quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Poeira

- Corre! Corre! Corre! Os hômi, os hômi! Vamo mano, corre!
Pernas apressadas corriam, pisavam fortemente na terra dura, pernas de todos os tamanhos, de várias cores, pés descalços que movimentavam a poeira. Pé ante pé, pé ante pé, rápidos, velozes!
No meio de tanta correria alguns tropeços, alguns tombos, pés passavam por cima daqueles que não tinham pernas para correr. Necessidade de sobrevivência!
- Mano cadê o Marquinhos?
- Não sei, se dane, corre cara, corre!
- O Marquinhos caiu! Levanta Marquinhos, corre mano, corre! Os hômi vai te pega!
Marquinhos não levantou, Marquinhos não correu, Marquinhos nem se quer ouviu.
Os pés passaram apressados. Passaram! Deixaram pra traz o silêncio. Somente o soprar do vento fazia barulho agora. A poeira levantada pelos pés apressados agora baixava, devagar bailava pelo ar até tocar o chão, e então fazer companhia silenciosamente ao silêncio eterno de Marquinhos.
Os hômi não chegaram. Os hômi não pegaram Marquinhos. Marquinhos virou poeira.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Bieber no lugar da Xuxa


Enquanto eu esperava (im)pacientemente o médico, uma avó tentava cuidar de suas duas netas, uma de aproximadamente um ano e a outra um pouco mais velha. A mais velha era um encanto de menina, loirinha de olhos azuis, falava muito e até bem pra sua idade. E dentre as tentativas de fazer as meninas ficarem quietas, a avó propôs dela cantar, e então a garotinha soltou a voz:
- Baby, baby, baby uuuuuh!
Segurei para não rir, ela cantava Justin Bieber com a voz quase idêntica a dele.
Como eu desconfiava! Ele surgiu para tomar o lugar da Xuxa junto dos baixinhos! Ela que não se cuide não.
Aquele cabelo dele nunca me enganou! ;P

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Eu te amo...

Ele segurou o rosto dela entre as mãos, olhou atentamente aqueles olhos castanhos, que ao encontrar os olhos dele, brilhavam com intensidade, brilhavam de uma maneira que nenhum outro olhar brilhou ao vê-lo. Pensou por um instante nas palavras que estavam na mente, respirou fundo e decidiu que era a hora de dize-las. Abriu a boca lentamente e quase como um sussurro disse:
- Eu te amo!
Houve ainda tempo de ver o brilho nos olhos dela aumentar e um breve sorriso aparecer em sua face pálida. E então, o momento foi quebrado com o barulho agudo do aparelho que media os batimentos cardíacos dela. Ou, que na verdade, anunciava a falta de batimentos. E, entre lágrimas, as próximas palavras dele foram:
- Enfermeira, ela está morrendo!