quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Poeira

- Corre! Corre! Corre! Os hômi, os hômi! Vamo mano, corre!
Pernas apressadas corriam, pisavam fortemente na terra dura, pernas de todos os tamanhos, de várias cores, pés descalços que movimentavam a poeira. Pé ante pé, pé ante pé, rápidos, velozes!
No meio de tanta correria alguns tropeços, alguns tombos, pés passavam por cima daqueles que não tinham pernas para correr. Necessidade de sobrevivência!
- Mano cadê o Marquinhos?
- Não sei, se dane, corre cara, corre!
- O Marquinhos caiu! Levanta Marquinhos, corre mano, corre! Os hômi vai te pega!
Marquinhos não levantou, Marquinhos não correu, Marquinhos nem se quer ouviu.
Os pés passaram apressados. Passaram! Deixaram pra traz o silêncio. Somente o soprar do vento fazia barulho agora. A poeira levantada pelos pés apressados agora baixava, devagar bailava pelo ar até tocar o chão, e então fazer companhia silenciosamente ao silêncio eterno de Marquinhos.
Os hômi não chegaram. Os hômi não pegaram Marquinhos. Marquinhos virou poeira.

Um comentário:

  1. Tadinho do Marquinhos!!! Ótimo texto como sempre!

    Mari, da onde você tirou a ideia pra escrever esse texto?

    Beijo.

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