sábado, 29 de janeiro de 2011

Os opostos se repelem!

Durante um show de rock eu comecei a minha filosofia sobre essa história de opostos se atraírem.
Eu curtia rock. Pelo menos, eu fingia curtir, enquanto eu ainda seguia os gostos do meu irmão. Depois as coisas mudaram, eu criei autonomia, e comecei a gostar das coisas por mim e não por ele. Rock ficou pra trás. Nada mais de bandas berrantes, sons de guitarras elétricas e tudo o mais.
Não que eu odeie esse estilo de música, nada contra! E até aprecio algumas músicas assim. Porém, dou preferência pra outras coisas, como por exemplo, um samba ou pagode.
O que eu fazia em um show de rock? Fazia companhia a uma pessoa. Eu não fui pelo som, pelo estilo, pela banda. Fui por amor a quem estava comigo.
Mas quantas pessoas fazem o que não gostam por amor ao outro? Acredito que não são muitas, eu, pelo menos, vejo que não dei essa sorte.
Todos os shows da banda que eu gosto, eu vou desacompanhada, eu nunca vou dançar com aquela pessoa com quem eu deveria estar dançando, eu nunca vou poder cantar no ouvido daquela pessoa trechos de músicas que eu gosto e que eu acho que se encaixa na nossa história. Eu nunca vou poder fazer isso porque temos gostos opostos!
Imagina você, compra um ingresso pra assistir a um espetáculo de balé, porém vai sozinha, seu namorado prefere street dance e não cogita a ideia de te acompanhar. Você senta cercada por casais, a música romântica te contagia, você se emociona com os passos, os voos, a leveza, e todo o envolvimento da dança. Você não tem ninguém ao seu lado com quem dividir isso!
Planeja uma viagem dos seus sonhos, uma praia, muita areia, sol, água salgada. Mas quem está com você prefere a neve, e não arreda o pé! Você viaja sozinha, aproveita tudo sozinha. Ou, fica na sua casa sonhando com a viagem.
No domingo, calor, você quer ir tomar um sorvete, dar uma volta, já que não suporta futebol. Porém, ele fica jogado no sofá, gritando horrores, suando, e você aguentando tudo!
Eu me pergunto, como sobrevive um relacionamento onde as pessoas não tem nada em comum? Se ambas abrirem mão as vezes, pode até funcionar. Mas e quando só um lado abre mão? Ou quando nenhum dos dois arreda o pé?
E então, cada um vai pro seu canto, com a sua tribo, faz o que curte, e depois, se vê, da alguns beijinhos, trocam umas palavras. Não dividem uma vida, não fazem parte da vida um do outro.
Como pode falar que opostos se atraem? Qual a graça de ouvir um NÃO pra tudo que você diz SIM ou vice e versa?
Por isso, no meio de sons e berros estridentes, eu tive a total certeza que os opostos só se atraem em química e física. No amor, os opostos se repelem!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Correria

Os pés se movimentavam rapidamente, as pernas esforçavam-se. Ela corria na mais alta velocidade que conseguia.
Enquanto corria pelas ruas, os pés pisavam em poças d'água que a chuva da tarde formara, e molhava seus sapatos e suas meias, porém, correr era mais importante que tudo.
No ritmo dos pés ia também o coração, cada vez mais acelerado. Parecia que ele queria saltar do peito, que dava murros pelo lado de dentro. Os pulmões também sentiam a velocidade, sentiam a falta do ar, que entrava com dificuldade pela boca aberta, que puxava todo ar que podia, já que o nariz não dava mais conta dessa tarefa.
A cada minuto de corrida olhava pra trás, precisava garantir que daria certo. E fazia a coordenação de movimentar rapidamente as pernas e mover a cabeça.
Chegou em um ponto de ônibus, para sua alegria tinha uma pessoa lá, uma velhinha que fazia um bordado. As pernas se acalmaram, e começaram a andar calmamente, o coração foi voltando ao ritmo normal e os pulmões agradeceram pelo ar que entrou fartamente pelas narinas. Ela se aproximou mais da senhora, e disse:
- O ônibus pra São Paulo já passou?
A velhinha sorriu, e disse que não.
Ufa, pensou ela, a correria não tinha sido em vão, ela conseguiria ver os pais naquele natal.