sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

E o futuro já começou!


Sempre ouvi dizer que ano de vestibular era um ano que o aluno deveria se dedicar mais ainda aos estudos. Um ano sem baladas, sem passar noites acordadas, revisando pelo menos 1 hora por dia as matérias aprendidas na escola, e acima de tudo, aluno de escola pública dificilmente passa de primeira em uma universidade estadual ou federal.
Eu já quis ser muitas coisas nessa vida, bióloga, oceanógrafa, veterinária, jornalista e enfim a decisão: Professora de Português.
Tive ótimos exemplos em sala de aula, as professoras de português que tive eram mulheres, professoras e amigas sensacionais. Aprendi a gostar da disciplina. Aprendi a AMAR Machado de Assis. Me encantei cada vez mais com a escrita, com o poder de expressar minhas ideias, pensamentos, opiniões e sentimentos!
Algo que era costume meu, era jogar na cara dos meus pais que eles nunca me pagaram uma escola boa igual fizeram com o meu irmão, que eles tinham prometido isso. Achava que uma escola particular tornaria-me capaz de passar em grandes vestibulares. Porém agora percebo que não era necessário uma escola particular, pois o aluno faz a escola, e eu sempre tive o apoio dos meus pais em meus estudos.
Preocupava-me muito com vestibulares, faculdades, universidades, carreira profissional. Costumo dizer que primeiro eu quero valorizar o meu futuro no profissional, depois penso em casamento, formar família e tudo o mais. Só que parecia tão distante a realidade da faculdade.
E ano passado já era o ultimo ano do ensino médio! Final do ano começaria a maratona de vestibulares!
Fiz alguns particulares, como treino já que não teria dinheiro para pagar a mensalidade, e também prestei UNESP e UNICAMP, porém com pouca esperança, afinal eu tinha saido de uma escola publica, sem cursinho pré-vestibular, fui para as baladas, passei noites em claro curtindo com os amigos, não pegava os cadernos em casa a não ser para realizar as tarefas de casa ou nas vésperas de prova. Confiei apenas no que eu havia aprendido.
Essa confiança surpreendeu-me, e eu fui aprovada na primeira fase tanto da UNESP quanto da UNICAMP. Realizei a segunda fase, provas complexas, difíceis, alguns conteúdos que eu nunca aprendi.
Passei mais de um mês em um nervoso imenso para saber os resultados, ansiosa e com medo de não ser aprovada, e com pensamentos pessimistas de que realmente não seria.
Essa semana foi a mais dificil, dia 29 (Hoje) parecia que não queria chegar. E ele chegou! Acordei cedo, o estômago doia por causa do nervosismo e nem consegui me alimentar, liguei o computador, conversava com um amigo enquanto atualizava minuto por minuto a página, embora soubesse que o resultado sairia somente as 10h.
E então as 10h eu entro no site, vou para a lista de matrícula, e encontro o meu nome entre os 70 aprovados para cursar Letras na UNESP de Assis!
Era um sonho! Não podia ser real! Eu era estudante de escola pública, eu não fiz cursinho, eu fui para a balada, e meu nome estava lá, aprovada em 22º lugar!
O coração acelerou, as mãos tremiam e estavam geladas, os olhos encheram de lágrimas e veio uma vontade enorme de gritar! Não havia ninguém em casa para ouvir meu grito, para me abraçar, para chorar e sorrir comigo. Um sentimento único tomou conta de mim, um misto de alegria, prazer, satisfação, orgulho, medo, euforia!
Comuniquei os amigos, os familiares, gritei muito alto quando ouvi minha mãe chegando. Queria gritar pra todo mundo que eu estava feliz e que eu consegui. E por isso esse post, porque eu estou muito feliz e consegui.
Claro, não consegui sozinha! Meus amigos, meus professores, meus pais, meu irmão, minha família toda tem uma parte nisso, meu muito obrigada a todos esses, porque sem eles eu não estaria abrindo esse sorriso enorme hoje!
E o futuro que parecia algo tão distante, tão incerto, já começou, e um ótimo começo!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

PARABÉNS Rodnei ^^





PARABÉNS pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida! É pique, é pique.... [etcetera rs]!

Ah dia de comemorar mais um ano de vida! Ou seria menos um ano de vida?! [rsrs]
É melhor parar essa filosofia por aqui, ele já se acha o cara super pré-histórico, se começar a pensar assim então!

Mas aniversário é um dia pra gente comemorar mais um ano que foi vivido e aproveitado das maneiras possíveis. E também de grandes expectativas e desejos para esse novo ano da vida que se inicia. Muitas vezes a idade não muda ou influência muita coisa, outras vezes sim.

Hoje eu quero te desejar um FELIZ ANIVERSÁRIO, muitas felicidades, muitos anos de vida! Saúde e sucesso.
A felicidade, porque eu adoro ver as pessoas que me fazem bem felizes, assim eu também fico feliz. E você me faz muito bem!
Os muitos anos de vida e a saúde para eu poder ter você por perto por muito tempo ainda, claro, se você tambem tiver paciência.

Não é muito grande o tempo de conhecimento e de convivencia, mas você sabe muito bem que eu sou grata por tudo o que a gente ja passou e passa juntos, por cada minuto de conversa, por cada filme no cinema, por cada risada dada, por cada teimosia, por cada abraço!
Você é realmente um rapaz especial, na forma de agir, de tratar as pessoas, de ajudar, de se preocupar.
E é por isso, e por tudo mais, que eu desejo sempre TUDO DE MELHOR... Não apenas hoje, que é o seu dia, e sim em todos os dias que virão na sua vida, em todos os anos que você completar.

Eu te adoro Rodnei!
E FELIZ ANIVERSÁRIO! =D

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Finais Infelizes III - Branca de Neve e os sete anões

Em um reino muito distante a rainha estava grávida, era a primeira filha do casal e a felicidade era imensa. Nasceu então a princesa, a pele branca como a neve e os cabelos negros, deram-na o nome de Branca de Neve. Mas a pobre rainha sofreu muito no parto, e após ver o rosto da pequena princesinha, faleceu.

A felicidade tornou-se tristeza e o rei via na filha a causa da morte da amada esposa, então não conseguia ficar muito tempo perto da criança, que recebia cuidado e carinho dos empregados do palácio.

Após um ano da morte da esposa, o rei casou-se com uma bela mulher. Está, porém, era muito vaidosa e invejosa, queria ser sempre a mais bela de todo o mundo, e para garantir que assim seria ela tinha um espelho, que havia ganhado de um feiticeiro, e todo dia perguntava:

- Espelho, espelho meu, há mulher mais bela no mundo do que eu?

E o espelho respondia:

- Em todo mundo não há beleza maior que a sua minha rainha.

E assim o tempo foi passando. Branca de Neve crescia e tornava-se uma linda moça, até que um dia a rainha, após fazer sua pergunta costumeira ao espelho, ouviu a seguinte resposta:

- A sua enteada, a Branca de Neve, agora é a mais bela.

A raiva da rainha tornou-se enorme, aquela menina não poderia ser mais bela que ela. Chamou então um guarda:

- Eu ordeno que leve Branca de Neve para a floresta e mate-a! E para eu ter certeza que o serviço foi feito, eu quero o coração dela aqui, aqui nesta caixinha.

O guarda pegou a caixinha e chamou a princesa para um passeio. Quando chegaram no meio da floresta ele teve dó de matar a inocente moça, que sempre tratou muito bem a todos no palácio.

- Vá Branca de Neve. A sua madrasta me pediu para mata-la e levar seu coração, mas eu não posso fazer isso. Corra, vá pela floresta e procure um lugar seguro, eu vou levar o coração de outro animal no lugar.

Branca de Neve correu floresta a dentro por horas e horas, as roupas já estavam rasgadas e os pés descalços, as pernas doíam e não tinha mais fôlego. Parou para descansar um pouco e então os animais a cercaram, sem ameaça-la, e ela começou a contar sua história para eles. Até que eles foram abrindo caminho na mata, para que ele pudesse ver uma pequena casinha em uma clareira adiante.

A princesa recuperou as forças, levantou e caminhou. Bateu na porta e ninguém foi atende-la. Forçou a maçaneta, viu que estava aberta e decidiu entrar. Lá dentro tudo era ainda menor. Uma mesa bem pequena, com sete pratinhos, sete copinhos e sete garfinhos. Subiu ao andar de cima e encontrou sete caminhas, todas arrumadas com belos cobertores e com os nomes escritos, os quais Branca de Neve leu e achou muito engraçados:

- Dunga, Feliz, Atchim, Mestre, Dengoso, Zangado e Soneca. Ah mas cada nome engraçadinho! Acho que não se importarão de eu dormir um pouco na caminha deles.

Só que a fome não a deixava dormir, o que a fez descer as escadas e abrir os armários, onde encontrou deliciosos biscoitos. Comeu todos, e depois subiu novamente ao quarto e deitou em uma das camas.

Os moradores daquela casinha eram sete anões que trabalhavam em uma mina de diamante dentro da montanha e chegaram um pouco tarde em casa. Viram a porta do armário aberta, o vidro de biscoitos vazio, deduziram que haviam sido saqueados. Um deles, Zangado, subiu rapidamente ao quarto para ver como estavam as coisas por lá, e se deparou com Branca de Neve em sua cama.

- Mas o que que é isso? Você come os nossos biscoitos, deixa a casa desarrumada e ainda dorme na minha cama?! Eu ordeno que levante agora e saia daqui sua invasora.

Ao ouvirem os gritos de Zangado os outros anões também subiram e depararam com Branca de Neve totalmente apavorada com o a braveza do pequeno homem.

- Calma Zangado, talvez a moça possa explicar.

- Não Mestre, não tem explicação para ir invadindo a casa dos outros assim, e comer toda a comida.

Branca de Neve pediu desculpas e começou a contar sua história, para tentar se explicar com os anões. Mas Zangado de afastou de todos e ouvia a história de trás da porta. Assim que ela contou tudo os anõezinhos concordaram em deixa-la lá, desde que ela deixasse a casa arrumada e cozinhasse para eles. Só que Zangado não gostou muito da idéia e decidiu ir até o castelo onde a princesa morava para contar tudo à rainha.

No outro dia todos sentiram falta dele, só que acharam que por raiva da moça ele deveria ter passado a noite na floresta.

Então ele chegou ao castelo, após uma noite de caminhada e pediu para falar com a rainha.

- O que você, um homem deste tamanho, tem de tão importante para tratar comigo?

- A sua enteada está na minha casa! Comeu os meus biscoitos e deitou na minha cama sem pedir permissões. Quero que faça algo.

- Impossível! Branca de Neve está morta, o meu guarda matou-a! Veja – e a madrasta pegou a caixinha com o coração – aqui está o coração dela.

Zangado soltou uma gargalhada:

- Ora minha rainha, isso é um coração de um pobre veado. O seu guarda enganou-a.

A madrasta não queria acreditar naquele pequeno homem, e decidiu fazer a pergunta ao espelho:

- Espelho, espelho meu, há mulher mais bela no mundo do que eu?

- A sua enteada Branca de Neve, que agora está em uma casinha na floresta, é a mais bela.

A madrasta teve um ataque de fúria e mandou que matassem o guarda. E depois disse ao anão:

- Eu vou me vestir de mercadora e você me leva até sua casa, que vou acabar com Branca de Neve.

Zangado guiou-a pela floresta até a casa, e foi para a mina trabalhar.

A madrasta muito bem disfarçada bateu a porta, e Branca de Neve, ingênua, abriu. A mulher vendia gargantilhas muito bonitas, e a princesa se encantou por uma que parecia a que sua mãe havia lhe deixado, e decidiu ficar com ela. A madrasta ofereceu ajuda para que ela colocasse o acessório, e apertou com tanta força que Branca de Neve não conseguia respirar, e caiu ao chão. Vitoriosa a mulher voltou ao castelo, certa de que havia vencido.

Passado algum tempo os anões voltaram do trabalho e acharam Branca de Neve caída ao chão. Mestre percebeu que a gargantilha estava muito apertada e resolveu tirar do pescoço dela, que na hora voltou a respirar.

Zangado novamente passou a noite correndo pela floresta até o castelo da madrasta.

- Minha rainha, os outros anões tiraram a gargantilha dela e ela voltou a vida. Precisa de outro plano.

Ela respondeu que já tinha outro plano, só que precisaria se livrar dos anões.

- Não minha rainha, os meus irmãos não tem culpa disso, deixe-os com vida – implorou Zangado.

Ela deu um sorriso falso e disse que os anões ficariam bem. Falou para Zangado voltar ao trabalho que ela já sabia o caminho da casa.

Envenenou uma bela maçã, vestiu-se de camponesa, com roupas muito sujas e rasgadas, os cabelos totalmente bagunçados, e faltando alguns dentes na boca. Assim a princesa nunca a reconheceria.

Passou pela frente da casa e Branca de Neve estava apoiada na janela, cantando com os pássaros. A madrasta de um sorriso simples e deixou a maçã no beiral da janela. A moça, encantada com a simplicidade daquela camponesa e com a beleza da maçã deu uma bela mordida, e caiu no chão, morta.

Para não correr o risco dos anões salvarem sua enteada, a madrasta fez com que seus guardas causassem a queda de algumas rochas nas entradas das minas de diamantes, impedindo a passagem deles para que voltassem à casa, e matando-os sufocados.

Assim a rainha continuou a ser a mulher mais bela do mundo, e nunca ninguém soube como havia morrido Branca de Neve e os sete anões mineradores.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A CABANA - William P. Young

Existe aquela semana ou aquele dia que você não está bem. Sente-se esgotado mentalmente, cansaço físico, desanimo. Vê que algumas lutas do dia-a-dia tornaram-se inúteis, que sonhos começam a desmoronar como castelos de areia com o vento. E com isso você se entrega, quer passar o dia todo na cama, não quer conversa, não tem fome, não tem expectativas. Assim eu me sentia quando entregaram em minhas mãos o livro A CABANA, de William P. Young.
Muitas pessoas comentavam sobre o livro, eu já havia lido muitas resenhas e recomendações dele, e então decidi ler nesse tempo que estava em reclusão, que eu só queria saber do meu mundo e dos meus problemas e sentimentos.
Depois que acaba a história, há uma página intitulada PROJETO MISSY. Trata-se de um texto onde leitores pedem que cada pessoa que ler o livro divulgue-o. Comente com um amigo, escreva algo no BLOG ou no e-mail, empreste para alguém, presenteie com o livro. E aqui estou eu fazendo a minha parte, já que realmente me interessei pela história.
No começo trata-se de um romance normal:
"Durante uma viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack Allen Philips é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa velha cabana.
Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar à cabana onde aconteceu a tragédia.
Apesar de desconfiado, ele vai ao local numa tarde de inverno e adentra passo a passo o cenário de seu mais terrivel pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre.
Em um mundo cruel e injusto, A Cabana levanta um questionamento atemporal: se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar o nosso sofrimento?" (Conteúdo presente na capa do livro)
E a partir deste questionamento que eu começo a falar as minhas impressões do livro.
Religião é algo que eu nunca gostei muito de discutir, porque preso muita a liberdade de qualquer pessoa, então cada um tem sua crença. E eu não faço idéia de como o autor criou todo o "universo divino" deste livro, porém se Deus, Jesus e o Espirito Santo assim fossem, eles seriam bem melhores do que aquilo que as religiões pregam.
A começar por Deus em sua forma humana. Incrivelmente eu, e um grande numero de pessoas, imaginamos que Deus, em forma humana, seria um senhor velho, de cabelos e barbas grande e grisalho. E William coloca Deus na história na forma de uma mulher negra. Jesus também não é um homem dotado de tamanha beleza fisica igual as imagens e fotos que divulgam dele.
E depois, aprende-se que Deus castiga, faz justiça. Que a justiça divina é melhor do que todas!
Se Deus realmente é o criador, aquele que ama a todos, que quer o amor entre os seus filhos, que deu Jesus pela humanidade, seria ele então responsavel por catastrofes e acontecimentos ruins como vingança por pecados? Ele mataria alguém para fazer justiça? Ele deixaria cego, invalido ou algo do tipo?
O livro todo Deus, Jesus e Sarayu (Espirito Santo) falam de relacionamento, que é o que eles verdadeiramente esperam dos humanos. Um relacionamento de amor, de fraternidade, sem hierarquias, sem poderosos. E em um trecho Mack é obrigado a falar qual dos filhos ele mais ama, qual ele escolheria, e então percebe que ele amava os 5 filhos de forma diferente, porém com a mesma intensidade, era impossível escolher apenas um ou dois, era impossível condenar seus filhos mesmo quando eles erravam e deixavam-no com raiva. Assim também é com Deus, já que é pai de toda a humanidade.
Outro tópico muito bom do livro é Jesus não gostar de religiões, afinal elas são uma espécie de hierarquia, alguns mandam mais que outros, e certas vezes as leis dos homens predomina mais do que a própria lei de Deus.
Eu poderia escrever muito mais sobre o livro, já que ele fala dos medos, dos julgamentos que fazemos, do poder dos homens um sobre os outros, da falta de amor, e assim por diante, assuntos para muita reflexão.
Realmente eu penso: será que tudo o que me ensinaram e ensinam na igreja é o que realmente é o meu Deus? Com tantas controvérsias desse jeito, eu acredito no Deus bom ou no Deus da vingança? Eu sigo as leis de Deus ou as leis que Papas, padres e tudo mais criaram nas religiões?
Prefiro acreditar no Deus da forma que eu penso que ele seja, não referente a forma fisica, mas referente ao amor de Pai.


Quem puder leia o livro, reflexões e pensamentos são bons, fazem-nos crescer mentalmente, e é disso que muitos seres humanos precisam!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Longe do Meu Lado - Legião Urbana





Se a paixão fosse realmente um bálsamo
O mundo não pareceria tão equivocado
Te dou carinho, respeito e um afago
Mas entenda, eu não estou apaixonado
A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
E agora carrego em mim
Uma dor triste, um coração cicatrizado
E olha que tentei o meu caminho
Mas tudo agora é coisa do passado
Quero respeito e sempre ter alguém
Que me entenda e sempre fique a meu lado
Mas não, não quero estar apaixonado
A paixão quer sangue e corações arruinados
E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago
E essa escravidão e essa dor não quero mais
Quando acreditei que tudo era um fato consumado
Veio a foice e jogou-te longe
Longe do meu lado
Não estou mais pronto para lágrimas
Podemos ficar juntos e vivermos o futuro, não o passado
Veja o nosso mundo
Eu também sei que dizem
Que não existe amor errado
Mas entenda, não quero estar apaixonado

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Tragédia na virada de ano

As pessoas, em sua maioria, vestiam roupas brancas, os pés descalços na areia e levavam em suas mãos garrafas ou taças para brindar o novo ano. No céu os fogos iluminavam tudo, hora todos coloridos e belos, hora apenas fazendo barulho. As crianças corriam até a água, molhavam os pés, jogavam água umas nas outras e os pais apenas observavam a brincadeira, tudo era válido naquele dia, o ultimo dia do ano.
Ele caminhava na beirada do mar, sentindo a água fria cobrir os seus pés descalços, mas não descalços porque assim ele queria, e sim porque não tinha nada para calçar. A camiseta antes era branca, agora já se encontrava rasgada e suja, a bermuda também no mesmo estado. Admirava toda aquela festa e aquela alegria, sorria pela felicidade que estava a sua volta e não pela sua própria, porque não tinha ele motivos para ser feliz. Era apenas mais um ano difícil que encerrava-se, e outro igual, ou pior, que iria começar.
Pablo tinha 6 anos quando seus pais decidiram tentar a vida no litoral, como vendedores ambulantes, porém não deram muita sorte. O pai de Pablo era alcoólatra e no segundo ano que estavam lá arrumou confusão em um bar e foi morto a facadas. A mãe, desde então, começou a prostituir-se para sustentar o garoto e suas duas irmãs, e após alguns meses começou a enfraquecer, perdia peso muito rápido, estava com o vírus HIV, e exatamente um ano e dois meses após a morte do pai, Pablo perdeu a mãe.
As três crianças passaram a viver na rua, mendigavam, cuidavam de carros para ganhar alguns trocados, e ano após ano a realidade delas não mudava. As vezes eram tentados a cometer furtos, a entrar no mundo do crime, mas não era isso que eles queriam.
Em uma noite que comemoravam a virada de ano na areia da praia, quando Pablo já tinha 12 anos, a sua irmã mais nova, Pamela, com apenas 8 anos, foi atingida por fogos de artificio e perdeu a visão do olho esquerdo e na mesma noite, a irmã mais velha, Poliana, desapareceu.
Ele acreditava que nesse ano que iria começar não teria como ser pior, tudo de ruim que seria possivel acontecer, havia acontecido em anos anteriores. Sentou-se em uma pedra para observar toda a festança, as familias unidas, os sorrisos, a esperança no olhar de cada pessoa, as promessas, os objetivos.
De repente a multidão começou a mexer-se rapidamente, as pessoas gritavam, corriam, e o barulho dos fogos misturava-se a barulho de tiros. Pablo correu, mas não no sentido que a multidão corria, e sim na direção do barulho. Viu uma garotinha caindo no chão e chorando e ninguém parava para ajuda-la, ele lembrou de Pamela e foi socorrer a menina. Levantou-a do chão e então sentiu algo atingindo suas costas, perdeu o ar momentaneamente e tudo pareceu girar, a garota colocou as mãos sobre o seu rosto:
- Garotinho, você está bem?
Ele levou a mão as costas e sentiu o sangue escorrendo, e para não assustar a criança deu um sorriso forçado e disse
- Corra, eu preciso ajudar outras pessoas também.
Ela deu-lhe um beijo na testa, agradeceu e saiu correndo pela areia a procura dos pais, enquanto Pablo conseguiu dar apenas mais dois passos e caiu morto na areia.
Ele tinha razão, o novo ano não iria ser pior, porque ele nem chegou a vivencia-lo.