrito "Apresentação de 2008", e vários rostos brancos de bocas pretas me sorriam. Se já eram estranhos sem as máscaras, agora então, eram completos desconhecidos. Lembrei-me vagamente de que na época eu ia a um grupo de teatro, e me caracterizei quase daquele jeito. Devia ser isso, com certeza era isso. Mas ainda assim, eram estranhos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Passaram-se mais de dez anos e eu não havia mais visto aqueles rostos, aqueles sorrisos. Talvez, alguma vez tenha sonhado com eles, lembrado bem vagamente, mas uma lembrança tão vaga que não acreditei que era de algo real do meu passado. </div>
<div style="text-align: justify;">
Pelos sorrisos, deveriam ser estranhos agradáveis, estranhos que me fizeram feliz, que tinham boa relação comigo, mas que hoje, eram somente estranhos sorrindo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Cogitei de jogar os retratos fora, mas não consegui, aqueles sorrisos estranhos e aqueles estranhos sorrindo tinham despertado alguma coisa em mim. Saudade? Talvez. Curiosidade? Mais provável. Afinal, quem eram? Como estavam hoje? O que faziam? Era interessante olhar pra cada rosto e imaginar a vida que levavam, o emprego que tinham (ou não), os relacionamentos, os filhos. </div>
<div style="text-align: justify;">
Acima de tudo, as fotos despertaram a imaginação. Rostos borrados, de lembranças apagadas, que eu podia fazer deles o que bem entendesse, podia criar neles amigos perfeitos, momentos perfeitos, que combinassem com o sorriso que me davam. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não lembrava mais deles, mas o importante é que eles ainda me faziam sorrir.</div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-1597358684186522262012-03-11T19:13:00.004-03:002012-03-11T19:32:43.734-03:00Tonto<div style="text-align: justify; "><span style="font-size: 100%; "><span>A escada parecia estreita, dava a impressão de que se tentasse subir, encalharia entre as paredes como uma orca encalha em um banco de areia. Mas era necessário. </span></span></div><div style="text-align: justify; "><span>Moveu seu corpo esguio entre as paredes de pedra fria e começou a subir a escada, que fazia curvas sinuosas, as quais não permitiam ver o que tinha a frente. As curvas tornavam a subida um mistério.</span></div><div style="text-align: justify; "><span>Os braços as vezes eram arranhados pelas paredes que teimavam em se unir ainda mais em algumas partes da subida. Parecia que a qualquer momento elas tornariam-se apenas uma, apenas um muro barrando o caminho.</span></div><div style="text-align: justify; "><span>Sentiu então que os pés tocavam uma superfície diferente, e quando percebeu não pisava mais em degraus de madeira maciça, e sim em degraus de pedras; algumas pontiagudas que conseguiam machucar seus pés dentro dos tênis; outras que, mesmo no escuro, tinham um brilho que poderia levar a cegueira se observado por muito tempo. Após as pedras, veio a areia, que parecia tornar a subida pesada. Os pés se arrastavam para sair do meio do monte de areia e se mover até o próximo degrau, tornando a subida árdua; tinha a impressão de que já havia subido mais de cinquenta degraus de areia, e na verdade tinha subido apenas sete.</span></div><div style="text-align: justify; "><span>E a superfície constantemente ia mudando. Madeira, pedra, areia, ferro, grama, pano, plástico. E a ordem se invertia. Pedra, areia, ferro, grama, pano, plástico. Quando pensava que os pés descansariam em degraus como os de grama, para a sua surpresa a ordem invertia-se novamente. Areia, ferro, pedra, madeira, plástico, pano.</span></div><div style="text-align: justify; "><span>Não sabia mais se estava subindo ou descendo, ou se estava andando em círculos.</span></div><div style="text-align: justify; "><span>Plástico, areia, madeira, ferro, grama, pano.</span></div><div style="text-align: justify; "><span>Percebeu que os arranhões nos braços nem incomodavam mais, pois a sua preocupação estava nos pés, que o levariam adiante. Por degraus de pano, plástico, grama, madeira, ferro, areia.</span></div><div style="text-align: justify; "><span>Eram tantas curvas que já se sentia tonto. Tonto pela condição de estar com tontura, e tonto por ser um humano com ideias estupidas. E o fim nunca chegava para acabar com a tontura.</span></div><div style="text-align: justify; "><span>Se parasse de subir, a condição de estar tonto não mais existiria, afinal, pararia de fazer tantas curvas. Porém, seria mais estupidamente tonto, porque teria subido até lá, para nada.</span></div><div style="text-align: justify; "><span>Percebeu que em qualquer escolha que fizesse (pano, grama, plástico, madeira, pedra, ferro), seria e estaria tonto eternamente. Assim como o círculo vicioso dos degraus que nunca acabavam, assim como o círculo vicioso da poesia de Machado, assim como o círculo vicioso de sua vida que rodava, rodava, rodava. Nunca teria fim, nem os degraus, nem a poesia, nem a vida.</span></div><div style="text-align: justify; "><span>Eternamente tonto.</span></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-61374590221082432752012-03-10T22:33:00.002-03:002012-03-10T22:49:00.016-03:00Memória<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%; "><span >Estava em mais uma de suas crises depressivas. Tomava seus comprimidos com uma voracidade absurda, como se fosse um animal caçando alimento, porém era uma garota a procura de cura. Uma cura que não encontrava. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span ><span style="font-size: 100%;">Sua cama era o refúgio para essas crises. Deitava-se e ficava a imaginar um mundo melhor, afim de animar-se com isso, e então levantar da cama toda saltitante e sorrindo para as pessoas; só que isso nunca acontecia. Na verdade as imaginações utópicas eram substituídas rapidamente por lembranças </span>nostálgicas<span style="font-size: 100%;">, que pioravam o quadro depressivo.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%;"><span >Em um de seus momentos de lembranças e imaginações, o sono dominou-a. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 100%;"><span >Subia rapidamente uma escada, com uma felicidade que ela não sabia de onde vinha, uma felicidade que não existia em sua vida há muito tempo. Um vulto surgiu na sua frente, e não teve tempo de se desviar, nem tempo de ver o que era o vulto, só sentiu a força de um corpo contra o seu próprio corpo. Foi tudo tão rápido. Sentiu o corpo rolar pelos degraus abaixo, e ouvia, com dor e assombro o estalar dos ossos quando se chocava no solo; até que no ultimo degrau ouviu um estalido quase metálico dentro de sua cabeça, e tudo apagou.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span ><span style="font-size: 100%;">Acordou em uma cama de hospital, com pessoas estranhas a sua volta. Tentou lembrar o que havia acontecido, em vão. Chamou pela sua mãe, e a enfermeira lhe disse que a mãe morava em outra cidade porém estava a caminho. </span><span style="font-size: 100%; ">Estranho, pensava ela, não se lembrava de não morar mais com os pais. </span></span></div><div style="text-align: justify;"><span ><span style="font-size: 100%;">Recebeu a visita de alguns amigos da faculdade, e se apavorou, porque não lembrava de ter passado no vestibular, nem de já ter </span>ingressado<span style="font-size: 100%;"> na faculdade, não reconhecia nenhum daqueles rostos que se diziam amigos.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span ><span style="font-size: 100%;">Foi então que o médico deu o aviso da perda de memória, e pelos exames e testes, tudo indicava que ela não lembrava de nada de seus </span>últimos<span style="font-size: 100%;"> 5 anos de vida.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span >Ela agarrou fortemente as mãos na maca, respirou fundo e fechou os olhos, tentando lembrar alguma coisa.</span></div><div style="text-align: justify;"><span >Despertou.</span></div><div style="text-align: justify;"><span >As lágrimas lavavam sua face, não pelo sonho estranho e desagradável, mas sim pelo desespero em saber que suas memórias ainda estavam intactas e prontas para continuarem a machuca-la.</span></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-14657992286499090052011-12-03T12:06:00.003-02:002011-12-03T12:29:22.001-02:007 anosDormia tranquilamente quando uma mão pequena e macia tocou delicadamente o meu rosto e despertou-me. Abri os olhos e me deparei com lindos olhos castanhos arregalados, que transmitiam um certo medo, e com um sorriso um pouco sem graça, onde notava a falta de dois dentinhos:<div>- Mamãe, sonhei com monstros, posso dormir com a senhora?</div><div>Ela era tão inocente, tão meiga, tão frágil, que até doía a ideia de perde-la pros monstros de seus pesadelos, por mais que eu soubesse que eles não existiam. Saí debaixo das cobertas, peguei ela no colo, aconcheguei-a na cama ao meu lado, e comecei a acariciar os seus cabelos, dizendo que ela não precisava ter medo. Passados alguns minutos ela já havia dormido e respirava tranquilamente, protegida de seus monstros imaginários. </div><div>Já tinha 7 anos, anos esses que passaram tão rápidos. Tinha a impressão de que ontem eu a carreguei em meus braços pela primeira vez. E agora ela já andava, falava, estudava, tinha seus amigos, e toda uma vida. Como 7 anos mudam as coisas! E como seria dali mais 7? Ela teria 14 anos, provavelmente teria alguns paqueras, estaria se formando no ensino fundamental, não teria mais medo dos monstros dos sonhos e não viria à minha cama com olhos assustados pedindo para dormir comigo.</div><div>Senti um pouco de saudade dos anos anteriores, da minha menininha que não saia da barra da minha saia, que me pedia pra brincar de boneca com ela, que segurava a minha mão pra atravessar a rua, que pra tudo gritava "mamãe", e então senti medo pelo futuro. Sabia que não poderia ser eternamente assim, afinal, dizem que criamos os filhos pro mundo, e assim já estava sendo. </div><div>Ela criava asas, e um dia alçaria voo. E com 7, 14, 21 anos ou mais, eu nunca deixaria de ama-la!</div><div><br /></div><div>~~ //~~</div><div>7 anos de saudade <span class="Apple-style-span" style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial, helvetica, clean, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; background-color: rgb(255, 255, 255); ">♥ Suzana </span><span class="Apple-style-span" style="color: rgb(51, 51, 51); font-family: arial, helvetica, clean, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px; background-color: rgb(255, 255, 255); ">♥</span></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-64344556012736798352011-11-12T20:51:00.002-02:002011-11-12T21:37:41.397-02:00Missão<div style="text-align: justify;">Despertei sentindo as mãos e os pés adormecidos, a boca estava seca e pegajosa, tinha a impressão de que havia caído de boca aberta nas areias do deserto e ficado lá por horas. Falando em horas, não fazia ideia de quanto tempo estive adormecida, talvez foram só minutos, mas considerava a probabilidade de terem sido dias. Abri as pálpebras com muito esforço, estavam absurdamente pesadas. </div><div style="text-align: justify;">Escuridão. Não enxergava nada, a não ser sombras negras por toda a parte, porém não era a falta de claridade que me assustava, e sim um par de olhos completamente brancos que se destacava no meio de todo aquele breu, e que cada vez se aproximava mais. </div><div style="text-align: justify;">Era vã a tentativa de mover os braços, colocar as pernas para correr ou pronunciar alguma palavra. Os membros não me obedeciam. Pensei em respirar fundo para me acalmar, e então tive uma pequena percepção de que eu não estava respirando, de que as narinas não inalavam os cheiros a minha volta, oxigênio não entrava para o meu corpo. E como eu ainda estava processando todos aqueles pensamentos se não conseguia respirar? E o mais estranho, eu não sentia falta de ar, eu não sentia necessidade de respirar.</div><div style="text-align: justify;">Em meio a todo turbilhão de pensamentos e percepções novas, aqueles olhos totalmente brancos já se encontravam frente ao meu. Dois passos, acho que só isso separavam meus olhos verdes daqueles olhos assustadores, sem cor, sem pupilas.</div><div style="text-align: justify;">Uma voz fina invadiu o ar, e senti um hálito quente no meu rosto, mais quente do que quando eu abria o forno de casa para tirar um bolo:</div><div style="text-align: justify;">- Tão nova, tão linda. Ah garota tola, porque fez isso?</div><div style="text-align: justify;">Eu era a garota tola? Se era, o que eu tinha feito? Não sei como percebia isso, mas aqueles olhos me miravam com ar de desaprovação e ao mesmo tempo de dó. Eram brancos e ainda expressavam tudo isso. Assustador. Assustadoramente assustador.</div><div style="text-align: justify;">- Eu imagino que você ainda não consiga falar, é tudo muito novo pra você. Vou te ajudar.</div><div style="text-align: justify;">De repente o branco dos olhos invadiu toda a minha vista, agora tudo era claridade, não havia mais escuridão, e em um instante eu me vi deitada no asfalto quente, a roupa suja com uma bela quantidade de sangue, as pernas estavam torcidas e anormais para um ser humano. Porque eu estava lá deitada daquela maneira? </div><div style="text-align: justify;">E então tirei o foco do meu corpo e observei toda a cena. A minha frente havia um carro prata, com a frente muito amassada e pontilhada de sangue. Do meu lado algumas pessoas levavam as mãos à cabeça, viravam o pescoço para os lados, reprimiam um choro. </div><div style="text-align: justify;">Toda aquela comoção começou a me tomar e eu esqueci de tentar entender o que acontecia, quando fui sugada para a escuridão. </div><div style="text-align: justify;">Agora era possível ver o dono dos olhos brancos. Um homem alto e careca, que usava uma túnica negra e aparentemente não tinha os membros inferiores. Acho que era preferível ter a visão somente dos olhos.</div><div style="text-align: justify;">- Você ainda não entendeu doce criança?</div><div style="text-align: justify;">Já era possível me mover, e então apoiei as mãos lentamente ao lado do corpo, impulsionando o tórax para frente, a fim de sentar-me. Depois de um tempo sentada e pensando na cena, não era capaz de compreender aquilo, e olhei novamente para aquela criatura assustadora.</div><div style="text-align: justify;">Ele sorriu, um sorriso que não mostrava dentes, apenas uma gengiva muito saliente e vermelha.</div><div style="text-align: justify;">- Uma linda e doce adolescente, muito apaixonada, não aguentou ser desprezada pelo amor de sua vida, e então jogou-se na frente de um carro em uma linda manhã de segunda-feira. Plaf, o carro arremessou-a e ainda esmagou suas perninhas.</div><div style="text-align: justify;">Eu lembrei, e a dor tomou conta de cada osso, musculo e nervo do meu corpo. Eu tinha me suicidado!</div><div style="text-align: justify;">- Aqui é o inferno não é? Afinal, os suicidas vão para o inferno.</div><div style="text-align: justify;">- Não - gritou a criatura, com um tom raivoso - Você não morreu ainda, embora eu quisesse já tê-la matado! </div><div style="text-align: justify;">- Não entendo - e realmente não entendia, onde estava se não estava morta?</div><div style="text-align: justify;">- Você está em coma há alguns dias, os médicos dizem que a chance de você sobreviver é nula. E assim eu espero que seja - deu uma pausa longa, pigarreou, olhou os meus olhos e continuou - A sua missão na Terra era simples minha doçura, e de toda forma a sua vida teria um fim dentro de alguns meses, só que você, muito burra, decidiu dar fim ao seu destino antecipadamente.</div><div style="text-align: justify;">- Missão? Fim dentro de meses? - um pesadelo insano, era isso. Eu iria acordar!</div><div style="text-align: justify;">- A sua missão, minha jovem, era ensinar aquele rapaz, que você amava, a andar com as próprias pernas. Era mostrar a ele que ele tinha capacidade para tudo, era tirar ele daquela comodidade e mostra-lo a vida. E você cumpriu com a sua missão, então...</div><div style="text-align: justify;">Não deixei que ele terminasse de explicar mais nada, a raiva explodia no peito:</div><div style="text-align: justify;">- Ensinei tão bem a usar as pernas, que usou uma delas para meter na minha bunda e mandar-me pra longe da vida dele.</div><div style="text-align: justify;">- Sim - e um riso irônico tomou conta do ambiente - confesso que você realizou sua missão melhor que o esperado. E, como a sua missão era essa, você não tinha mais utilidade na Terra, e morreria dentro de cinco dias, de causas naturais, sem sofrimento.</div><div style="text-align: justify;">- Sem sofrimento? Acha mesmo que não sofri quando ele pegou as pernas que eu ensinei-o a usar e meteu-as na minha bunda? Acha que não sofri vendo ele ser feliz com outra e realizando os nossos planos, meus e dele, com outra? Você não tem coração e não ama, por isso você diz sem sofrimento.</div><div style="text-align: justify;">Percebi que estava em pé, sem qualquer tipo de dor pelo corpo, somente raiva. Raiva de mim, raiva daquela criatura na minha frente, raiva daquele moleque idiota que apareceu na minha vida, raiva dessa missão ridícula.</div><div style="text-align: justify;">- E então, se eu iria morrer daqui cinco dias, e eu adiantei as coisas, porque o coma? Porque já não me levam pro inferno?</div><div style="text-align: justify;">Os olhos brancos me fitaram com ironia e desdém. As gengivas salientes e vermelhas apareceram novamente naquele rosto assombroso:</div><div style="text-align: justify;">- Você não vai morrer agora porque ele vai se sentir culpado, e isso não estava previsto no destino e na missão dele, sentir culpa pela morte da tolinha ex-namorada. Esse é o único motivo de estarmos conversando, para deixar bem avisado que você está proibida de tentar se matar novamente. Pare de interromper o ciclo natural.</div><div style="text-align: justify;">Ridículo, tudo aquilo era ridículo. O cenário, o cara, a história, a missão. Ridículo.</div><div style="text-align: justify;">- Fique calma, você não vai se lembrar disso quando despertar do coma, não vai lembrar de nada dessas coisas que está achando ridícula. Só vai se lembrar de que está proibida de tentar o suicídio!</div><div style="text-align: justify;">A voz dele foi ficando fraca, os olhos foram se distanciando e sua forma se desfazendo na escuridão. Que vida desgraçada a minha, ter nascido só para ser útil a alguém e não ganhar nada com isso, eu ia me lembrar de tudo quando despertasse do coma e tentaria me matar de novo, e de novo, e de nov...</div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-84512897581193369862011-11-01T22:02:00.003-02:002011-11-01T22:11:01.410-02:00Rosas murchas<div style="text-align: justify;">Olho para as rosas no chão, estão murchas e cinzas, assim como ficou o meu coração. Talvez dentro do buquê ainda tenha espaço para alguma cor, para alguma vida renascer, mas dentro do meu coração só espaço para o escuro e para a dor.</div><div style="text-align: justify;">E eu, que sempre acreditei que sentimentos eram fáceis de controlar, que sempre acreditei que ao estalar os dedos amaria ou desamaria uma pessoa, que sempre acreditei que não haveria amor maior que aquele que meu deu as rosas.</div><div style="text-align: justify;">Ilusão! Me iludi com rosas, com amor. Iludi a alma e o coração.</div><div style="text-align: justify;">Acreditei em sorrisos, em palavras, em passeios de mãos dadas e em promessas.</div><div style="text-align: justify;">Fui julgada e acusada. Arremessaram palavras ásperas na minha face, como se o meu coração não fosse vivo, fosse uma rocha, sólida e cinza, contudo ele ainda era vermelho-sangue.</div><div style="text-align: justify;">Usaram a palavra NUNCA para meus atos que eram tão constantes. Sim, eu acreditei no amor, eu acreditei em tudo o que eu vivia, se eu não acreditasse, não teria lutado.</div><div style="text-align: justify;">E hoje, hoje acredito que o NUNCA não era para mim, o nunca era para ele mesmo. </div><div style="text-align: justify;">Por algum tempo ainda admirarei as rosas murchas, que ficarão marrons, que secarão, que virarão pó; e pó também virará o meu amor, que foi trocado por tristeza, por desprezo, por um principio de raiva, ódio, incompreensão. </div><div style="text-align: justify;">Só as lembranças não virarão pó, entretanto se tornarão cinza, e uma hora eu NUNCA relembrarei a cor que aqueles meses tiveram em minha vida, assim como não hei de lembrar a cor das rosas murchas.</div><div><br /></div><div><br /></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-18258974090139476642011-09-09T14:11:00.003-03:002011-09-09T14:39:57.059-03:00Sob o véu da manga<div style="text-align: justify;">A manga da camiseta escondia o desenho estampado nos músculos definidos, e isso causava um frisson na população feminina da sala. Conforme os braços se movimentavam para escrever no quadro negro, a camiseta mostrava mais, ou as vezes menos, o desenho, porém nunca mostrava tudo.</div><div style="text-align: justify;">Era o mistério que deixava ele mais sexy, que guiavam os olhos das garotas para aqueles braços, que faziam as mentes trabalharem para adivinharem qual seria o desenho. Algo sexy? Algo másculo? Algo romântico?</div><div style="text-align: justify;">As mentes maquinavam, os olhos vidrados admiravam, as bocas curiosas falavam das hipóteses.</div><div style="text-align: justify;">Dia após dia, aula após aula, semana após semana. Lá estavam as camisetas sem graças, que escondiam o que poderia aumentar o delírio das meninas.</div><div style="text-align: justify;">E então um dia o calor foi amigo do público feminino, e as camisetas não apresentavam mangas. Frisson, frisson, frisson. Garotas alvoroçadas, olhos, mentes, bocas, o corpo todo atento, esperando o momento de, enfim, acabar com o mistério. E lá, nos lindos músculos definidos que pela primeira vez se apresentavam nus ao mundo, estava o desenho, estava a estampa de um palhaço dançando.</div><div style="text-align: justify;">As mentes agora só trabalhavam para fazer as bocas rirem. Um palhaço. Tanto mistério, tanta excitação, por um simples e ridículo palhaço!</div><div style="text-align: justify;">Agora nem os músculos mais pareciam ser tão sexy, nem o conjunto todo da obra parecia ser sexy. Talvez a única coisa sexy era a manga da camiseta.</div><div><br /></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-75538293530177092512011-08-30T22:07:00.006-03:002011-08-30T22:29:14.207-03:00Escada<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">As crianças corriam alegremente pelo pátio da escola, era hora do intervalo, e todos os intervalos eram iguais. Da cozinha vinha o cheiro do leite quente, do pão com manteiga. Do banheiro, o cheiro fétido de urina. Das bocas das crianças vinham os gritos, os risos, as fofocas, os segredos, os beijos escondidos atrás do muro. Do inspetor vinha a calma, a observação, a capacidade de fingir que nada de errado havia, ou a real capacidade de não deixar nada de errado acontecer. Do canto, mais frio e mais distante de todos os cheiros, de todos os barulhos, de todas as bocas e olhos, estava ela.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">Antes nunca tinha notado aquele canto da escola, porque estava no meio de toda aquela festa que era o intervalo. Nunca tinha notado como era gostoso sentir o sol da manhã na sua pele, como era algo mecânico e fascinante subir uma escada. Escada. Era lá, na frente da escada que ela estava sentada, e admirando os degraus acima.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">Um homem se aproximou:</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">- Porque está admirando tanto a escada? - indagou </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">Ela tinha vergonha de responder, só tinha os olhos marejados. Há alguns meses ela reclamava de ter que subir e descer as escadas para trocar de salas ou para o intervalo. Hoje, sentia de não poder subir as escadas. E como explicaria isso para ele? Não, os pés dele se movimentavam, ele nunca tinha percebido como era gostoso subir uma escada, a sensação de ir cada vez mais alto, de subir, de atingir o céu. Ele nunca olhou as escadas com outros olhos, como ela olhava agora.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">- Tem alguma coisa aí que eu não estou vendo? - insistiu ele.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">Sim, claro que tinha. Tinha o sonho dela de voltar a andar, de levantar daquela cadeira de rodas e poder colocar os pés no chão, de sentir as articulações do seu corpo se movendo naturalmente, pé ante pé subindo os degraus. Subindo. Indo mais alto, indo ao topo, indo ao céu. Havia muito mais em uma escada do que simples degraus. E como antes, achando todos seus pensamentos e sonhos ridículos, não respondeu isso a ele, apenas balançou a cabeça negativamente.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">O sinal anunciou o fim do intervalo, o fim dos cheiros diversos, das vozes variadas, o fim da festa.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">Braços vieram na direção dela, carregaram seu pequeno corpo em cima daquela cadeira até o topo da escada para que pudesse assistir a aula. Por mais que fosse magra, sabia que com a cadeira se tornava pesada, e não era simples para aqueles braços, por mais másculos e fortes que fossem, carrega-la até o ultimo degrau.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">Deu um leve sorriso quando chegou no topo e um dos braços másculos que carregou a cadeira se massageou, se agitou freneticamente tentando escapar da dor. Porque ela sabia que o dono daqueles braços entendia o sonho dela, ele com certeza não via mais uma escada como um simples conjunto de degraus, ele sentia os obstáculos e as dificuldades de cada movimento, ele sentia como era difícil chegar ao fim, talvez ele sonhasse em, de uma forma mais fácil, subir aquelas escadas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span">Percebeu que seus sonhos não eram ridículos. Que sonhos nunca são ridículos, por mais que envolvam subir uma escada.</span></div><div>- </div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-67378731183353778382011-08-28T17:49:00.002-03:002011-08-28T17:56:41.979-03:00...<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Chegou exausta e colocou os dedos no interruptor para acender a luz, que não acendeu, afinal, há dois meses não pagava a conta. Decidiu tomar um banho, mesmo que frio, para tentar relaxar, e não se espantou quando o chuveiro não lhe despejou nenhuma gota d'água. O estômago anunciou que estava faminto, não comia há quase 24 horas. Abriu a geladeira, praticamente vazia, uma garrafa d'água, uma panela com arroz velho e um resto de leite, era apenas isso. Pegou a panela, abriu-a, e o cheiro azedo invadiu o ambiente, a mesma coisa ocorreu com o leite; o pouco que tinha de alimento estragou com a falta de energia. Quis chorar, mas parecia que seu corpo estava em harmonia com a casa e não tinha força nem água para fazer as lágrimas despencarem. Pensou em morrer e deu uma risada, notou a barbaridade do pensamento. Morrer? Mas aquilo que ela tinha podia ser chamado de vida?</span></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-66215277792909146682011-06-02T12:45:00.002-03:002011-06-02T13:02:57.432-03:00Conquistando tesouros<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Você já lutou com todas as suas forças por alguma coisa? Já desejou algo intensamente que não media esforços para conquistar? Alguma vez, mesmo sofrendo, persistiu naquilo que todo mundo dizia ser um erro?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Talvez você nunca tenha encontrado algo de tão grande valor na vida a ponto de se entregar de corpo, alma e coração e, se ainda não encontrou, espero que encontre, porque mesmo que seja sofrido, é magnífico!</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Estava relendo os meus primeiros textos desse blog, que foi criado justamente na semana que eu encontrei o ''maior tesouro'' da minha vida. Todos os textos se referiam a tal tesouro, no começo palavras apaixonadas e esperançosas, e com o tempo, palavras apaixonadas, tristes e sem esperança.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Muitas pessoas me chamavam de idiota pelo sentimento que eu nutria, me ofendiam, riam de mim, e queriam até me ver sofrer mais, para ''aprender'' (como diziam). E eu nunca ouvi essas pessoas, porque era o tesouro da MINHA vida e não da delas, eu precisava daquilo pra mim, do meu lado, era quase uma questão de sobrevivência.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Não foi fácil, porque se tem uma coisa que machuca é a rejeição, é você fazer de tudo pra conquistar algo, e ver que a conquista está longe ou que é quase impossível. Porém, coisas fáceis não geram tanta emoção quando são conquistadas.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Várias noites encharquei o travesseiro de lágrimas, desligava o computador revoltada e me odiando por insistir nesse sentimento. Muitas vezes acordei decidida a esquecer tudo e caçar outro tesouro por aí, só que uma palavra ou um sorriso me faziam continuar persistindo nessa ''insensatez''. Em alguns momentos eu questionava se tudo isso era realmente amor ou se era orgulho, mas sempre chegava a conclusão que era, e é, amor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Em uma época que o "eu te amo" é tão banalizado pelos meios de comunicação (principalmente a internet), eu esperava ansiosamente pelo momento que conseguiria ouvir isso. Esperei ansiosamente 1 ano, mas eu ouvi, eu ouvi um "eu te amo" com sentimentos verdadeiros. Aí eu vi que tudo valeu a pena, todas as lágrimas, todas as críticas alheias, as noites em claro, a insistência. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >Hoje faz 1 ano que eu consegui "conquistar o meu tesouro", não me arrependo de nada, e faria tudo novamente, do mesmo jeitinho, porque ele é o motivo dos meus sorriso diários!</span></div><div> </div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-51321473371123767722011-04-24T17:26:00.002-03:002011-04-24T17:53:05.569-03:00Sonho<div style="text-align: justify;">Sonho. O que eu sonho? Será que eu sonhei essa vida pra mim ou sonharam ela e colocaram esse sonho em minhas costas? Ou eu fugi do caminho do meu sonho? Ou eu nada sonho, e pra não parecer inútil, vagabunda, ignorante e tudo o mais, perante a sociedade, eu invento que sonho?</div><div style="text-align: justify;">Muitas vezes não queria sonhar, não queria planejar um futuro, queria viver o hoje, sem problemas pro amanhã, sem dúvidas, sem anseios.</div><div style="text-align: justify;">Sonhei muitas coisas nos meus 19 anos. Ser professora, ser bióloga, ser jornalista. Ser famosa, ser rica, ganhar na mega sena. Ter carro importado, ter uma mansão, ser a menina mais linda do mundo. Ser mais magra, ter mais amigos, achar o príncipe encantado.</div><div style="text-align: justify;">Muitas noites deitei a cabeça no travesseiro e demorei pra dormir pensando no futuro. Fiquei com medo de muitos encontros por causa de um futuro incerto. Adiei algo pro futuro, e nunca consegui realizar.</div><div style="text-align: justify;">Maldito futuro. Inimigos de todo santo dia! Inimigo do presente, da boa noite de sono, da mente serena. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E então hoje eu sonhava em ser jornalista, pensei em muitos planos futuros, e de repente, não é mais obrigatório o diploma para exercer a profissão. Não sei como, do dia pra noite, eu decidi sonhar em ser professora de Português.</div><div style="text-align: justify;">Hei, espere aí! Eu toda vida odiei português na escola, detesto as malditas regras gramaticais que também me impedem de viver o presente! Não consigo fazer corretamente uma análise sintática, e tempos verbais me arrepiam.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sim, hoje eu sonho com regras gramaticais, hoje elas são o meu objeto de estudo e de trabalho, eu sonho linguística, literatura, didática, espanhol. Eu sonho tudo que um dia foi meu pesadelo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E então, eu não sei se quero mais esse sonho inventado, criado, copiado, imposto, esse sonho doido e sem sentido, esse sonho que me tira o sono, que me tira lágrimas, que me afasta da família, que me fez perder amigos, que me faz sentir saudades do namorado, que me levou pra longe do aconchego da minha casa, que me força a amadurecer e ser independente de uma forma brusca e sofrida.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sonho para ter um futuro. Afinal, trabalhar em uma lojinha, como balconista, ganhar um salário, chegar em casa e fazer comida para os filhos, assistir TV com a família, é coisa de quem pensa pequeno.</div><div style="text-align: justify;">Talvez seja mesmo, pra essa sociedade que quer massacrar de todas as formas a pessoa, mas não é para aqueles que são capazes de aproveitar o seu futuro.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Sonho para uma coisa incerta, para uma coisa vaga, para o indefinido. Pode ser que sonho para nada!</div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-81625025850240124962011-03-18T13:21:00.004-03:002011-03-19T21:52:27.600-03:00Monstro...<div style="text-align: justify;">Milhares de vozes ecoam ao fundo, vozes conhecidas, alegres, alteradas, nervosas, altas, baixas, sussurros! Nenhuma voz chega perto de mim, elas rodeiam, e não param nunca, elas não se calam para me ouvir.</div><div style="text-align: justify;">As mãos tremem, se agarram fortemente a superfície sólida da carteira para tentar evitar o tremor, em vão. </div><div style="text-align: justify;">A visão embaçada percebe a chegada do monstro. Sua silhueta surgi na porta, e aos poucos as vozes se calam. Ele não é maior que um homem, tem duas pernas, dois braços, apenas uma cabeça, com dois olhos, um nariz e uma boca. Ele é um humano!</div><div style="text-align: justify;">Falta o ar, o coração parece que está parando, os olhos só sabem chorar. </div><div style="text-align: justify;">Não, a culpa não é do que acabou de chegar. Eu disse monstro? Era apenas o professor entrando na sala.</div><div style="text-align: justify;">O monstro mora dentro de mim, ele não sai, ele não quer ir embora. Eu peço, eu imploro, eu choro o dia todo. Ele insiste.</div><div style="text-align: justify;">Não sei como ele é, nem se tem corpo, nem se ele existe, ou eu criei. Não tomo alucinógenos, não preciso dele pra criar as ilusões das minhas dores e do meu desespero.</div><div style="text-align: justify;">Choro, ouço as vozes longe, temo o monstro.</div><div style="text-align: justify;">Quando ele vai me tomar por completa? Quando ele vai me enlouquecer de vez?</div><div style="text-align: justify;">Já me vejo numa camisa de força, homens com braços fortes me agarrando, um prédio branco, enfermeiros, médicos, agulhas, remédios. Loucura total!</div><div style="text-align: justify;">- Vai embora, por favor!</div><div style="text-align: justify;">Imploro novamente, tento focar a atenção no homem que fala para sala, tento fazer as vozes se aproximarem, quero enxergar perfeitamente, quero respirar. </div><div style="text-align: justify;">- Por favor, desamarre os meus pulmões!</div><div style="text-align: justify;">Não, ele não desamarra, ele aperta mais. Ele faz a visão ficar pior, e aumenta o medo, a angustia, a vontade de chorar.</div><div style="text-align: justify;">E eu sei que ele não morre, talvez eu possa fazê-lo dormir, eu já fiz isso uma vez, há dois anos, e ele dormiu até alguns meses atrás. Sim, se eu acreditar em mim eu posso fazer. Porém é difícil combater aquilo que você não vê. É difícil explicar pra todo mundo que a culpa é desse monstro. As pessoas não acreditam, acham que eu tenho frescura, que eu estou fazendo cena, que eu exagero. Mas elas são maldosas em pensar assim, elas não veem que eu quase enlouqueço com o monstro?</div><div style="text-align: justify;">Você acha que é fácil pra uma garota de 19 anos assumir a sua loucura? Ouvir do médico que ela precisa ir ao hospital psiquiátrico? </div><div style="text-align: justify;">Pra uma criança é legal ter um amigo invisivel, mas pra uma jovem é horrível ter um inimigo invisível.</div><div style="text-align: justify;">Preciso da minha mãe, ela acredita em mim, ela conhece o monstro, e eu sei que ela me ajuda a fazer ele dormir, mas minha mãe está longe. Meu pai também, e meu irmão, meu namorado, minha família. Distantes!</div><div style="text-align: justify;">Lembro da música de ninar: "Dorme neném que a cuca vem pegar, papai foi na roça, mamãe foi trabalhar"</div><div style="text-align: justify;">Tenho a impressão de que fui um neném desobediente, eu não dormi então a cuca me pegou. Mas a cuca não parecia tão má assim no Sitio do Pica Pau Amarelo. </div><div style="text-align: justify;">Depois o doutor me diz que não é a Cuca que me pegou, foi o Pânico, é assim que chama o monstro. Ele não veste uma capa preta e uma mascara branca com uma boca ''aberta'' enorme. Ele domina a minha mente, traz reações ao me corpo, tira a minha vontade de comer, de sair, de estudar, de levantar da cama.</div><div style="text-align: justify;">Grito. Choro. Peço ajuda. </div><div style="text-align: justify;">EU QUERO VIVER!</div><div style="text-align: justify;">Algumas pessoas me ouvem, se aproximam, percebem o meu estado e acreditam em mim. Elas não veem o monstro, mas são meus amigos, e tentam me ajudar. Eles fazem o monstro dormir. Ufa, eu posso respirar, comer e rir. </div><div style="text-align: justify;">Pode ser que daqui algumas horas o monstro acorde, ou daqui semanas, meses, anos. Espero que nunca mais. Eu só quero PAZ!</div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-5406403011592471532011-01-29T22:56:00.003-02:002011-01-29T23:11:07.345-02:00Os opostos se repelem!<div style="text-align: justify;">Durante um show de rock eu comecei a minha filosofia sobre essa história de opostos se atraírem.</div><div style="text-align: justify;">Eu curtia rock. Pelo menos, eu fingia curtir, enquanto eu ainda seguia os gostos do meu irmão. Depois as coisas mudaram, eu criei autonomia, e comecei a gostar das coisas por mim e não por ele. Rock ficou pra trás. Nada mais de bandas berrantes, sons de guitarras elétricas e tudo o mais. </div><div style="text-align: justify;">Não que eu odeie esse estilo de música, nada contra! E até aprecio algumas músicas assim. Porém, dou preferência pra outras coisas, como por exemplo, um samba ou pagode.</div><div style="text-align: justify;">O que eu fazia em um show de rock? Fazia companhia a uma pessoa. Eu não fui pelo som, pelo estilo, pela banda. Fui por amor a quem estava comigo.</div><div style="text-align: justify;">Mas quantas pessoas fazem o que não gostam por amor ao outro? Acredito que não são muitas, eu, pelo menos, vejo que não dei essa sorte.</div><div style="text-align: justify;">Todos os shows da banda que eu gosto, eu vou desacompanhada, eu nunca vou dançar com aquela pessoa com quem eu deveria estar dançando, eu nunca vou poder cantar no ouvido daquela pessoa trechos de músicas que eu gosto e que eu acho que se encaixa na nossa história. Eu nunca vou poder fazer isso porque temos gostos opostos!</div><div style="text-align: justify;">Imagina você, compra um ingresso pra assistir a um espetáculo de balé, porém vai sozinha, seu namorado prefere street dance e não cogita a ideia de te acompanhar. Você senta cercada por casais, a música romântica te contagia, você se emociona com os passos, os voos, a leveza, e todo o envolvimento da dança. Você não tem ninguém ao seu lado com quem dividir isso!</div><div style="text-align: justify;">Planeja uma viagem dos seus sonhos, uma praia, muita areia, sol, água salgada. Mas quem está com você prefere a neve, e não arreda o pé! Você viaja sozinha, aproveita tudo sozinha. Ou, fica na sua casa sonhando com a viagem.</div><div style="text-align: justify;">No domingo, calor, você quer ir tomar um sorvete, dar uma volta, já que não suporta futebol. Porém, ele fica jogado no sofá, gritando horrores, suando, e você aguentando tudo!</div><div style="text-align: justify;">Eu me pergunto, como sobrevive um relacionamento onde as pessoas não tem nada em comum? Se ambas abrirem mão as vezes, pode até funcionar. Mas e quando só um lado abre mão? Ou quando nenhum dos dois arreda o pé?</div><div style="text-align: justify;">E então, cada um vai pro seu canto, com a sua tribo, faz o que curte, e depois, se vê, da alguns beijinhos, trocam umas palavras. Não dividem uma vida, não fazem parte da vida um do outro.</div><div style="text-align: justify;">Como pode falar que opostos se atraem? Qual a graça de ouvir um NÃO pra tudo que você diz SIM ou vice e versa?</div><div style="text-align: justify;">Por isso, no meio de sons e berros estridentes, eu tive a total certeza que os opostos só se atraem em química e física. No amor, os opostos se repelem! </div><div><br /></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-18523639470039782652011-01-18T22:37:00.002-02:002011-01-18T22:44:46.718-02:00Correria<div style="text-align: justify;">Os pés se movimentavam rapidamente, as pernas esforçavam-se. Ela corria na mais alta velocidade que conseguia. </div><div style="text-align: justify;">Enquanto corria pelas ruas, os pés pisavam em poças d'água que a chuva da tarde formara, e molhava seus sapatos e suas meias, porém, correr era mais importante que tudo.</div><div style="text-align: justify;">No ritmo dos pés ia também o coração, cada vez mais acelerado. Parecia que ele queria saltar do peito, que dava murros pelo lado de dentro. Os pulmões também sentiam a velocidade, sentiam a falta do ar, que entrava com dificuldade pela boca aberta, que puxava todo ar que podia, já que o nariz não dava mais conta dessa tarefa.</div><div style="text-align: justify;">A cada minuto de corrida olhava pra trás, precisava garantir que daria certo. E fazia a coordenação de movimentar rapidamente as pernas e mover a cabeça.</div><div style="text-align: justify;">Chegou em um ponto de ônibus, para sua alegria tinha uma pessoa lá, uma velhinha que fazia um bordado. As pernas se acalmaram, e começaram a andar calmamente, o coração foi voltando ao ritmo normal e os pulmões agradeceram pelo ar que entrou fartamente pelas narinas. Ela se aproximou mais da senhora, e disse:</div><div style="text-align: justify;">- O ônibus pra São Paulo já passou?</div><div style="text-align: justify;">A velhinha sorriu, e disse que não.</div><div style="text-align: justify;">Ufa, pensou ela, a correria não tinha sido em vão, ela conseguiria ver os pais naquele natal.</div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-33467457941291578852010-12-23T21:52:00.006-02:002010-12-23T22:21:41.062-02:00Voar e ser luz...<div style="text-align: justify;">- Ah Bianca vem pra cá. Sente esse vento, veja essa avenida iluminada!</div><div style="text-align: justify;">Luiza estava sentada na janela do seu quarto, morava no quarto andar de um prédio da Av. Paulista, e se maravilhava ao ver as luzes daquela altura, ainda mais a noite, um brilho magnifico. Bianca era sua melhor amiga, estava sentada na poltrona de Luiza, tinha uma revista na mão mas não se importava com o que estava escrito, prestava atenção apenas na amiga.</div><div style="text-align: justify;">- Você é louca, sabe que é perigoso. E se você se desequilibrar?</div><div style="text-align: justify;">- É mesmo Bia, e se eu cair?</div><div style="text-align: justify;">- Cala a boca Luiza, você não vai cair, entendeu? Não vai?</div><div style="text-align: justify;">- Nossa Bia, mas agora mesmo era você que estava falando que eu podia me desequilibrar.</div><div style="text-align: justify;">- Ah Luiza, você me tira do sério.</div><div style="text-align: justify;">- Bia, imagina como deve ser? Você sentir o vento tocando todas as partes do seu corpo, toda a musculatura se relaxando, os passaros voando ao seu lado. A sensação de liberdade deve ser imensa. Voar do quarto andar!</div><div style="text-align: justify;">- Acordaaaa! Não temos asas.</div><div style="text-align: justify;">- Quem disse que preciso delas?</div><div style="text-align: justify;">Luiza fez um movimento rápido, e colocou os pés na janela. Agora não estava mais sentada balançando as pernas do lado de fora. Ela apoiava com uma mão no trilho da cortina que estava do lado de dentro e outra em um ganho ao lado de fora, onde deveria estar pendurada a rede de segurança, que ela havia removido há alguns instantes, para tomar um vento e ver melhor as luzes.</div><div style="text-align: justify;">Bianca começou a ficar nervosa, não queria ver a amiga desequilibrando e caindo do quarto andar. Não queria perder a melhor amiga, e sabia que uma queda do quarto andar era morte.</div><div style="text-align: justify;">- Bia, as luzes são lindas, venha ver, para de ser boba. Azul, verde, amarelo, vermelho. Vermelho como sangue.</div><div style="text-align: justify;">Essa ultima observação não foi muito bem aceita por Bianca, que fez cara de nojo e revirou os olhos.</div><div style="text-align: justify;">- Eu já vi essas luzes Luiza, se você não se lembra eu moro no prédio da frente. Agora desce daí e vamos as compras.</div><div style="text-align: justify;">- Compras? Vou comprar o que? Meus pais não vão passar o natal comigo Bia, lembra que eles sofreram um acidente de carro e morreram mês passado?</div><div style="text-align: justify;">- Eu lembro - respondeu a outra, com uma voz baixa, e como se pedisse desculpas. - Mas faça compras pra você.</div><div style="text-align: justify;">- Bia, eu queria comprar a paz, a liberdade, queria comprar algo que preenchesse esse vazio do meu peito. Quem sabe comprar a vida dos meus pais de volta? Ou se não comprar um caminho para me juntar a eles.</div><div style="text-align: justify;">- Cala a boca Luiza! Você sabe que só tem um caminho, e é mor... - Bia não conseguiu terminar a palavra, mas a amiga se adiantou.</div><div style="text-align: justify;">- Morrendo! Sim Bia, morrendo! Mas que besteira a minha, não preciso comprar a morte, é só eu soltar as mãos aqui e pronto, morri! - Quando terminou a frase, ela soltou a mão do gancho ao lado de fora, e começou a tremer as pernas, como se perdesse o equilibrio. Bia ficou apavorada e começou a gritar.</div><div style="text-align: justify;">- Calma sua escandalosa, eu só estava brincando, estou aqui, inteira e viva. Mas seria maginfico me juntar a essas luzes, a esse vento.</div><div style="text-align: justify;">- Vou embora Luiza, você está me assustando.</div><div style="text-align: justify;">Luiza abriu um pequeno sorriso, desceu da janela e deu um forte abraço na amiga, pedindo desculpas por assusta-la. Depois levou-a até a porta do apartamento, se despediu calorosamente, dizendo o quanto Bia era importante na vida dela, e deu um embrulho dourado com um cartão como presente de natal para ela.</div><div style="text-align: justify;">Bia desceu o elevador rindo. Ria da amiga louca que tinha, ria do susto que levou achando que ela ia mesmo se jogar da janela, ria de tudo. Saiu do prédio e atravessou a rua, ia feliz pra sua casa, até ouvir a voz de Luiza.</div><div style="text-align: justify;">- Hei Bia! Aqui em cima.</div><div style="text-align: justify;">Maluca. Pensou Bia, aquela maluca estava de novo em pé na janela. Bia pulou, acenou, gritou para ela sair de lá. Mas o barulho da avenida era maior que o de sua voz, e então ela ouviu.</div><div style="text-align: justify;">- Bia, voar como os passáros, ser luz!</div><div style="text-align: justify;">E então, em segundos o corpo de Luiza estava voando ao chão, os ossos quebrados, o sangue vermelho, vermelho como as luzes de natal da Paulista! </div><div><br /></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-446990869563132632010-12-21T23:35:00.003-02:002010-12-21T23:59:02.692-02:00Em casa...<div style="text-align: justify;">Faz muito tempo que não uso meu blog como um diário, para desabafos, para homenagens às pessoas. Mas hoje é um dia diferente. Essa terça-feira 21 foi praticamente uma sexta-feira 13 na minha vida! Não, eu não vi um lobisomem, ou fui atacada por vampiros, ou coisas maléficas assim.</div><div style="text-align: justify;">Primeiro, a madrugada foi muito quente, os pernilongos me devoravam, e eu sonhei que tinha brigado com o meu "affair" (se você quiser, pode chamar de namorado, todo mundo denomina nosso relacionamento como namoro, mas ele não o faz, então, é melhor eu também não denominar assim). </div><div style="text-align: justify;">Depois, acordei tarde, e tinha um bilhete da minha mãe descrevendo as tarefas domésticas do dia. Um calor insuportável e eu limpando a casa, lavando quintal, lavando as louças. E o panetone que comi no café da manhã não foi muito bem aceito pelo estômago. </div><div style="text-align: justify;">Enfim, meio do dia, o meu "affair" entra no MSN, e o sonho torna-se realidade, a gente briga! Isso é constante, as vezes até demais. Sei que não sou uma pessoa muito fácil de lhe dar, sou exigente, talvez complexa. O problema pode ser que eu realmente sei o que eu quero, e nem sempre vou encontrar pessoas dispostas a isso.</div><div style="text-align: justify;">Detesto brigas assim, porque eu fico irritadamente irritada pelo resto do dia, fico seca e fria, não quero mais saber de conversas, e tudo me estressa.</div><div style="text-align: justify;">Pra melhorar quebrei um copo, fui ler um livro que me indicaram e odiei ele, o filme da sessão da tarde me deu tédio! E depois de tudo isso, briguei outra vez com a mesma pessoa.</div><div style="text-align: justify;">Sim, eu tenho uma facilidade incrivel pra iniciar discussões, mas não para termina-las.</div><div style="text-align: justify;">E eu não sei o que vem acontecendo comigo, mas desde que eu voltei pra Americana, a minha paciência tem diminuido.</div><div style="text-align: justify;">Com isso, eu percebi que talvez as pessoas tenham razão, que quando você sai de casa, mora sem os pais em outra cidade, aquela nova casa poderá ser chamada de LAR. Porque é pra lá que eu tenho vontade de correr, de se trancar no meu quarto e chorar, e depois ir pedir um ombro das minhas irmãs de república. A minha mãe não entenderia a minha briga, os meus sentimentos, e sei que elas entenderiam.</div><div style="text-align: justify;">E tudo isso me deixou com saudades DE CASA, fez um buraco no peito e ficou vazio. Por um momento foi quase possível sentir o cheiro de lá, o ar puro da cidade não desenvolvida, as gargalhadas da Lah, a serenidade da Dri, as loucuras da Débora, o companheirismo do Guto.</div><div style="text-align: justify;">Só que depois de todas essas lembranças e saudades de Assis, eu me surpreendi com amigos americanenses. Nessa terça com aspecto de sexta-feira 13, eu praticamente ganhei o perdão de um amigo, eu ganhei um abraço que me reconfortou de tudo, que me refez. Eu gargalhei como uma criança, eu brinquei como tal. Eu me senti em casa.</div><div style="text-align: justify;">Por fim, percebi que não são as paredes e o telhado que fazem o meu LAR, e sim as pessoas que estão a minha volta. E onde eu tiver pessoas que me façam sorrir e que me dê um abraço amigo, que enxugue as minhas lágrimas e me perdoe, eu vou me sentir em casa.</div><div><br /></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-40290979274378344832010-12-15T12:04:00.008-02:002010-12-15T12:48:48.976-02:00Melhores amigas<div style="text-align: justify;">Meu nariz não estava mais acostumado ao ar poluído de Americana e queimava, minhas pernas chacoalhavam freneticamente com a impaciência em esperar um ônibus, e o frio arrepiava os pelos do meu braço. Fazia tempo que eu não visitava Americana e mais tempo ainda que eu não pegava um circular naquela cidade. </div><div style="text-align: justify;">Já era noite, a rua estava totalmente vazia e, para ajudar, o poste que era responsável por iluminar o ponto de ônibus estava apagado.</div><div style="text-align: justify;">Meus olhos percorriam toda a extensão da rua, meu pescoço virava-se rapidamente de um lado ao outro, minhas mãos percorriam meus braços afim de esquenta-los, e as pernas continuavam a chacoalhar no seu ritmo frenético. Então, eu avistei um vulto que virava a esquina e vinha em direção ao ponto do ônibus. Isso me trouxe paz, que até as pernas se aquietaram. Eu detestava ficar sozinha.</div><div style="text-align: justify;">O vulto foi se aproximando e trazendo mais paz, porque era alguém conhecido, ou pelo menos eu achava que conhecia. A luz do poste foi acendendo, e fracamente iluminou o vulto, os cabelos longos e escuros eram bagunçados pelo vento, e aqueles olhos castanhos por debaixo do óculos eram familiares. </div><div style="text-align: justify;">O vulto transformou-se em pessoa, chegou finalmente ao ponto do ônibus e sentou-se ao meu lado. Por um momento pensei que eu estava confundindo a pessoa com alguém, porque ela mal olhou para mim, não deu um sorriso e nem acenou. Então comecei a olhar atentamente, a estatura era a mesma, o jeito de sentar, as roupas com o mesmo estilo de antes, ela não havia mudado em nada, e eu também não, pelo menos acreditava que não, por isso era difícil acreditar que não havia me reconhecido.</div><div style="text-align: justify;">Neste momento olhei para o poste, e pensei que o motivo poderia ser a pouca luz, e veio a ideia de conversar com ela, assim ela reconheceria. Limpei a garganta, passei a língua pelos lábios, e disse:</div><div style="text-align: justify;">- Olá!</div><div style="text-align: justify;">Demorou para perceber que eu estava falando com ela, olhou para os lados, admirou a fraca luz do poste, e então respondeu.</div><div style="text-align: justify;">- Ah, olá. Me desculpe, não notei que falava comigo.</div><div style="text-align: justify;">Eu abri um sorriso, era muito bom ouvir aquela voz amiga, que tantas vezes tinha me consolado, me feito rir, me dito palavras de carinho e de amor.</div><div style="text-align: justify;">- Como você está? - tentei prosseguir a conversa</div><div style="text-align: justify;">- Estou bem, obrigada.</div><div style="text-align: justify;">A conversa foi interrompida por ela, não quis prosseguir, não perguntou como eu estava. Talvez ela não estivesse muito bem, não quisesse conversar. Virei meu rosto para o outro lado da rua, vendo se meu ônibus não vinha, e decidi esquecer a presença dela, que se antes me trouxe paz, agora aumentava o frio.</div><div style="text-align: justify;">Mas, ela pareceu notar a tristeza fixando-se em minha face, e continuou a conversa:</div><div style="text-align: justify;">- E você, como está?</div><div style="text-align: justify;">- Bem. - Se ela sabia ser fria, eu também sabia, e parei nisso.</div><div style="text-align: justify;">Minhas pernas voltaram a se mexer num ritmo descompassado e rápido, minhas mãos estavam inquietas procurando aquecer meus braços, e minha cabeça percorria toda a extensão da rua, com a esperança de que meus olhos vissem o ônibus.</div><div style="text-align: justify;">Ficamos em silêncio, cada uma com sua reação corporal, com sua respiração calma, sem olhar diretamente uma para a outra. E passado alguns minutos, meus olhos avistaram o ônibus que eu precisava pegar.</div><div style="text-align: justify;">Levantei-me, e dei sinal para o ônibus. Olhei pela ultima vez para ela e disse:</div><div style="text-align: justify;">- Passar bem!</div><div style="text-align: justify;">Ela levantou os olhos e me encarou:</div><div style="text-align: justify;">- Me desculpe, mas quem é você?</div><div style="text-align: justify;">A sensação era como se alguém tivesse socado meu estômago, um calor tomou conta do meu rosto e lágrimas escorreram da minha face. Ela realmente não se lembrava de mim. Antes que eu pudesse refrescar-lhe a memória o ônibus estava parado, esperando o meu embarque, e antes que eu entrasse respondi:</div><div style="text-align: justify;">- Você costumava me chamar de melhor amiga.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-7506541130796074312010-11-17T17:02:00.001-02:002010-11-17T17:03:33.266-02:00Resenha: Um apagão na humanidade.<p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right">NETO, Mariana Asbahr¹</p> <p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right">PAIVA, Marcelo Rubens. <b style="mso-bidi-font-weight:normal"><i style="mso-bidi-font-style:normal">Blecaute</i></b>. São Paulo: Mandarim, 1997.</p> <p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right"><br /></p> <p class="MsoNormal" align="right" style="text-align: left;line-height: 150%; "><span class="Apple-tab-span" style="white-space:pre"> </span>Marcelo Rubens Paiva, jornalista, romancista e dramaturgo, surgiu como um grande ícone da literatura nacional no ano de 1982, com a publicação do seu primeiro romance, o livro autobiográfico <i style="mso-bidi-font-style:normal">Feliz Ano Velho</i>, <i style="mso-bidi-font-style:normal">best-seller</i> da época e com o qual ganhou o prêmio Jabuti . Escreveu mais sete romances e atualmente dedica-se ao teatro.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%"><i style="mso-bidi-font-style:normal">Blecaute </i>é o segundo livro do autor, publicado em 1986, e considerado um romance apocalíptico. A história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista Rindu, que, perturbado por todos os acontecimentos de sua vida e questionando a sua existência, conta, desde o princípio, os fatos que ocorreram para gerar tais sentimentos. E, certas vezes, tem alguns <i style="mso-bidi-font-style:normal">flashbacks </i>de sua infância ou juventude, que explicam melhor os fatos atuais, a sua maneira de agir e relacionar-se.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%">O tema central da obra, ao contrário do que se imagina quando o título é lido, não é a falta de energia elétrica, e sim o fim do mundo, um “apagão” na humanidade. Outros assuntos também são abordados, como a necessidade de comunicação, de relacionamentos afetivos e sexuais, de ocupação mental e de convívio social. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%">A narrativa conta a história de Rindu e seus amigos, Mário e Martina, que após uma palestra de Espeleologia, a ciência que estuda as cavernas, decidem montar um grupo para realizar estudos sobre o assunto, e, em um feriado prolongado, resolvem colocar os estudos em prática e vão para Betari, uma região cheia de cavernas no Vale do Ribeira. Enquanto cochilavam dentro de uma das cavernas, o nível da água do riacho que por lá passava subiu, deixando-os presos por aproximadamente três dias. Quando, finalmente, saem da caverna, encontram a cidade totalmente diferente: os carros parados no meio das estradas e acostamentos, as pessoas imóveis, duras, como se estivessem cobertas por uma camada de plástico, era o fim do mundo. Os únicos sobreviventes são eles e os animais. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%">E com isso, os três amigos começam a tentar descobrir o que aconteceu e a sobreviver em um mundo onde não tem mais obrigações, convívios sociais e ocupações. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%">Isso, a principio, é visto como benéfico, pois eles têm total liberdade, porém, com o passar dos meses, a rotina, o tédio e a necessidade de uma vida social começam afetar o humor e a mente deles, causando os desentendimentos e até os a ruptura dos laços afetivos.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%">Os relatos são divididos em seis capítulos, o primeiro, denominado “Principio”, introduz o leitor na história, contando como começou o estudo da Espeleologia, e a descoberta do “fim do mundo” quando saíram da caverna. Os quatro capítulos seguintes recebem os nomes das estações do ano, começando pelo Outono, seguido de Inverno, Primavera e Verão, que dão ao leitor a percepção do tempo decorrido na história, que é de um ano, e onde são colocados os acontecimentos e as dificuldades da vida dos três amigos, perante um mundo “plastificado”. E por fim, o ultimo capítulo é nomeado “Uma distante estação”, onde o narrador conta como está sua vida e o que resta do mundo, passado muitos anos desde o dia em que saíram da caverna. Essa denominação mostra, também, a inexistência de noção de tempo do protagonista por causa da solidão e da falta de necessidade de contar tal tempo, já que ele não denomina quantos meses ou anos passaram-se ou qual a estação que se encontra, apenas diz que está em uma estação distante.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%">O número de páginas dos capítulos é totalmente variável, tendo entre 12 e 54 páginas; porém o texto é bem disposto na página, o tamanho da fonte e o espaçamento entre linhas favorecem a leitura, principalmente o maior espaçamento entre as linhas nas quais o narrador muda totalmente o foco da narração.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%">A mudança do foco narrativo é uma característica presente do começo ao final do livro. Rindu deixa várias lacunas em suas narrações, normalmente não dá seguimento às narrativas das discussões entre os três amigos, e frequentemente acelera a narração, parando-a em um ponto e retomando-a após acontecimentos futuros. Essas lacunas permitem ao leitor uma maior interatividade com o texto, a ponto de poder tirar suas próprias conclusões, de imaginar e exercitar a sua capacidade de interpretação do que pode ter acontecido durante as horas que não são narradas, ou, até mesmo, demonstra a falta de atividades e de movimentação de uma vida a três, sem obrigações e deveres, já que o mundo está parado.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%">A linguagem utilizada também permite uma maior proximidade do leitor com o narrador, uma vez que este usa uma linguagem coloquial, com expressões da oralidade e gírias, e faz a narrativa parecer um verdadeiro diálogo com quem está a ler. Outra particularidade da linguagem é o constante emprego de “palavrões”, que são muito bem empregados para expressar a raiva e o transtorno mental dos personagens frente às dificuldades que encontram, o que não torna a linguagem pobre ou desvaloriza o livro.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%"><i style="mso-bidi-font-style:normal">Blecaute </i>se aproxima por completo do mundo dos jovens, o que é um ponto favorável, já que os incentiva a leitura. Consegue provocar no leitor uma reflexão sobre a vida, a valorização do ser humano e do convívio social, sem discursos moralistas ou ideológicos. <span style="mso-spacerun:yes"> </span>E mostra, assim como Machado de Assis em sua obra <i style="mso-bidi-font-style:normal">Dom Casmurro</i>, que um livro não precisa ter todos os mistérios solucionados e um final feliz para ser um bom livro. <span style="mso-spacerun:yes"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%"><span style="mso-spacerun:yes"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:27.0pt;line-height: 150%"><span style="mso-spacerun:yes"><span class="Apple-style-span" style="line-height: normal; "></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt; line-height: 24px; "><span style="font-size: 9pt; line-height: 18px; ">____________________________________________________________<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 27pt; line-height: 24px; "><span style="font-size: 9pt; line-height: 18px; ">1-Estudante do primeiro ano do curso de Letras da UNESP, campus de Assis – São Paulo</span></p><p></p>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-28712110103924773142010-10-27T00:14:00.007-02:002010-10-27T00:46:10.001-02:00Inúteis<div style="text-align: justify;">Toda noite os caminhões de lixo deixavam a cidade e dirigiam-se à um aterro distante e isolado. O percurso demorava cerca de uma hora, os motoristas iam atentos na estrada, um acidente poderia causar uma sujeira enorme.</div><div style="text-align: justify;">Aproximadamente onze caminhões deixavam a cidade naquele dia, carregavam lixo de todo tipo: orgânico, reciclável, entulhos. Todas as coisas inúteis tinham o aterro como destino.</div><div style="text-align: justify;">Dentro de uma das carrocerias, alguns lixos conversavam entre si, para passar o tempo da viagem:</div><div style="text-align: justify;">- Nunca pensei que iria parar aqui!</div><div style="text-align: justify;">- Eu também não - respondeu outro lixo</div><div style="text-align: justify;">- Estamos em muitos aqui dentro? - perguntou uma voz ao fundo</div><div style="text-align: justify;">- Não sei, está escuro, não enxergo muito bem - respondeu outro ao longe</div><div style="text-align: justify;">- Faz assim, cada um fala seu nome, e contamos em quanto estamos.</div><div style="text-align: justify;">- Luíz</div><div style="text-align: justify;">- João</div><div style="text-align: justify;">- Pedro</div><div style="text-align: justify;">- Diná</div><div style="text-align: justify;">- Joaquim</div><div style="text-align: justify;">- Ramon</div><div style="text-align: justify;">- Joana</div><div style="text-align: justify;">- Mais alguém? - perguntou João, que tinha iniciado a conversa.</div><div style="text-align: justify;">O silêncio se instalou no ambiente, se ouvia apenas os sons dos motores e do atrito dos pneus com o asfalto.</div><div style="text-align: justify;">- Então, somos sete. - Concluiu João.</div><div style="text-align: justify;">- Não, somos oito - disse uma voz infantil - Gabriel! Me chamo Gabriel!</div><div style="text-align: justify;">- Quantos anos você tem menino? Não é muito novo para ser descartado assim? - Indagou Joana</div><div style="text-align: justify;">- Tenho oito anos dona. Mas eu era um peso pra minha mãe, então ela me descartou. Alguém pode falar pra onde a gente vai?</div><div style="text-align: justify;">Silêncio outra vez.</div><div style="text-align: justify;">Todos que lá estavam, menos o garoto, sabiam que não iam à lugar algum, que se tivessem sorte conseguiriam continuar vivos. Mas assim era o programa do governo para acabar com os moradores de rua, os doentes, as pessoas invalidas e inúteis à sociedade.</div><div style="text-align: justify;">Ninguém teve coragem de explicar isso para Gabriel.</div><div style="text-align: justify;">Os caminhões estacionaram, os lixos se retiraram ou foram retirados. Esteiras rolavam por todos os lados, martelos, pregos, lâminas, fogo, areias e pedras.</div><div style="text-align: justify;">Os homens guiavam os lixos para uma sala fechada, a cena lembrava os filmes nazista que mostravam os judeus indo para as câmeras de gás, porém, era 2056, mais de 100 anos pós segunda-guerra. E agora essa prática era bem-vista por todos os países, era considerada uma prática para garantir a sustentabilidade e o nível de vida da população.</div><div style="text-align: justify;">Gabriel não entendia de política, não conhecia o nazismo, não sabia de quase nada. Seus oito anos de vida não lhe proporcionaram muito conhecimento. A única coisa que ele sabia, era que naquele momento a sua cabeça começara a doer, a vista embaçava, não conseguia respirar, parecia que alguém apertava seus pulmões e tirava a força de suas pernas.</div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-50654033516120564162010-10-19T11:39:00.005-02:002010-10-19T11:55:28.662-02:00Viagem<div style="text-align: justify;">A rodovia era iluminada apenas pelo farol do ônibus e dos poucos carros que por ela transitavam. Já era noite, uma garoa fina molhava a pista, grande parte dos passageiros dormiam, e a viagem seguia.</div><div style="text-align: justify;">Um carro escuro seguia o ônibus. É normal carros fazerem a mesma rota. Só que este começou a acelerar, se emparelhou ao ônibus, e abaixou o vidro:</div><div style="text-align: justify;">- Conduz pro lado, conduz pro lado, lá pro caminho de terra no meio da cana. - Disse uma voz masculina de dentro do carro.</div><div style="text-align: justify;">As mãos do motorista tremiam no volante, suava frio, o coração acelerou e seus olhos marejaram de lágrimas. Levava com ele quarenta passageiros. Se fosse pro caminho de terra, essas quarenta pessoas teriam seus bens furtados, porém, se não conduzisse, levaria um tiro na cabeça e perderia o controle do ônibus, e as pessoas perderiam a vida.</div><div style="text-align: justify;">Oscilava entre um pensamento e outro, evitava olhar para o lado de fora, para não tremer ainda mais vendo a arma apontada em sua direção. </div><div style="text-align: justify;">Alguns dos passageiros acordaram com a voz que ameaçava o motorista, e nos seus bancos temiam, temiam por perder seus bens, temiam por perder suas vidas. Temiam calados.</div><div style="text-align: justify;">E então, um farol veio de encontro ao ônibus e ao carro dos bandidos, um farol alto de um carro que zigue-zagueava, de um carro que vinha na contra mão. A velocidade era muito alta, em segundos o carro se aproximou e não deu tempo para que nenhum motorista desviasse do choque. </div><div style="text-align: justify;">Na hora que ia chocar-se, o carro jogou para a esquerda, atingindo o carro dos ladrões em cheio, sem esperança alguma de ter restado vida a alguém.</div><div style="text-align: justify;">Suspiros aliviados eram ouvidos dentro do ônibus, por mais que a desgraça do lado de fora havia sido enorme, a vida dos quarenta passageiros estava salva. Os corpos relaxavam nos bancos, as mãos do motorista paravam de tremer e seu coração tentava voltar ao ritmo normal. </div><div style="text-align: justify;">A rodovia voltara a ser iluminada apenas pelo farol do ônibus e dos poucos carros que por ela transitavam, com exceção das luzes do carro da polícia e das ambulâncias que ficavam para traz, até não serem mais notadas. Já era noite, uma garoa fina molhava a pista, grande parte dos passageiros dormiam, e a viagem seguia.</div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-7723652182235431222010-09-29T17:13:00.005-03:002010-10-01T19:30:18.171-03:00Poeira- Corre! Corre! Corre! Os hômi, os hômi! Vamo mano, corre!<div>Pernas apressadas corriam, pisavam fortemente na terra dura, pernas de todos os tamanhos, de várias cores, pés descalços que movimentavam a poeira. Pé ante pé, pé ante pé, rápidos, velozes!</div><div>No meio de tanta correria alguns tropeços, alguns tombos, pés passavam por cima daqueles que não tinham pernas para correr. Necessidade de sobrevivência!</div><div>- Mano cadê o Marquinhos? </div><div>- Não sei, se dane, corre cara, corre!</div><div>- O Marquinhos caiu! Levanta Marquinhos, corre mano, corre! Os hômi vai te pega!</div><div>Marquinhos não levantou, Marquinhos não correu, Marquinhos nem se quer ouviu.</div><div>Os pés passaram apressados. Passaram! Deixaram pra traz o silêncio. Somente o soprar do vento fazia barulho agora. A poeira levantada pelos pés apressados agora baixava, devagar bailava pelo ar até tocar o chão, e então fazer companhia silenciosamente ao silêncio eterno de Marquinhos.</div><div>Os hômi não chegaram. Os hômi não pegaram Marquinhos. Marquinhos virou poeira.</div><div><br /></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-52304802429107467982010-09-16T19:35:00.004-03:002010-09-16T19:52:51.094-03:00Bieber no lugar da Xuxa<div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Enquanto eu esperava (im)pacientemente o médico, uma avó tentava cuidar de suas duas netas, uma de aproximadamente um ano e a outra um pouco mais velha. A mais velha era um encanto de menina, loirinha de olhos azuis, falava muito e até bem pra sua idade. E dentre as tentativas de fazer as meninas ficarem quietas, a avó propôs dela cantar, e então a garotinha soltou a voz:</div><div style="text-align: justify;">- Baby, baby, baby uuuuuh!</div><div style="text-align: justify;">Segurei para não rir, ela cantava Justin Bieber com a voz quase idêntica a dele.</div><div style="text-align: justify;">Como eu desconfiava! Ele surgiu para tomar o lugar da Xuxa junto dos baixinhos! Ela que não se cuide não.</div><div style="text-align: justify;">Aquele cabelo dele nunca me enganou! ;P</div><img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdpa6Lf6k-vRoTwfHFLRnjlfXDUgbvY7FJ-j7vp-j4jF66qzNxNIsuL7fV8NAdxeKTrDbmD9KMD9BdMf1oPn6pTI3-KkS-aZbWJE4ls7DB8rx6nnUo6KCOQ7sJK2eHXQqzwZQIjNoFx2Q/s320/bx.jpg" style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 139px;" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5517646766440230658" />Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-2829079146184021352010-09-07T19:46:00.008-03:002010-09-07T21:25:54.567-03:00Eu te amo...<span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Ele segurou o rosto dela entre as mãos, olhou atentamente aqueles olhos castanhos, que ao encontrar os olhos dele, brilhavam com intensidade, brilhavam de uma maneira que nenhum outro olhar brilhou ao vê-lo. Pensou por um instante nas palavras que estavam na mente, respirou fundo e decidiu que era a hora de dize-las. Abriu a boca lentamente e quase como um sussurro disse:</span><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">- Eu te amo!</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">Houve ainda tempo de ver o brilho nos olhos dela aumentar e um breve sorriso aparecer em sua face pálida. E então, o momento foi quebrado com o barulho agudo do aparelho que media os batimentos cardíacos dela. Ou, que na verdade, anunciava a falta de batimentos. E, entre lágrimas, as próximas palavras dele foram:</span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;">- Enfermeira, ela está morrendo!</span></div><div><br /></div>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-833093885683032209.post-18774802712357368422010-07-27T16:49:00.003-03:002010-07-27T19:36:21.917-03:00<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Um celular começou tocar, a mulher sentada ao meu lado abriu a bolsa e começou a procurar o aparelho dentro dela, tirou então um pequeno telefone móvel e levou-o até a orelha. Atendeu normalmente, com uma expressão alegre. Aos poucos seu corpo foi ficando tenso, a expressão do rosto mudou de feliz e calma, para apavorada, preocupada, brava e raivosa, era um misto de expressões desagradáveis e a voz rouca. <o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Era possível, do meu assento, ouvir que do outro lado do aparelho uma voz despejava informações em uma velocidade assustadora, aparentemente uma voz feminina, que gritava e choramingava ao mesmo tempo. <o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">A mulher respirou fundo, fechou os olhos, respirou novamente e tornou a abri-los. E decidiu jogar o problema para outra pessoa.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">- Liga para o seu pai! – e a pessoa do outro lado continuou a despejar informações, reclamações e choros – Eu já disse, liga para o seu pai. Acabei de entrar no ônibus, to indo pra casa, liga para o seu pai que ele resolve – mas a voz insistia em querer que ela resolvesse – Tudo bem, então eu ligo para o seu pai e mando ele ligar aí. <o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Antes que continuasse o despejo de palavras, ela desligou seu celular. Começou a bater o pé apressadamente no assoalho do ônibus e movimentou os dedos rapidamente pelas teclas de seu aparelho, e então uma voz masculina surgiu do outro lado.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">- Álvaro liga em casa agora, é urgente, tem um problema lá. – e aparentemente o homem queria saber qual era o problema – eu to no ônibus Álvaro, liga lá agora. AGORA! É urgente! Liga lá.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Ela desligou novamente o seu aparelho e começou a tamborilar seus dedos da mão sobre ele enquanto agitava freneticamente o pé. Alguns minutos passados, ela começou a digitar outro número.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">- Depois a gente conversa Welington, chama a Daiane. </span></span></span><span lang="EN-US" style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Cadê a Daiane? Welington?<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">O pânico tomou conta de sua expressão, senti até pena dela, uma vontade de oferecer um ombro amigo, embora nem conhecesse a mulher. Na verdade, era mais curiosidade em saber o que se passava, do que pena.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">No decorrer do tempo que ela ainda permaneceu sentada ao meu lado, olhava o relógio várias e várias vezes e tentava fazer ligações, porém sem sucesso. Percebi que uma lágrima começou a querer escorrer de seus olhos, e ela enxugou-a com a manga da blusa antes que caísse pela face.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"> Desceu do ônibus alguns minutos depois, apressadamente, desesperadamente.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Passei o resto da noite com a imagem daquela mulher na cabeça e a curiosidade que me consumia.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">No dia seguinte abri o jornal, e uma notícia trágica estampava uma das páginas:<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">BRIGA ENTRE IRMÃOS ACABA EM MORTE<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">No corpo da matéria contava como o adolescente Welington havia matado a irmã Daiane com socos e pontapés depois de iniciarem uma briga em casa, enquanto seus pais, Marlene e Álvaro, trabalhavam.<o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="line-height:150%"><span style="line-height: 150%; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:arial;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Fechei o jornal. Preferia ter ficado com a curiosidade. </span></span><o:p></o:p></span></p><p></p>Mari Asbahrhttp://www.blogger.com/profile/03667316787089841677noreply@blogger.com1