domingo, 13 de setembro de 2009

Um adeus

O dia estava frio e acinzentado, uma nevoa cobria todo o local e a pouca claridade provinha de fracos raios de sol que despontavam por trás das nuvens e refletiam nas lápides douradas. As lágrimas que escorriam pela face dele deixavam-o com mais frio ainda, porém era impossivel não chorar naquela hora.
Entre todas aquelas placas com nomes e fotos estranhas, com datas de nascimento e falescimento, ele procurava insessantemente o nome e a foto dela. Lutava contra a nevoa e contra os olhos inxados e a visão embaçada para conseguir ler todos os nomes, queria muito não encontrar, porque daí poderia ser uma mentira, apenas um sonho ruim que havia tido. E quando seus pensamentos vagavam, enquanto imaginava que não haveria morte, um raio iluminou uma lápide simples a sua frente e lá uma foto de uma linda menina sorrindo, sorriso e olhar puro que lembravam um anjo. O choro começou a aumentar, a dor sufocava-o de uma maneira horrivel, ela nunca mais estaria com ele. Então as lembranças vieram, parecia que fazia pouco tempo que estavam juntos, andando de mãos dadas por aí e distribuindo sorrisos, e a primeira lembrança foi a do dia que a conheceu.
"Ela caminhava destraidamente pelo shopping tomando sorvete e acabou esbarrando nele que saia de uma livraria, sujou a roupa dos dois e enrubesceu. Gaguejava sem parar tentando se desculpar pelo acidente, porém ele não estava preocupado, só conseguia sorrir vendo aquela linda menina toda atrapalhada para a sua frente. Quando ela decidiu se calar, percebendo que não conseguiria pronunciar a palavra completa, ele acalmou-a e disse que tudo estava bem, ele deveria ter prestado mais atenção enquanto saia da loja, e que não era legal deixa-la no prejuizo sem sorvete. Então a primeira conversa deles foi na sorveteria do shopping.
Josi era uma adolescesnte, tinha recem completado 17 anos, cursava o ensino médio, trabalhava na loja da tia, fazia um curso técnico e amava teatro, eram raras as horas disponiveis em sua agenda. Achava-se uma menina inferior quanto a aparencia fisica, não era magra, os sorriso metalico por causa do aparelho para corrigi-los, uma estatura baixa e os cabelos sempre rebeldes, diante de tudo isso tentava ser a melhor aluna, a melhor atriz do grupo e a melhor atendente, procurava um jeito de ser atratente sem ser pela beleza. Para ele, ela nao precisava fazer muito esforço, as poucas palavras e a aprensetação que ela fizera já o tinham encantado."
Quando essas memórias do shopping vieram nitidamente à cabeça, seus joelhos se prostraram diante do tumulo de Josi, ela parecia muito viva na mente dele. E outras memórias se seguiram, como a do primeiro beijo.
"Ele, apesar de seus 23 anos, era um rapaz timido e quieto, havia ficado com poucas meninas e nunca tinha namorado seriamente;
era inseguro em tudo o que fazia ou pensava em fazer, medos e mais medos o atormentavam. O bom era que a garota o completava, percebia que se dependesse dele ficariam apenas nas mensagens virtuais ou telefonemas e não se viriam mais, então tomou a atitude de convida-lo para um filme. Convite aceito!
No mesmo shopping, aparecia ela caminhando pelo corredor, um vestido florido soltinho e uma sandalinha simples, um sorriso enorme no rosto. O filme parecia não agradar muito a ela, muita ação, tiros e mortes, sangue, algo não muito romantico, só que nada importava mais do que o rapaz que estava ao seu lado. Depois de longos minutos ele passou um braço pelo ombro dela e acariciou-lhe o cabelo e recebeu em troca um beijo no rosto. Decidiu que não poderia perder o momento, tudo era propicio para ele ser feliz lá e com ela, e vencendo timidez e insegurança veio o momento tão esperado."
Olhou fixamente para a foto da lapide, parecia que a menina relembrava cada momento com ele, e que agora sorria ao lembrar das sensações daquele dia, no entanto sabia que era tudo uma ilusão sua, ela nunca mais iria sorrir para ele. A lembrança de todos os encontros que se sucederam após esse vieram a tona, lembrava os momentos detalhadamente, o perfume dela, o olhar, a risada, os gostos estranhos e a teimosia. As vezes tão mulher e as vezes uma criança pura. Lembrou os exatos 4 meses de momentos felizes do lado daquela que era muito mais que sua amiga, e que nunca soubera exatamente o sentimento enorme que ele tinha por ela.
Quando recebeu o telefone avisando o falecimento da menina era 2 horas da manhã, para os pais dela ele era apenas um bom amigo, nunca tinha se apresentado como mais do que isso. Porém os pais conheciam os sentimentos da filha e sabiam que era importante pra ela que ele fosse avisado. E naquela noite, antes de dormir, ele tinha pensado mil vezes em se abrir e deixar de lado os medos, em se entregar aos sentimentos maravilhosos que ela demonstrava, e o telefonema indicou que era tarde demais. Em frente ao tumulo ele não podia fazer mais nada, ela nunca saberia que havia sido uma garota especial na vida dele, ela nunca saberia que ele não a queria apenas como passa tempo, agora não restava mais nada a fazer.
Depositou o buque de rosas, o qual se arrependeu de nunca ter dado a ela em vida, e disse as pedras e ao ar frio as palavras que Josi mais quis ouvir da boca dele enquanto estava viva: "Você mudou a minha vida e sempre vai ser especial pra mim". E caminhou de volta à sua vida, que jamais seria a mesma.

2 comentários:

  1. Meninaa eu conheço essa historia!!

    o.O

    meoo...o melhor texxtooo!
    FATO*

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  2. O melhor texto e tbm conheço essa historia!!
    put's se tem ideia que na hora do bejo fiquei feliz junto ... na hora do buque no cemiterio quase choreiii ...
    huahuahuahua

    Ti amoo Marii
    e parabens !!

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